01 de outubro - Dia Internacional de Consciencialização para a Hepatite C

A Hepatite C tem cura

Atualizado: 
30/09/2022 - 11:27
A hepatite C é uma doença infeciosa que causa inflamação do fígado e é provocada pelo vírus da hepatite C (VHC). A sua principal via de transmissão é através do contacto com sangue contaminado, nomeadamente, através da partilha de seringas, transfusões sanguíneas realizadas antes de 1992, uso de material não esterilizado, etc. Contudo, raramente, pode também ser transmitida por via sexual e de mãe para filho durante a gravidez ou parto. Após a infeção, 20 a 30% dos indivíduos curam-se de forma espontânea, mas os restantes evoluem para infeção crónica que pode causar cirrose hepática e cancro do fígado. A infeção crónica pode ser assintomática durante décadas o que torna difícil o seu diagnóstico atempado.

Desde 2015 que estão disponíveis novos fármacos para o tratamento da hepatite C, designados de antivirais de ação direta, que são altamente eficazes, com taxas de cura na ordem dos 97%.  Estes medicamentos são disponibilizados gratuitamente ao utente, muito bem tolerados e possuem poucos efeitos colaterais. A duração desta terapêutica é efetuada por períodos cada vez mais curtos, podendo a maioria dos doentes atingir a cura após 8 semanas.

Dado o elevado impacto desta doença, as Nações Unidas na sua Assembleia Geral de 2015 definiram na Agenda para 2030 vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos quais incluíram a erradicação das hepatites como principais causas de morte até essa mesma data. Desde então, a Organização Mundial de Saúde tem emitido várias orientações para o atingimento deste objetivo, incluindo medidas ao nível da prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados aos doentes com hepatite C.

Dada a facilidade atual de tratamento, o esforço dos profissionais de saúde a nível mundial tem-se centrado no diagnóstico do maior número de indivíduos, com enfoque particular nos grupos de risco, e na agilização do acompanhamento, disponibilização e cumprimento do tratamento. Em Portugal, têm sido levadas a cabo várias ações de rastreio da população geral, estando inclusive disponíveis testes rápidos nalgumas farmácias comunitárias.

O acompanhamento comunitário de indivíduos em situação de exclusão social, inseridos em Programa de reinserção ou recuperação, frequentadores de Programas de Consumo Assistido de estupefacientes, etc., tem constituído uma prioridade e o trabalho desenvolvido entre os profissionais de saúde e as ONG que dão apoio a estes indivíduos tem resultado em ganhos significativos no cuidado aos mesmos, possibilitando um diagnóstico de proximidade e um acompanhamento ao longo do processo de tratamento.

Contudo, muito há ainda a ser feito. É também necessário consciencializar a comunidade e o poder político para estas problemáticas.

Se tem algum dos fatores de risco acima mencionados e nunca realizou o teste da hepatite C, fale com o seu médico! A hepatite C tem cura!

Autor: 
Dra. Rita Serras Jorge – Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da SPMI
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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