Hipersensibilidade à progesterona: alergia à hormona que ajuda a regular o ciclo menstrual
Como funciona a progesterona?
A progesterona é produzida principalmente nos ovários, e os níveis começam a subir durante a ovulação e permanecem elevados durante a fase lútea do ciclo menstrual. Se o óvulo libertado durante a ovulação for fertilizado, os ovários continuam a libertar progesterona do corpo lúteo, preparando o útero para a gravidez. Estimula as glândulas no endométrio (revestimento do útero) a segregar nutrientes para nutrir o embrião inicial. Impede que as contrações da parede do útero potenciem a possibilidade de implantação do óvulo fertilizado. Se a fertilização não ocorrer (ou seja, a gravidez não acontece), os níveis de progesterona caem. Isto resulta na deterioração do endométrio e na contração da parede do útero, consequentemente, em menstruação.
O que é a hipersensibilidade à progesterona?
A hipersensibilidade à progesterona é uma condição autoimune rara; o sistema imunológico produz uma reação incomum aos níveis crescentes de progesterona observados durante a fase lútea do ciclo menstrual. Isso resulta em vários sinais e sintomas dermatológicos e alérgicos. Geralmente é caracterizada
por erupções cutâneas que pioram durante a fase lútea do ciclo menstrual como uma reação aos níveis mais altos de progesterona.
Causas e sintomas
As causas da hipersensibilidade à progesterona não são muito conhecidas sendo necessário mais investigação sobre essa condição. Alguns investigadores sugerem que possa estar relacionado com a exposição exógena à progesterona, como os contracetivos hormonais ou tratamentos de fertilidade. Também pode ser consequência da gravidez, em algumas mulheres. Essas exposições podem causar sensibilização hormonal e criar uma reação alérgica.
Susanna Unsworth partilha conselhos sobre como reconhecer os primeiros sinais: “A principal característica que me faria suspeitar de alguém com hipersensibilidade à progesterona seria uma erupção cutânea transitória que tem uma natureza muito cíclica - muitas vezes aumenta significativamente na fase do crescimento - até à menstruação, e acalma novamente quando chega a menstruação, seguindo o padrão de produção de progesterona num ciclo menstrual normal. No entanto, pode ser mais difícil diagnosticar alguém com períodos irregulares ou pouco frequentes”.
O sintoma mais comum é uma erupção cutânea que aparece alguns dias antes do início da menstruação e desaparece um ou dois dias depois. No entanto, os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Enquanto alguns podem apresentar sintomas leves, outros podem responder de forma mais severa. Possíveis sinais de hipersensibilidade à progesterona são:
- Dermatite: podem ocorrer erupções vermelhas, urticária, comichão ou vermelhidão na pele;
- Angioedema, inchaço semelhante a uma colmeia que ocorre sob a pele;
- Eritema multiforme, uma reação que geralmente aparece nas mãos e braços;
- Erupção medicamentosa fixa, uma reação que ocorre na mesma parte do corpo;
- Períodos irregulares ou intensos, ou mesmo ausência de menstruação (amenorreia);
- Sintomas respiratórios: sintomas semelhantes aos da asma, como pieira, falta de ar ou tosse.
Alguns casos graves podem incluir anafilaxia, uma reação alérgica súbita e com risco de vida.
Existe tratamento?
Como já referido, a hipersensibilidade à progesterona é frequentemente intermitente com sintomas semelhantes a outras reações alérgicas. Portanto, o diagnóstico e o tratamento podem ser difíceis. Se apresentar algum dos sintomas deve-se consultar um médico, para que possa analisar os sintomas e encaminhar para um médico especializado para um acompanhamento adequado.
O tratamento dependerá da gravidade da condição e pode incluir anti-histamínicos, esteroides ou medicamentos imunológicos mais especializados. Outros tratamentos também podem incluir medidas que reduzem a produção de progesterona, incluindo outros tratamentos hormonais ou injeções e talvez até mesmo cirurgia para remover os ovários. Também é comum sugerir evitar métodos contracetivos que contenham progestágenos.
Susanna Unsworh acrescenta: “O tratamento dependerá da gravidade da condição. Pode ser que o uso simples de anti-histamínicos, juntamente com o tratamento tópico da erupção, seja suficiente. No entanto, pode ser preciso um tratamento mais significativo com o objetivo de diminuir a produção de progesterona no organismo, retirando o estímulo para a reação. Isso pode incluir medicação ou uma potencial cirurgia para remover os ovários”.
“Embora a hipersensibilidade à progesterona seja rara, a intolerância à progesterona é muito mais comum. Esta não é uma resposta de reação alérgica, mas mais uma descrição dos efeitos colaterais que podem estar relacionados com a progesterona. A intolerância à progesterona pode ser comum em mulheres que usam várias formas de tratamentos hormonais, como contraceção hormonal ou THS, onde a progesterona ou progestágeno no âmbito do tratamento pode causar efeitos colaterais, como distúrbios gastrointestinais, inchaço e até alterações de humor. Também é provável que as mulheres que lutam contra sintomas pré-menstruais, particularmente as mudanças de humor, estejam a responder ao aumento da progesterona observado durante a fase lútea do ciclo. Embora esta não seja uma resposta alérgica, ainda pode causar sintomas significativos e angustiantes. Encorajaria qualquer pessoa que sinta que está a enfrentar esses problemas a discuti-los com o seu médico”, comenta Susanna Unsworth.
Embora rara, a hipersensibilidade à progesterona pode afetar significativamente a qualidade de vida. Conhecer os sintomas e perceber o mecanismo subjacente desta condição facilita a deteção e o diagnóstico precoces. Se suspeitar que pode ter hipersensibilidade à progesterona, é importante discutir os sintomas com o seu médico. Com o tratamento adequado, as pessoas com esta doença podem sentir alívio dos sintomas e melhoria da qualidade de vida.