Há fatores que influenciam negativamente a fertilidade. É preciso ter cuidado com os excessos
"Existem fatores que influenciam negativamente a fertilidade de homens e mulheres. É preciso ter cuidado com os excessos", explica Catarina Godinho, ginecologista do IVI Lisboa.
A especialista em medicina da reprodução acrescenta que a obesidade, o tabagismo e o álcool são de evitar, uma vez que condicionam as hipóteses de engravidar e deixa sete conselhos às mulheres e aos homens, a começar pela alimentação:
Dieta rica e equilibrada
Afaste-se do consumo de tabaco e álcool, pois está comprovado que prejudicam a fertilidade de homens e mulheres. Além disso, também deve evitar alimentos processados. Os alimentos naturais são a chave para alcançar uma dieta saudável. O consumo deve ser variado, rico em todos os tipos de alimentos, incluindo sementes, grãos, legumes, proteínas animais e/ou vegetais e produtos não refinados, ricos em fibras. “São essenciais os alimentos que contenham vitaminas e minerais como: ácido fólico (ajuda a prevenir defeitos e malformações no feto), DHA – ácido docosahexaenóico (essencial para a saúde do nosso cérebro, olhos e neurónios, além de revigorar os espermatozoides masculinos e promover o equilíbrio hormonal nas mulheres), Vitaminas B, C, D e E (para o controle hormonal, proteção espermática, desenvolvimento ósseo fetal, entre outros), selénio e cálcio”, revela Catarina Godinho.
Controle o peso
Se optar por uma alimentação variada, rica em produtos naturais, não só conseguirá uma alimentação saudável, mas também evitará o excesso de peso corporal, grande inimigo da fertilidade. De acordo com Catarina Godinho, “quando se utiliza o tratamento reprodutivo assistido, o peso torna-se num grande obstáculo, pois provoca, nas mulheres, uma maior dificuldade da resposta aos medicamentos usados para induzir a ovulação, o que reduz as hipóteses de gravidez”. Além disso, “é também a principal causa de riscos obstétricos, tanto para a mãe quanto para o bebé”. A obesidade leva a um aumento das taxas de aborto e duplica o risco de morbidade fetal. O contrário também se verifica: a magreza extrema pode levar a problema de ovulação e dificultar a gravidez.
Procure apoio psicológico
Não tenha receio de pedir ajuda e nem a recuse mesmo que ache que não está a precisar de apoio psicológico. O processo de ser mãe nem sempre é um caminho fácil e tão rápido como desejamos. Ter apoio nas várias fases do tratamento e ter estratégias para lidar com essas emoções são alguns dos temas explorados na consulta psicologia.
Livre-se da ansiedade
O relaxamento físico e mental é importante para quem procura uma gravidez. “O ritmo de vida atual é um terreno fértil para o stress e a ansiedade, pelo que a meditação é recurso disponível, uma vez que ajuda a mitigar esses distúrbios psicológicos que ocorrem no dia a dia” e que se juntam, com frequência, à incerteza, mês após mês, de uma eventual gravidez.
Faça exercício físico
Se está a preparar-se para acolher uma vida dentro de si, deve estar o mais preparada possível para receber o embrião. “O exercício físico em si não melhora a fertilidade, mas produz benefícios cardiovasculares, metabólicos, endócrinos e neurológicos. Também ajuda a reduzir o stress e melhora o sono para pessoas que o praticam com frequência”, refere Catarina Godinho. A prática de exercício físico leva-nos a ter um corpo saudável e a optar por uma alimentação mais equilibrada, portanto, abre caminho a um sistema reprodutivo mais bem preparado. “Porém, é importante encontrar um equilíbrio, pois tudo em excesso faz mal. Quando sujeitamos o nosso corpo a um esforço intensivo, que exige um gasto energético maior, ocorre uma alteração ao nível do hipotálamo, que pode eliminar o processo de ovulação, que se traduz em amenorreia, por exemplo”, afirma.
Não se automedique
Converse com o médico que a acompanha sobre a medicação que toma regularmente e não inicie nenhuma medicação sem que o médico saiba.
Durma bem
Por último, mas não menos importante, mantenha um ciclo de sono saudável. É tão importante quanto a nutrição. Devemos dormir, no mínimo, oito horas por dia. O sono deve ser organizado de forma responsável, seguindo rotinas nas quais nos levantamos e vamos para a cama todos os dias na mesma hora. "Dormir no escuro também ajuda o corpo a descansar adequadamente, pois isso vai melhorar a produção de melatonina no nosso corpo. Não se trata apenas das horas que dormimos, mas da qualidade do nosso sono. Além disso, a melatonina desempenha um papel importante no desenvolvimento dos folículos ováricos”, conclui Catarina Godinho.