Opinião

Inovação no tratamento do cancro renal motiva tendência crescente da qualidade de vida e sobrevivência dos doentes

Atualizado: 
28/02/2024 - 14:11
A maioria dos tumores malignos do rim denomina-se Carcinoma de Células Renais (CCR) e representa 3% de todos os cancros – sendo o 12º cancro mais prevalente no mundo. O CCR tem um pico de incidência entre os 60-70 anos e afeta predominantemente o sexo masculino. Os factores de risco normalmente apontados para o desenvolvimento desta patologia são o tabagismo, a obesidade e a hipertensão arterial.

Hoje em dia, a grande maioria dos doentes diagnosticados com carcinoma de células renais estão em estado precoce e assintomático. Este diagnóstico é feito aquando da realização de exames (como TAC, ecografia abdominal ou RM) para estudo de outras doenças e onde se encontra, de forma incidental, uma massa renal. Nos casos de doença mais avançada, os doentes podem apresentar-se, por exemplo, com dor num dos flancos, uma massa palpável no abdómen e sangue na urina.

O exame mais importante para caracterizar uma massa renal é a Tomografia Computorizada (TC) com contraste intravenoso, embora a ecografia renal simples ou com contraste e a ressonância magnética sejam também outros exames de imagem úteis na sua caracterização. A identificação de uma massa renal não é sinónimo de cancro do rim. Existem diferentes tipos de massas renais - as massas sólidas, que são maioritariamente malignas, e as massas quísticas simples, processos benignos, também apelidados de quistos renais.

Perante um CCR localizado, existem quatro opções terapêuticas possíveis para o tratamento da doença: nefrectomia radical, nefrectomia parcial, termoablação ou vigilância ativa. As opções cirúrgicas (nefrectomia parcial e radical) são aquelas que apresentam maior eficácia no controlo da neoplasia. A nefrectomia parcial difere da radical por remover apenas o tumor e uma pequena quantidade de tecido saudável adjacente, preservando ao máximo o restante parênquima renal e, consequentemente, a função renal. Estas intervenções cirúrgicas são geralmente realizadas através de técnicas minimamente invasivas (laparoscopia clássica ou assistida por robot). A termoablação (crioterapia ou ablação por radiofrequência), por sua vez, consiste na aplicação de temperaturas extremas com o intuito de destruir as células tumorais – um procedimento menos invasivo, reservado para doentes em que a cirurgia represente um elevado risco (por exemplo doentes com múltiplas comorbilidades ou com múltiplos tumores no rim). Por último, a vigilância ativa é uma estratégia experimental que se pode aplicar aos tumores renais mais pequenos, que consiste na observação do crescimento do tumor num determinado período de tempo, antes de o tratar. 

Por oposição, o CCR com metastização à distância implica terapêutica sistémica, nomeadamente, terapêuticas dirigidas com inibidores da tirosina-cinases ou imunoterapia, sendo que estas duas classes de fármacos podem ser utilizadas isoladamente ou em associação. Para os doentes com metástases a cirurgia de exérese do tumor primário (nefrectomia citoredutora) ou das metástases deve ser reservada para doentes com excelente estado geral, muito bom prognóstico e baixa carga metastática. O crescente conhecimento científico, o desenvolvimento técnico e as inovadoras armas terapêuticas no tratamento do cancro renal têm motivado uma tendência crescente da qualidade de vida e sobrevivência dos doentes.

Autores: 
Vasco Quaresma - Interno de Urologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Lorenzo Marconi - Assistente Hospitalar de Urologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra / Hospital da Luz - Coimbra

Nota: 
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