Impetigo: infeção bacteriana cutânea altamente contagiosa é mais comum no verão
Entre as crianças, as principais razões de contágio são o contacto direto com outras crianças infetadas, com brinquedos e animais de estimação, aliadas a condições de higiene deficitárias. Entre os adultos, as causas mais comuns passam pelo contacto com crianças infetadas (heteroinoculação) e a infeção de lesões cutâneas pré-existentes (impetiginização secundária)2.
Segundo Miguel Trincheiras, dermatologista, diretor da Clínica Derme.pt em Lisboa, “no verão, o número de casos de impetigo tende a aumentar, sobretudo porque as temperaturas mais elevadas favorecem a propagação da infeção, o nosso corpo fica mais exposto, os cuidados de higiene muitas vezes diminuem e o contacto interpessoal também é maior”.
Além dos sintomas como dor, prurido, desconforto, bolhas e marcas na pele4-5, a sintomatologia é, muitas vezes, responsável por um forte estigma social devido à presença de erosões e crostas visíveis na pele, e pela associação a uma higiene deficitária4. Ainda mais perigoso são os, felizmente raros, casos de atingimento renal secundário podendo conduzir a lesões renais definitivas (glomerulonefrite), por imunidade cruzada. Por ser altamente contagioso, é aconselhado o isolamento parcial das crianças com impetigo, por forma a evitar a transmissão da bactéria e a sua disseminação.
O diagnóstico correto do impetigo é fundamental para tratar a doença de forma eficaz, assim como para prevenir o uso incorreto de antimicrobianos. O diagnóstico atempado permite prevenir a propagação da infeção e a sua evolução para casos mais graves da doença4,6 entre os quais o atingimento renal.
O médico especialista acrescenta que "é importante ficar atento aos primeiros sinais por forma a garantir um diagnóstico atempado e evitar a evolução da doença. Um tratamento adequado permite reduzir a propagação da infeção, acelerar a sua resolução, e impede a sua progressão para condições mais graves. Além disso, a criança aceitará melhor um tratamento que permita melhorias mais rápidas para poder continuar a usufruir da sua liberdade”.
Em alguns casos ligeiros de impetigo a cura é espontânea, mas lenta e mantendo a contagiosidade. O tratamento do impetigo, prescrito por um médico, é fundamental tanto para tratar a doença de forma eficaz, como para prevenir o uso incorreto de antimicrobianos, uma ameaça constante na eficácia do tratamento de infeções comuns, responsável por piores resultados nos doentes, conduzindo a potenciais resistências bacterianas e aumentando a carga económica dos sistemas de saúde7-8.
Referências:
1. Bowen AC, Mahé A, Hay RJ, Andrews RM, Steer AC, Tong SYC, et al. The Global Epidemiology of Impetigo: A Systematic Review of the Population Prevalence of Impetigo and Pyoderma. PLoS One. 2015;10(8):e0136789.
2 Cole C, Gazewood J. Diagnosis and treatment of impetigo. J Am Acad Dermatol. 2007;75(6):859–64.
3. Schachner AL, Torrelo A, Grada A, Micali G, Kwong P, Scott GB, Benjamin L, Gonzalez ME, Andriessen A, Eberlein T, Eichenfield L.Treatment of Impetigo in the Pediatric Population: Consensus and Future Directions. J Drugs Dermatol 2020; 19(3): doi 10.36849/JDD.2020.4679 https://jddonline.com/articles/dermatology/S1545961620P0281X/1
4. Feaster T, Singer JI. Topical therapies for impetigo. Pediatr Emerg Care. 2010;26(3):222–31.
5. Hartman-Adams, H., Banvard, C., & Juckett, G. (2014). Impetigo: diagnosis and treatment. American family physician, 90(4), 229-235.
6 Koning S, Van Der Sande R, Verhagen A, Van Suijlekom-smit L, Morris A, Butler C, et al. Interventions for impetigo (Review). Cochrane Library. Cochrane Database of Systemic Reviews. John Wiley & Sons; 2012.
7. Stevens DL, Bisno AL, Chambers HF, Dellinger EP, Goldstein EJC, Gorbach SL, et al. Practice guidelines for the diagnosis and management of skin and soft tissue infections: 2014 update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2014;59(2):e10–52.
8. Van Bijnen E, Paget J, Den Heijer C, Stobberingh E, Bruggeman C, Schellevis F. Evidence-based primary care treatment guidelines for skin infections in Europe: A comparative analysis. Eur J Gen Pract. 2014;20(4):294–300.