Sintomas e Tratamento

Fibrilhação auricular – uma das arritmias mais comuns no mundo

Atualizado: 
29/09/2021 - 15:52
Sabia que a Fibrilação Auricular, além de ser uma das arritmias mais frequentes, é responsável por 20 a 30 % dos Acidentes Vasculares Cerebrais isquémicos? No dia Mundial do Coração, Patrícia Afonso Mendes, Membro do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular, diz-nos o que precisamos saber sobre o tema.

O que é esta arritmia?

A fibrilhação auricular é o nome dado a uma das arritmias cardíacas mais comuns no mundo. Trata-se de uma ativação elétrica descoordenada das aurículas do coração, fazendo com que a sua contração seja ineficaz e, consequentemente, o sangue fique estagnado dentro destas cavidades cardíacas, com o risco de formação de trombos. Na eventualidade destes coágulos sanguíneos saírem do coração para a circulação sanguínea, podem chegar ao cérebro havendo o risco de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) isquémicos, com as já conhecidas sequelas e diminuição da qualidade de vida dos doentes.

Quais são os sinais e sintomas da doença?

A fibrilhação auricular é muitas vezes uma doença silenciosa sendo primeira e tardiamente diagnosticada após um evento como um AVC. Noutros casos pode-se manifestar com sensação de palpitações (descoordenação de batimentos cardíacos), taquicardia (batimentos acelerados e irregulares), tonturas, sensação de desmaio, dispneia (dificuldade em respirar), cansaço ou dor torácica (sensação de aperto no peito).

Como é que se deteta esta arritmia?

Para o diagnóstico desta arritmia, não são necessários exames complexos. O mais simples é a avaliação do pulso, embora este não seja um método fidedigno, é o que está disponível a todos. O exame preconizado para o diagnóstico é o eletrocardiograma.

No entanto, nem sempre as pessoas têm esta arritmia de forma sustentada, tendo períodos em que estão com fibrilhação auricular e outros em que o coração bate regularmente. Nestes casos, o diagnóstico pode ser mais difícil, sendo necessário realizar um Holter durante 24 horas (uma monitorização por eletrocardiograma durante um dia inteiro) ou até durante mais dias. Pode ainda ser preciso a colocação no corpo de um dispositivo chamado de detetor de eventos, naqueles casos em que a suspeita da doença é alta, mas não se detetou a arritmia de mais nenhuma forma.

Estão também já disponíveis alguns aparelhos, aplicações e relógios com ligação ao telemóvel que ajudam na deteção desta arritmia. Porém, o seu uso deve ser feito com cuidado pois muitos não estão validados pelas sociedades médicas europeias.

Como é que se trata ou se tenta evitar o seu aparecimento?

Para se tratar a fibrilhação auricular é importante considerar, acima de tudo, dois aspetos: controlar a velocidade a que bate o coração e evitar o aparecimento de coágulos no coração.

No primeiro caso usam-se alguns comprimidos que ajudam a desacelerar os batimentos cardíacos, podendo, em algumas situações de gravidade, ser necessário a hospitalização, com tratamentos mais complexos, para que seja possível este controlo.

Para evitar a formação de trombos e coágulos, o tratamento preconizado é o uso de anticoagulantes orais. Em Portugal, como no resto do mundo, são cada vez mais prescritos os Novos Anticoagulantes Orais (NOAC) pela sua facilidade de toma e gestão. Nalguns casos específicos de fibrilhação auricular é ainda necessário recorrer-se à varfarina. Em casos muito particulares e selecionados, pode ainda ser preciso fazer uma pequena cirurgia para se encerrar o local do coração onde estes coágulos são mais frequentemente formados.

Acima de tudo é igualmente importante evitar certos comportamentos que facilitam o aparecimento desta doença: o consumo de tabaco, bebidas alcoólicas ou de drogas, o stress, o sedentarismo, a toma incorreta de medicação ou o consumo de cafeína em excesso. Existem ainda algumas doenças que, quando não controladas, facilitam o aparecimento da fibrilhação auricular: a obesidade, a diabetes, a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial, a doença coronária ou a síndrome de apneia obstrutiva do sono.

Autor: 
Dra. Patrícia Afonso Mendes - Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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