Doença prolongada, incurável e progressiva

A importância da humanização nos cuidados paliativos

Atualizado: 
15/10/2019 - 10:41
Numa era onde o desenvolvimento e o progresso na área da saúde estão em alta, onde grande parte das doenças, que não são curativas, são crónicas, urge então a necessidade de refletirmos sobre a importância da humanização nos cuidados paliativos.

Infelizmente está ainda presente, de forma intrínseca, na maioria dos profissionais de saúde, que devemos “curar” todos os doentes e para nós o fato de não o conseguirmos é uma “falha” difícil de admitir.

Os cuidados paliativos são a “resposta ativa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade de vida possível a estes doentes e suas famílias” (Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos).

Não poderia deixar de reforçar que enquanto profissionais, temos Cuidar do doente de forma holística (ver o doente como um todo). Esta  forma de cuidar está diretamente ligada à forma de tratar do doente com humanização.

Seja ela a condição física ou psicológica pela qual esteja  a passar. O doente tem os seus direitos, deveres e vontades que devem ser avaliados por uma equipa verdadeiramente multidisciplinar que se coloca no lugar do doente.

Ainda existem muitos mitos e falsas definições de cuidados paliativos, cuidados paliativos não são cuidados terminais, não servem apenas para reduzir a dor e muito menos são locais onde se espera a morte.

Cuidados Paliativos, são provavelmente o melhor exemplo de humanização de cuidados. São prestados por profissionais devidamente treinados e atentos que atuam de forma preventiva nos diversos sintomas que o doente apresenta. Realizam estes cuidados sem nunca esquecer os cuidadores e familiares, envolvendo-os na equipa de prestação de cuidados.

Humanizar é tornar humano e esse deve ser sempre o mote para a prestação de cuidados, devendo estar a nossa atenção direcionada para o Doente e não apenas a Doença.

Em cuidados paliativos se não existir humanização, provavelmente não o são na sua definição.

Para se prestarem cuidados paliativos de qualidade devem ser tidos em conta diversos  focos:

  • Tornar mais humanos os cuidados prestados, respeitando a privacidade do doente, adequando o tratamento as necessidades do doente,  explicando os benefícios / efeitos secundários do tratamento a realizar, respeitando a decisão informada do doente quando rejeita um tratamento;
  • Informar e comunicar,  avaliando a vontade do doente, realizando ensinos com linguagem adequada ao perfil do doente…;
  • Envolver a participação do cuidador e sociedade que poderá resultar num acréscimo da qualidade de cuidados  e conforto para o doente e familiar;
  • Envolver uma equipa multidisciplinar onde todos podem acrescentar uma melhoria do cuidado para o doente.
  • Devem também ser criados espaços nas instituições, com acessibilidade e espaços funcionais nunca esquecendo o conforto e privacidade do doente.

É importante ter profissionais motivados para que os resultados sejam os melhores.

Obviamente existe muito para refletir no que concerne ao acréscimo de humanização em cuidados paliativos.

Neste momento onde a nossa sociedade progressivamente irá necessitar cada vez mais deste tipo de cuidados, o importante é começar o caminho da humanização.

Temos, por isso, que apostar mais no contacto com o doente, em realizar escuta ativa do doente e proporcionar o melhor conforto para o mesmo. Não poderemos esquecer obviamente todas as técnicas que a evolução da ciência nos trouxe, para que cuidar seja obviamente melhor a nível humano e científico. 

Autor: 
Lino Pinto – Enfermeiro Hospital Lusíadas Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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