Professor Doutor José António P. da Silva

Fibromialgia: como pode tratar-se?

Atualizado: 
26/02/2024 - 10:23
A evolução da fibromialgia, no dia-a-dia e a longo prazo está profundamente ligada e dependente do grau de tensão psicológica que o doente experimenta. A pessoa com fibromialgia reconhece quase sempre que tem uma maneira de ser e sentir fortemente marcada por preocupação, exigência (sobretudo consigo própria) e intranquilidade. Estes traços precedem as dores e cansaço, típicas da doença. A esmagadora maioria dos mais de 2000 doentes que estudei estima que os seus sintomas melhorariam de 80 a 100% se conseguissem manter-se tranquilas e serenas. Esta relação está bem radicada em evidência científica.

A emergência de dores e cansaço neste contexto é fácil de entender: o stress psicológico induz obrigatoriamente tensão muscular (contraturas) e esta causa, naturalmente, dor e cansaço. De tudo isto resulta que a melhoria da fibromialgia exige que se consiga reduzir os níveis de stress em que a pessoa vive.

Há essencialmente duas estratégias para reduzir o stress e combater a fibromialgia. Uma consiste no uso de medicamentos. Destacam-se os antidepressivos e alguns anticonvulsivantes. Alguns doentes sentem benefícios significativos, mas a eficácia é, em média reduzida, o que justifica que nenhum medicamento esteja aprovado para tratamento da fibromialgia na União Europeia. Analgésicos e anti-inflamatórios podem oferecer algum alívio, em regra de curta duração.

A outra consiste num processo de transformação pessoal, que permita que o doente ganhe e mantenha controlo sobre a sua vida emocional, evitando que os problemas tomem conta de si e reduzindo assim o stress. Esta é a única via que pode alimentar a esperança de vencer a fibromialgia e recuperar uma vida que merece ser vivida. Todos os doentes que conhecemos que se consideram (praticamente) curados da Fibromialgia, foram os que conseguiram fazer outro contrato com vida: menos dever e mais prazer, menos obrigação e mais satisfação.

É um caminho indiscutivelmente difícil e trabalhoso: mas não há caminhos fáceis para fora da Fibromialgia. É difícil, mas é possível, e no final a pessoa tem muito mais a ganhar do que vencer as dores e cansaço, tem uma vida nova a ganhar.

A pessoa precisa de compreender a sua doença e a forma como as dinâmicas mentais a afetam. Precisa, sobretudo, de se compreender a si própria, tomar controlo dos seus pensamentos automáticos e emoções, aprender a tomar conta dos problemas e a evitar que eles tomem conta de si. É indispensável que desenvolva respeito por si mesma e pelas suas necessidades e limitações, que cuide si, como cuidaria de um bom amigo, nas dimensões físicas, emocionais e espirituais. O sucesso exige, em regra, o apoio de psicólogos especializados, conhecedores da doença e das estratégias de tratamento mais eficazes, como terapia cognitivo-comportamental, auto-compaixão, aceitação, mindfulness e psicologia positiva. O exercício físico regular, ajustado às capacidades pessoais, faz parte integrante das recomendações terapêuticas atuais. Em www.Myfibromyalgia.org a pessoa com fibromialgia pode encontrar um recurso único: um programa terapêutico alinhado com esta perspetiva holística doença, servido por uma equipa especializada e ajustado às suas características pessoais. Os numerosos testemunhos pessoais atestam a eficácia do programa.

Para saber mais:

Webinar MyFM: Cuidar de si mesmo: Uma medida essencial na Fibromialgia https://fb.watch/iY7dwfS_Bp/

Webinar MyFM: Construir Felicidade: como pode a psicoterapia ajudar? https://fb.watch/iY7il-MRun/

Clube MyFib. https://www.facebook.com/groups/480355073816616

Autor: 
Professor Doutor José António P. da Silva - Professor de Reumatologia; Universidade de Coimbra; MyFibromyalgia.org
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Professor Doutor José António P. da Silva