A importância da Fisioterapia Respiratória nos Programas de Reabilitação Respiratória
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Às doenças respiratórias crónicas estão frequentemente associadas várias comorbilidades (como, por exemplo, doença cardíaca isquémica, insuficiência cardíaca, hipertensão, diabetes, osteoporose, anemia, fraqueza muscular) que contribuem para aumentar a complexidade destes doentes e a necessidade de uma reabilitação individualizada, especializada e interdisciplinar (médico, fisioterapeuta, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, assistente social, entre outros).
Pelas suas competências específicas, o fisioterapeuta respiratório é um elemento fundamental nas equipas multi-interdisciplinares de Reabilitação Respiratória, cuja evidência dos benefícios está claramente demonstrada nos doentes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) e também com bons resultados noutras doenças, como as bronquiectasias, doenças do interstício (por exemplo, fibrose pulmonar idiopática), asma, sequelas de tuberculose, fibrose quística, doenças neuromusculares, doentes pré e pós-transplante pulmonar, cancro do pulmão (pré e pós-cirurgia e a realizar quimioterapia e radioterapia), pré e pós cirurgia abdominal, obesidade, hipertensão pulmonar, entre outras.
Integrado numa equipa de Reabilitação Respiratória, o fisioterapeuta utiliza o treino de exercício terapêutico (aeróbico, força, flexibilidade, equilíbrio), técnicas de limpeza das vias aéreas (instrumentais e não instrumentais), técnicas de expansão pulmonar, técnicas de controlo respiratório, treino dos músculos respiratórios, o posicionamento, a mobilização articular, a massagem, o relaxamento, técnicas de conservação de energia e a educação e ensino dos doentes e familiares/cuidadores.
Os benefícios da Reabilitação Respiratória incluem o aumento da tolerância ao esforço, a melhoria da capacidade funcional para as tarefas diárias; a redução dos sintomas (dispneia, tosse, expetoração); a redução da ansiedade e depressão; a diminuição do número de exacerbações e da sua gravidade, uma recuperação mais rápida após uma exacerbação; a diminuição do número de idas às urgências, hospitalizações e tempo de hospitalização; a melhoria da qualidade de vida relacionada com a saúde; um maior bem-estar emocional e social; e uma maior eficácia do doente e familiares/cuidadores na autogestão da doença.
Estes benefícios não se traduzem apenas em melhorias de saúde para os doentes, como também numa redução de custos diretos e indiretos com a saúde para o estado, seguradoras, doente e famílias. A Reabilitação Respiratória é uma intervenção custo-efetiva, com benefícios comprovados para o doente respiratório, sendo importante aumentar a sua acessibilidade que é atualmente muita reduzida em Portugal, em particular no contexto comunitário, que abrange a maioria dos doentes respiratórios crónicos que necessitam desta intervenção e onde a mesma se pode realizar com qualidade e resultados expectáveis já provados cientificamente.
Assim, é fundamental garantir que nos programas de Reabilitação Respiratória sejam incluídos profissionais especializados e com competências específicas, em particular o fisioterapeuta respiratório, que inquestionavelmente tem sido dos profissionais envolvidos na Reabilitação Respiratória, que mais contributos tem dado para o conhecimento, desenvolvimento, suporte científico e orientações de boas práticas nesta área, na última década.