Infeção afeta homens e mulheres

Infeção por Papilomavírus Humano (HPV)

Atualizado: 
21/02/2024 - 05:57
“A infeção por HPV é um evento natural da vida de qualquer pessoa sexualmente ativa, tenha ela um ou mais parceiros, homens ou mulheres. Vai acontecer”, explica a ginecologista Paula Ambrósio. Assintomática, a infeção por HPV é a infeção de transmissão sexual mais frequente em todo o mundo, sendo a principal responsável pelo cancro do colo do útero.

O Papilomavírus Humano (HPV)

O Papilomavírus Humano é um pequeno vírus DNA pertencente à família dos Papovaviridae e que infecta epitélios, mucosos ou cutâneos.

Transmite-se através do contacto sexual entre mucosas e superfícies cutâneas, e estima-se que 70% a 90% de todas as pessoas serão infetadas durante a sua vida.

“A sua transmissão é muito fácil e frequente. Sabe-se que está presente em quase 100% dos cancros do colo do útero, 70% dos cancros da vagina, 40% dos cancros da vulva e em 84% dos cancros do ânus e 47% dos cancros do pénis. No caso dos condilomas genitais, é responsável por 90% de todas as lesões”, revela a especialista.

A infeção pelo HPV é habitualmente assintomática e transitória, sendo que a maioria das pessoas acaba por eliminar o vírus e não tem consequências da infeção. No entanto, em alguns casos, a infeção torna-se persistente e é nestas situações que se podem desenvolver as lesões mais graves associadas ao vírus. É nestes casos que, habitualmente, os sintomas surgem: corrimento, hemorragia ou dor.

Os diferentes tipos de HPV

Até à data, existem mais de 200 tipos de HPV identificados dos quais cerca de 40 infetam, preferencialmente, o sistema anogenital, ou seja, vulva, vagina, colo do útero, pénis e áreas perianais.

De acordo com a especialista em ginecologia, estes podem dividir-se em dois grandes grupos. “O grupo de alto risco está implicado nas lesões pré-cancerosas e nos cancros do colo do útero, vagina, vulva, ânus, pénis e alguns tipos de cancros da orofaringe. O grupo de baixo risco é responsável pelos condilomas genitais”.

Fatores que aumentam o risco de infeção persistente

“Sendo uma infeção causada por um vírus, qualquer situação que comprometa o sistema imunitário, como é o caso das pessoas que fazem medicação imunossupressora (doenças auto-imunes, infeção a HIV, doentes transplantados, etc.), aumenta a probabilidade de persistência do vírus. O tabaco é um fator de risco muito importante, especialmente no cancro do colo do útero”, revela especialista.

Prevenção

A única forma de prevenir a infeção a HPV é fazer a vacina - homens e mulheres, independemente da idade - (idealmente antes do início da atividade sexual), sendo que teoricamente a imunidade é só para os tipos de HPV contidos na vacina (os mais frequentemente implicados nas lesões pré-invasivas, cancros e condilomas genitais). O uso de preservativo previne a transmissão do vírus, mas apenas em cerca de 70% dos casos, pelo que não é completamente eficaz.

Importante saber…

Sendo uma infeção muito frequente e prevalente na população, especialmente antes dos 30 anos, o importante não é despistar todos os tipos de HPV, mas sim identificar as pessoas que têm os tipos de alto risco e que, deste modo, estão em risco de desenvolver lesões pré invasivas e cancros. Atualmente, esta é a base do rastreio do cancro do colo do útero defendido por muitos países já que permite identificar grupos de risco para cancro e, assim, encaminhar e tratar adequadamente as infeções a HPV que têm importância clínica.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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