A hipertensão arterial não sai de moda
Poucos serão os que não terão ouvido falar de HTA, mas infelizmente nem todos sabem quais os valores ideais, os comportamentos que podem contribuir para um controlo mais adequado, e a maioria ainda não foi adequadamente informada que tomando a medicação prescrita pelo médico é mais que meio caminho andado para um controlo eficaz. A maioria desta informação deve ser obviamente veiculada pelo médico, se não toda, considerando pelo menos o momento do diagnóstico. Ainda assim, cabe ao indivíduo com HTA ouvir os conselhos atentamente, procurar cumprir o melhor possível, e assumir as rédeas no que diz respeito à toma diária da medicação e responsabilidade sobre a sua doença. Porque, sim, a Hipertensão é uma doença, e o mais difícil de encaixar é que é crónica e silenciosa. Ou seja, só dá sintomas no fim da linha, quando surgem as complicações, como o enfarte, o AVC, a insuficiência renal, a doença arterial periférica, a arritmia, as alterações na visão, a disfunção eréctil, a demência precoce, entre tantas outras evitáveis com medidas relativamente simples e ao alcance de todos. Durante a fase inicial da doença não há sintomas, dificultando a perceção da importância do cumprimento da medicação e facilitando os esquecimentos, bem como a noção das consequências graves e potencialmente fatais.
Mas é nesta fase inicial que é ainda mais fácil de prevenir e controlar, evitar que evolua e danifique lentamente os vasos sanguíneos, os órgãos; nesta fase a medicação é capaz até de reverter algumas das consequências silenciosas que a HTA possa ter causado. É por estas razões que deve ser encarada com responsabilidade o mais precocemente possível e não deixar que as lesões se tornem irreversíveis. É verdade que a genética ainda ninguém a muda – pelo menos não a olhos vistos – mas não basta aceitar que “é de família”... daí ter sido apelidada de sindemia nas primeiras linhas deste texto, já que muito do nosso comportamento influencia a evolução deste fator de risco impossível de negligenciar, e está intimamente ligado a várias outras doenças que também predominam nos dias de hoje: o colesterol elevado, a diabetes, o excesso de peso, e tantas outras.
Há mensagens simples que mudam o rumo da HTA, para a “saúde ou para a doença”: medir a pressão arterial regularmente e conhecer os nossos valores (só medindo é que sabemos como anda); saber os valores-alvo e perceber que devemos estar regra geral abaixo dos “14/9” (mas há nuances para cada pessoa, daí ser importante o seguimento médico regular); reduzir o sal na alimentação (as ervas aromáticas ajudam a dar sabor); evitar as gorduras e optar por encher metade do prato com legumes/ salada; evitar o tabaco (talvez o comportamento aditivo associado a maior número de doenças, e não só cardiovasculares); tentar praticar exercício físico (não precisa ser ginásio, basta a caminhada regular e algo que se encaixe na rotina de cada um). Por fim é importante lembrar que só tomando a medicação é que ela poderá fazer efeito – já dizia um famoso cirurgião nos anos 80 – e a toma deve ser regular: a HTA não dói, mas o efeito do paracetamol também passa ao fim de algumas horas...!