O que é e para que serve

Inteligência Emocional

Atualizado: 
17/12/2019 - 12:06
Há já várias décadas que a investigação e a prática das organizações vem mostrando evidências de que os conhecimentos técnicos, uma sólida base financeira e uma tecnologia avançada não são só por si garantia de sucesso das organizações, acrescentando-se à fórmula do sucesso uma outra variável: a Inteligência Emocional.

A diversidade de definições, a profusão e pluralidade de modelos bem como a comercialização e excessiva popularização do conceito de Inteligência Emocional têm, muitas vezes, constituído um obstáculo à implementação de programas de desenvolvimento da Inteligência Emocional nas organizações. Em simultâneo, é amplamente reconhecido, na prática da gestão de Recursos Humanos, que aspetos como: a iniciativa, a empatia, a capacidade para trabalhar em equipa, ou a flexibilidade são elementos chave no Curriculum de qualquer profissional.

Genericamente e consensualmente, para vários autores, Inteligência Emocional define-se, de forma simples, como: “a capacidade para reconhecer e regular emoções, no próprio e nos outros”.

A extensa investigação na área mostra que muito do processo de mudança nas organizações passa pelo desenvolvimento da Inteligência Emocional das pessoas. Gestores e Líderes com elevados níveis de Inteligência Emocional comunicam melhor, têm níveis mais elevados de sensibilidade e empatia, são avaliados como mais eficazes pelos seus colaboradores e têm avaliações de desempenho mais elevadas. Também as equipas com elevada Inteligência Emocional são equipas mais coesas, atingem melhores performances mais rapidamente, estão mais satisfeitas com a qualidade da comunicação e recebem mais suporte social dos seus membros. Tais factos não serão surpreendentes se considerarmos que a forma como as pessoas regulam as emoções afeta as relações com os outros bem como os seus níveis de bem-estar e stress. As pessoas diferem na sua capacidade de lidar com as suas emoções sendo que algumas utilizam estratégias mais adequadas do que outras.

Poderemos compreender melhor a dimensão da Inteligência Emocional se a considerarmos como uma macro competência que engloba vários grupos de competências, inter-relacionadas e envolvidas no processamento da informação emocional: Percecionar as Emoções; Utilizar as Emoções para Facilitar o Pensamento; Compreender as Emoções e Regular as Próprias Emoções e as dos Outros. Estas competências são determinantes para as interações sociais.

A primeira dimensão da inteligência emocional - Percecionar as Emoções, define-se como a capacidade de detetar e decifrar emoções nos rostos, imagens, vozes e artefactos culturais. Inclui também a capacidade de identificar as próprias emoções. Percecionar emoções pode representar o aspeto mais básico da Inteligência Emocional, pois está na base de todo o outro processamento emocional.

A segunda dimensão da Inteligência Emocional - Utilizar as Emoções para Facilitar o Pensamento, é a capacidade de aproveitar emoções para facilitar vários aspetos cognitivos tais como pensar e resolver problemas. Por exemplo, imagine que precisa concluir uma tarefa difícil e aborrecida, que exige raciocínio dedutivo e atenção aos detalhes, num curto espaço de tempo, seria melhor, estar de bom humor ou de mau humor? Estar com um humor levemente triste ajuda as pessoas a conduzir cuidadosa e metodicamente trabalhos. Por outro lado, um clima feliz pode estimular criatividade e inovação de pensamento. A pessoa emocionalmente inteligente pode utilizar, em seu proveito, o humor para a tarefa que tem para resolver.

A terceira dimensão da Inteligência Emocional - Compreender as Emoções, é a capacidade de compreender a linguagem emocional e avaliar relacionamentos complicados entre emoções. Por exemplo, compreender emoções implica a capacidade de ser sensível a pequenas variações entre emoções, como a diferença entre feliz e eufórico. Além disso, inclui a capacidade de reconhecer e descrever como as emoções evoluem com o tempo.

A quarta dimensão da Inteligência Emocional - Regular as Próprias Emoções e as dos Outros, consiste na capacidade de regular emoções em nós mesmos e nos outros. Todos nós já experienciámos situações em que perdemos o controlo das nossas emoções, e o resultado, como sabemos, pode ser desastroso. Esta quarta dimensão da Inteligência Emocional também inclui a capacidade de gerir as emoções dos outros. A pessoa emocionalmente inteligente pode aproveitar emoções, mesmo as negativas, e controlá-las para alcançar os objetivos pretendidos.

Todo este trabalho com as emoções pode ser feito com resultados muitos positivos, ou dito de outra forma, poderemos "aprender a ser emocionalmente mais inteligentes," mas tal não é, certamente, tarefa fácil! Requer intencionalidade, persistência, tomada de consciência permanente, muito tempo (talvez toda a vida) mas, é possível!

Prof.ª Doutora Leonor Almeida
Coordenadora da Formação Avançada em Inteligência Emocional da Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada, da Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Católica Portuguesa

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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