Infeção nos folículos pilosos

Foliculite: conheça as causas e formas de prevenir

Atualizado: 
14/08/2020 - 15:12
Considerada uma das infeções bacterianas da pele mais frequentes, a foliculite pode, no entanto, estar associada a outros fatores. Transpiração, trauma, fricção e oclusão da pele podem potenciar o seu desenvolvimento.

A foliculite é nada mais nada menos que uma infeção da pele que se inicia nos folículos pilosos. Embora, na maioria dos casos, de deve à ação de bactérias, a verdade é que a foliculite pode ser provocada por vírus, fungos ou resultar de pelos encravados. Quase sempre esta condição resolve-se por si só, no entanto, há casos em que merece a intervenção de um especialista em dermatologia.

Fatores de risco

Um dos agentes mais comuns de foliculite é o estafilococo que existe em condições normais na pele. Habitualmente, esta pode ocorrer espontaneamente ou ser favorecida por outros fatores, sendo os mais comuns:

  • O excesso de humidade ou suor, fricção ao barbear ou depilação
  • A utilização de jacuzzi e de piscinas
  • O uso de roupas apertadas
  • A ingestão de antibióticos ou corticoides durante longos períodos de tempo;
  • O contacto com substâncias que irritam ou bloqueiam os folículos (maquilhagem, manteiga de cacau, óleo de motor, entre outros)
  • As lesões da pele ou as doenças como a diabetes ou o VIH/SIDA que reduzem as defesas do organismo, são também fatores de risco.

Sintomas

De um modo geral, a foliculite caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas espinhas, de ponta branca, em torno de um ou mais folículos pilosos. A pele pode ficar avermelhada e inflamada; surgir prurido ou dor leve.

Quando a inflamação atinge áreas mais profundas da pele, pode haver a formação de furúnculos. Nestes casos, podem surgir grandes áreas avermelhadas; lesões elevadas com pus amarelado e dor intensa. Podem surgir cicatrizes e haver destruição do folículo piloso.

Deste modo, e quanto à sua gravidade podem distinguir-se dois tipos de Foliculite: a foliculite superficial e a foliculite profunda.

Nas foliculites superficiais estão:

Foliculite Estafilocócica - é tipo mais comum. Ocorre quando os folículos pilosos são infetados por bactérias, mais comumente pela Staphylococcus aureus. É caracterizada por prurido, vermelhidão local e pus, podendo ocorrer em qualquer região do corpo que possua pelos.

Foliculite por pseudomonas - as bactérias Pseudomonas aeruginosa proliferam em ambientes aquáticos como banheiras de hidromassagem e piscinas aquecidas. A infeção aparece entre oito horas e cinco dias após a exposição à bactéria.

Pseudofoliculite da barba – caracterizada pela inflamação dos folículos pilosos na área da barba. Habitualmente ocorrer devido ao encravamento do pelo, podendo surgir na face ou no pescoço.

Também as pessoas que fazem depilação com cera na área do biquíni, podem desenvolver pseudofoliculite na virilha. Este processo leva à inflamação e, às vezes, provoca cicatrizes.

Foliculite Ptirospórica - comum em adolescentes e homens adultos, é causada por um fungo que causa espinhas, pápulas avermelhadas e prurido. Pode acometer o dorso, tórax anterior, o pescoço, ombros, braços e face.

Quanto às foliculites profundas, distinguem-se:

Sicose Vulgar (da barba) – caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas inflamações, que se apresentam como pústulas, surgindo primeiro no lábio superior, queixo e mandíbula. Podem tornar-se recorrentes, surgindo com o barbear diário. Em casos mais graves, podem deixar cicatrizes.

Foliculite por bactéria gram-negativa - este tipo de foliculite costuma estar associada ao uso prolongado antibióticos para tratar acne. Esses medicamentos alteram o equilíbrio normal da pele, fazendo com que as bactérias gram-negativas se desenvolvam.

Furúnculos e carbúnculos - ocorrem quando os folículos pilosos são profundamente infetados por bactérias estafilocócicas. Geralmente, surgem repentinamente apresentando pápulas vermelhas e que causam dor. A pele circundante também pode estar vermelha e inchada.

Estas pápulas podem evoluir e encherem-se de pus, acabando por romper e drenar o conteúdo purulento.

Os carbúnculos correspondem a um aglomerado de furúnculos que, muitas vezes, se desenvolvem na parte de trás do pescoço, ombros, costas e coxas. Geralmente, deixam cicatrizes.

Foliculite eosinofílica – atinge sobretudo doentes infetados pelo vírus HIV. É caracterizada por manchas avermelhadas e feridas com pus que podem dar comichão, sobretudo na face e nos braços. As feridas costumam espalhar-se e deixar a pele das áreas afetadas mais escuras do que a cor normal. A causa exata da foliculite eosinofílica não é conhecida, embora possa envolver o mesmo fungo responsável pela foliculite ptirospórica. 

Tratamento

Como já foi referido, a maioria dos casos de foliculite curam-se sozinhos.

Já os casos persistentes, recorrentes ou mais graves podem exigir tratamento que depende do tipo da infeção. Habitualmente, é necessária a utilização de antibióticos aplicados localmente, por via oral ou pela sua combinação.

Quando a foliculite evolui para formação de furúnculos, pode ser necessária uma drenagem cirúrgica, de modo a aliviar a dor e debelar mais rapidamente a inflamação. Na presença de prurido é intenso, é útil o uso de água tépida, bem como o recurso a medicação específica. Nalguns casos, pode-se utilizar corticosteroides locais ou orais.

Medidas preventivas

  • Manter a pele limpa, seca e livre de escoriações ou irritações pode ajudar a prevenir a foliculite;
  • Evite lavagens antissépticas rotineiramente, pois deixam a pele seca e eliminam as bactérias protetoras;
  • Mantenha a pele hidratada;
  • Ao barbear, evite os cortes utilizando gel, espuma ou sabão para lubrificar as lâminas. As zonas com foliculite não devem ser barbeadas, sendo preferível utilizar um creme depilatório
  • Na presença de lesões da pele, é importante não as coçar, de modo a não agravar o quadro clínico;
  • Se utilizar saunas ou jacuzzis públicos, deve tomar banho com gel ou sabonete imediatamente após a sua utilização;
  • Não partilhe toalhas de banho.
Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
CUF
MSD Manuals
Grupo Sanfil
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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