Opinião

A importância da prevenção das doenças cardiovasculares em Portugal

Atualizado: 
28/11/2022 - 12:09
Segundo os dados do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são a maior causa de morte em Portugal, sendo responsáveis por 29,5% de todas as causas.

O que são doenças cardiovasculares? São doenças que afetam o sistema circulatório, principalmente o coração e vasos sanguíneos (veias e artérias). Entre aquelas que são as principais responsáveis pelo grande número de mortalidade encontram-se o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC). Ambos têm como principal causa uma oclusão total ou subtotal de vasos sanguíneos provocado pelo acumular de placas de colesterol nas artérias coronárias (no caso do enfarte) ou nas artérias cerebrais (no caso do AVC). Em 2019, em Portugal, morreram 7151 pessoas com enfarte e 10975 com AVC (um dos números mais elevados na Europa). Estes números tomam ainda maior relevância se pensarmos que 80% destas podem ser tratadas precocemente ou prevenidas.

Quais são os principais fatores de risco de morte cardiovascular? Entre várias, as mais importantes e prevalentes são a hipertensão arterial, a dislipidemia, o tabagismo, a diabetes, o excesso de peso e obesidade bem como o sedentarismo. A hipertensão arterial é uma doença cardiovascular caracterizada por medidas consecutivas da tensão arterial superiores a 140/85 mmHg com necessidade de controlo através de medicação. Cerca de 40% da população apresenta esta doença sendo um dos principais fatores de risco. A dislipidemia caracteriza-se por um aumento do colesterol ou triglicerídeos afetando cerca de 30% da população. Aumenta com a idade e é uma doença silenciosa. O acumular do colesterol nos vasos sanguíneos ao longo dos anos, tal como já referido, precipita a ocorrência de outras doenças cardiovasculares potencialmente mortais como o enfarte e o AVC. É muito importante cumprir a medicação regularmente e o uso de medicamentos naturais ou de venda livre não tem a mesma eficácia e prevenção. O tabagismo é o principal fator de risco modificável e parar de fumar traz benefícios ao organismo quase imediatos. Apesar do número de fumadores ter vindo a diminuir nos últimos anos estima-se que em 16,8% da população com mais de 15 anos é fumadora. A diabetes caracteriza-se pelo aumento dos níveis de glicose (“açúcar”) no sangue. A maioria dos casos é do tipo 2, que surge geralmente em idade mais avançada, associada a estios de vida e alimentação menos saudáveis. O excesso de peso e o sedentarismo (inatividade física) estão interligados tal como os maus hábitos alimentares. De acordo com o Eurobarómetro da atividade física de 2022, em Portugal, 73% dos portugueses dizem não praticar exercício físico, o pior valor registado na União Europeia.

Então, como se podem prevenir as doenças cardiovasculares? Se já apresenta alguma doença cardiovascular, mantenha as consultas regulares com o seu médico, cumpra o plano terapêutico e tente eliminar todos os outros fatores de risco. É importante o consumo moderado de bebidas alcoólicas (menos de duas unidades por dia no homem e uma na mulher), realizar uma alimentação saudável (evitar o excesso de carnes vermelhas, alimentos processados e preferenciar fruto-hortícolas e vegetais em todas as refeições), deixar de fumar e participar nos rastreios oferecidos de norte a sul do país.

É muito importante que o aconselhamento seja realizado com profissionais com formação na área da saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisiologistas, entre outros) pois só estes garantem a ajuda necessária e uma melhoria do seu estado de saúde. A desinformação médica tem, nos últimos anos, contribuído de forma prejudicial na saúde dos utentes. Cabe à tutela investir na promoção de saúde de forma transparente e abrangente, desde as escolas às unidades de saúde, para que cada pessoa detenha o conhecimento básico para efetuar as suas escolhas diárias de forma mais informada.

Bibliografia:

Ministério da Saúde

Instituto Nacional de Estatística

Sociedade Portuguesa de Cardiologia

Eurobarómetro da Atividade Física de 2022

Autor: 
Flávio Silva - Médico interno de formação específica em Medicina Geral e Familiar; pós graduado em Medicina Desportiva
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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