Doença oncológica rara

A importância da Psicoterapia na gestão do diagnóstico do Linfoma Cutâneo

Atualizado: 
09/08/2024 - 11:05
Sabemos que o diagnóstico de uma doença incurável, seja doença oncológica ou outra condição, acaba por acarretar uma série de mudanças na vida de uma pessoa, assim como da sua rede de apoio. A partir do momento em que uma pessoa recebe a notícia desse estado, ela pode passar por diversas fases como negação, revolta e questionamento, até depois encarar o seu estado com aceitação.

Algumas pessoas podem defender-se da realidade da doença negando-a, ou compreendendo de forma distorcida as suas possibilidades terapêuticas. Outras, poderão silenciar-se a respeito do que vivem, preferindo não falar sobre os seus sentimentos ou não comunicar notícias difíceis aos familiares, como uma tentativa de evitar o sofrimento. Há também, claro, aquelas pessoas que aceitarão falar a respeito de forma mais afirmativa e inventar uma forma de lidar com as emoções. Cada pessoa o terá seu tempo para assimilar os acontecimentos e gerir as suas emoções, mas todas as pessoas enfrentarão conflitos internos e momentos de angústia, revolta e medo e vivê-los sem apoio pode potenciar a dificuldade deste processo. Aceitar a doença será a melhor forma de encarar a situação, ajudando a pessoa a encontrar, sobretudo, uma vida digna de ser vivida.

A psicoterapia pode ser extremamente importante, facilitando o processo de aceitação e favorecendo que o/a paciente adquira recursos para lidar com as emoções e os sentimentos que surgem diante do diagnóstico de doença grave e da adaptação à nova realidade. Assim, ele/a poderá conhecer esses processos de adaptação às mudanças da vida, para poder antecipar e trabalhar com os possíveis problemas que podem ocorrer, com o objetivo de alcançar o maior bem-estar possível.

Com este apoio, pode-se ajudar a pessoa a:

  • Diminuir o sofrimento emocional e a lidar com o os seus sentimentos e emoções, desesperança, ansiedade, depressão e raiva;
  • A gerir eficazmente as decisões acerca dos tratamentos;
  • Ajustar-se às mudanças;
  • Lidar com o impacto da doença nas diferentes relações pessoais;
  • Melhorar a qualidade de vida.

Para quem precisa de lidar com a descoberta de uma doença, pode ajudar procurar apoio de outros pacientes que estão com a mesma condição para poder dividir os seus medos, fazer as suas partilhas e ouvir as partilhas dos outros.

A família e a rede de apoio têm um papel fundamental neste processo, ajudando a pessoa a perceber que não está sozinha e que é querida e amada. Estar perto em momentos delicados como este pode ser, realmente, importante, pois a pessoa certamente precisará de se sentir acolhida e cercada de amor, especialmente nos momentos mais difíceis. Estas situações também têm impacto nos familiares e cuidadores, devendo ser assegurado o suporte emocional aos mesmos.

Algumas dicas importantes para lidar com uma doença oncológica rara e sem cura incluem:

  • Aceitação: Aceitar a realidade da doença é um passo fundamental para lidar com a situação.
  • Procurar apoio terapêutico: A psicoterapia pode ajudar a lidar com as emoções e os conflitos internos que surgem durante o processo.
  • Participar em grupos de apoio: Compartilhar experiências com outras pessoas que estão a passar pela mesma situação pode ser reconfortante.
  • Manter a comunicação aberta: Conversar abertamente com familiares, amigos e profissionais de saúde pode ajudar a lidar com os desafios emocionais.
  • Praticar o autocuidado: Cuidar de si mesmo, tanto física como emocionalmente, é essencial para manter o bem-estar durante o tratamento.
  • Reforçar a autoestima: Manter uma visão positiva de si mesmo pode contribuir para enfrentar o diagnóstico com mais clareza e força.
  • Focar na qualidade de vida: encontrar maneiras de melhorar a qualidade de vida, tendo experiências que lhe dão prazer, mesmo diante da doença, pode trazer conforto e bem-estar.
  • Aproveitar o apoio da família e rede de apoio: Sentir-se amado e cercado de cuidados pode fazer toda a diferença durante o processo.

Lidar com uma doença incurável não é fácil, mas é possível encontrar formas de adaptar-se e viver uma vida significativa e gratificante. Lembre-se, que não tem de fazer esta jornada sozinho/a.

Autor: 
Ângela Rodrigues - Psicóloga e Psicoterapeuta na Clínica da Mente
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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