Desordem genética rara

Hipofosfatémia ligada ao cromossoma X (XLH)

Atualizado: 
23/06/2021 - 10:05
A hipofosfatémia ligada ao cromossoma X (XLH) é uma desordem herdada rara caracterizada por baixos níveis de fosfato no sangue. Habitualmente diagnosticada na infância, casos há que só chegam a ser identificados na idade adulta. Baixa estatura, pernas curvadas ou arqueadas, dor óssea e problemas dentários constam entre as principais características.

O XLH, também conhecido por raquitismo hipofosfatémico ou raquitismo familiar, tem na sua origem mutações num gene - designado PHEX - que está envolvido na regulação da quantidade de fosfato no corpo. As mutações neste gene conduzem a uma concentração acrescida de uma proteína chamada fator de crescimento do fibroblasto 23 (FGF23), que regula a reabsorção do fosfato nos rins. Demasiado FGF23 conduz a uma perda de fosfato pelos rins, uma vez que impede a sua absorção, levando à hipofosfatémia e aos sintomas resultantes de XLH.

Uma vez que este gene está localizado no cromossoma X, ter apenas uma cópia mutante do gene é suficiente para causar a condição em ambos os sexos. Deste modo, uma mulher com XLH tem 50% de hipóteses de passar XLH a cada um dos seus filhos. Um homem com XLH passará XLH a todas as suas filhas, mas a nenhum dos seus filhos.

Contudo, em alguns casos, a doença não é herdada de um progenitor, mas ocorre numa pessoa sem histórico familiar de XLH, devido a uma nova mutação (de novo) no gene responsável.

Frequentemente diagnosticado na infância, mas não antes dos 18 meses de idade, há casos em que o seu diagnóstico chega em idade adulta.

Quanto aos sintomas, esteva variam consoante a gravidade e de pessoa para pessoa. Assim enquanto algumas pessoas com XLH não apresentam sintomas relacionados com os ossos, apresentando apenas hipofosfatémia, outras apresentam sintomas clássicos da doença.

Em muitos casos, estes tornam-se evidentes nos primeiros 18 meses de vida, destacando-se o desenvolvimento ósseo anormal (levando a curvar ou torcer os membros inferiores) ou baixa estatura.

Não obstante, há outros sinais a considerar precocemente ou com desenvolvimento tardio como é o caso da dor nos ossos, dor e fraqueza muscular, calcificação dos tendões e ligamentos, desenvolvimento dentário anormal, abcessos dentários e dor de dentes

Frequentemente, e no caso de os sintomas apenas surgirem em idade adulta, estes incluem dor nas articulações e mobilidade deficiente, entesopatia, abcessos dentários e perda de audição.  

O diagnóstico de XLH é obtido com base em um exame físico e recurso a exames de sangue, teste de imagem, como o Raio-X, e histórico familiar.

Os fatores específicos considerados para o diagnóstico incluem:

  • Uma taxa de crescimento lenta e uma inclinação notável das pernas ou outras anomalias esqueléticas.
  • Baixos níveis de fosfato e altos níveis de FGF23 no sangue
  • Falta de resposta dos níveis de fosfato ao tratamento com vitamina D.
  • Alta excreção de fosfato nos rins

O teste genético do XLH está disponível e pode confirmar o diagnóstico se uma mutação for identificada, no entanto este teste é vital para o diagnóstico.

O seu tratamento é feito com recurso a suplementos de fosfato, habitualmente, combinados com calcitriol. O calcitriol aumenta os níveis de cálcio aumentando a quantidade de cálcio absorvida nos intestinos e a quantidade de cálcio mantida nos rins.

Nas crianças, o tratamento é geralmente iniciado no momento do diagnóstico e continua até que os ossos parem de crescer.  O principal objetivo do tratamento para adultos é ajudar a melhorar a dor.

Outros tratamentos para o XLH, dependendo dos sintomas e da gravidade, podem incluir:

  • Hormona de crescimento para melhorar o crescimento das crianças
  • Cirurgia corretiva aos membros inferiores
  • Tratamento para reparar anomalias cranianas, tais como fusão prematura dos ossos do crânio (sinostose).
  • Procedimentos dentários para tratar a dor nos dentes e nas gengivas.

Recentemente foi aprovado um medicamento, designado de medicamento órfão, que pode utilizado em crianças com mais de 1 ano de idade, adolescentes com esqueletos em crescimento, caso sejam observadas, via radiográfica, alterações ósseas. A sua indicação para adultos também já foi aprovada.  

Fontes: 
https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Expert=89936&lng=PT
https://xlhlink.eu/pt-pt/about-xlh/what-is-xlh.html
https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/12943/x-linked-hypophosphatemia

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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