Hipertensão Pulmonar: os sinais a que deve estar atento
Trata-se de uma disfunção que surge devido à alteração da circulação sanguínea nas artérias nos pulmões e que surge associada a outras doenças que afetam os sistemas cardiorrespiratórios. A Hipertensão Pulmonar é uma condição grave e sem cura, cujos sintomas são facilmente confundidos com os de outras patologias.
De acordo com Fabienne Gonçalves, Assistente Hospitalar Graduada de Medicina Interna da Unidade de Doença Vascular Pulmonar do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), a Hipertensão Pulmonar caracteriza-se por “uma dificuldade na passagem do sangue que é bombeado pelo coração para a circulação pulmonar, para ser oxigenado”, resultando, a longo prazo, em dilatação e insuficiência cardíaca, podendo conduzir à morte.
Entre as causas mais frequentes da Hipertensão Pulmonar encontra-se a insuficiência cardíaca esquerda que pode ocorrer em pessoas com doença arterial coronária ou hipertensão arterial. Sempre que o lado esquerdo do coração não consegue bombear o sangue normalmente para o corpo, o mesmo reflui para os pulmões, dando origem a um aumento da pressão arterial no local.
Por outro lado, as doenças pulmonares, como é o caso da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, que condicionam a função pulmonar, exigindo um esforço maior para bombear o sangue através dos pulmões, também podem estar na origem da Hipertensão Pulmonar.
Segundo a especialista em Medicina Interna, há ainda “determinados grupos de doenças em que está provado um maior risco de desenvolvimento de hipertensão pulmonar, como algumas doenças autoimunes ou a infeção pelo VIH”. Nestes casos, explica, falamos de Hipertensão Arterial Pulmonar.
“Outra causa relativamente frequente de Hipertensão Pulmonar são as embolias pulmonares, em que se forma um coágulo sanguíneo que vai entupir a circulação pulmonar”, explica. Na grande maioria dos casos, o coágulo é dissolvido e não deixa sequelas, no entanto, por vezes resulta na obstrução das artérias pulmonares conduzindo a uma Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crónica.
Apesar de poder surgir em qualquer idade, “dependendo da doença subjacente”, é extremamente rara durante a infância.
“Os principais sinais de alerta consistem na presença de um cansaço ou falta de ar anormais na realização de esforços que, habitualmente, não desencadeavam esses sintomas”, começa por enumerar a internista. Dor no peito, batimentos cardíacos irregulares, pernas inchadas ou desmaios podem ainda ser associados a esta disfunção.
Uma vez que os sintomas são pouco específicos, podendo ser facilmente confundidos com outros problemas de saúde, a especialista aconselha a que procure o médico sobretudo “no caso de surgir uma falta de ar inexplicável quando realiza tarefas do dia-a-dia que habitualmente fazia sem dificuldade”.
Um dos principais desafios da Hipertensão Pulmonar é, efetivamente, o seu diagnóstico, sendo que este chega, muitas vezes, em fase avançadas da doença quando os tratamentos disponíveis já são menos eficazes.
Embora existam vários exames para determinar a presença da doença, “o diagnóstico definitivo apenas pode ser estabelecido através de um cateterismo cardíaco direito”, realizado em centros com experiência. São eles o Centro Hospitalar e Universitário do Porto (no norte), o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (na região Centro), e dois na região de Lisboa: o Centro Hospitalar Lisboa Norte e Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Quanto ao seu tratamento, a terapêutica aconselhada depende da causa associada. “Nalguns tipos de Hipertensão Pulmonar podemos administrar medicamentos ditos «específicos». No entanto, se forem utilizados de forma inapropriada, podem mesmo agravar a condição do doente. Daí a importância de serem seguidos em centros com experiência no seu manuseamento”, explica Fabienne Gonçalves.
Em caso de Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crónica, “os doentes devem ser orientados para uma avaliação cirúrgica, para desobstruir as artérias. Cirurgia, essa, que é potencialmente curativa”. No entanto, esta opção terapêutica está apenas disponível fora do país. “Os doentes são enviados para centros no estrangeiro com grande experiência nesta cirurgia complexa”, explica.
O transplante pulmonar é, de acordo com a internista, o tratamento “fim de linha”. A única opção quando todas as outras opções terapêuticas falham.
Os cuidados alimentares, bem como o cumprimento do plano terapêutico estabelecido devem ser seguidos “à risca” por forma a evitar complicações. E na grande maioria dos casos, os doentes podem realizar atividade física moderada.