Semana do Ritmo Cardíaco

Fibrilhação Auricular pode levar a complicações graves e potencialmente fatais

Atualizado: 
09/06/2021 - 11:06
Caracterizada por batimentos cardíacos rápidos e irregulares - mais frequentemente entre 80 a 160 batimentos por minuto -, a Fibrilhação Auricular é a arritmia cardíaca mais comum em todo o mundo.

Muitas vezes assintomática, chegando a ser considera uma doença silenciosa, a Fibrilhação Auricular pode, no entanto, manifestar-se através da “descoordenação dos batimentos cardíacos, da apresentação de uma pulsação rápida ou lenta, mas irregular, tonturas, sensação de desmaio ou de perda do conhecimento”. A dificuldade em respirar sem causa aparente, o cansaço ou a sensação de aperto no peito são sintomas particularmente relevantes, sobretudo, em idades mais avançadas, pelo que deve estar atento.

De acordo com o cardiologista, Vergílio Schneider, esta arritmia cardíaca pode ocorrer em casos de insuficiência cardíaca, isto é, “quando coração não consegue bombear o sangue de forma eficiente”. E alerta: “Entre as doenças cardiovasculares com origem hereditária, a Fibrilhação Auricular é, de facto, uma das complicações mais frequentes”.

Segundo o especialista, a irregularidade de batimentos ou contrações mecânicas que a caracteriza “facilita a eventual formação de coágulos no interior das cavidades cardíacas, que caso entrem na circulação sanguínea podem provocar fenómenos tromboembólicos em qualquer parte do corpo, sendo particularmente perigoso se atingirem artérias cerebrais causando o temido AVC”.

Esta relação perigosa justifica-se pelo facto de a Fibrilhação Auricular comprometer a capacidade contráctil das aurículas, que deixam de funcionar. “Como consequência, o esvaziamento de sangue para os ventrículos passa ser menos eficiente e o sangue passa a circular mais lenta e irregularmente com tendência a formar trombos. Estes trombos podem deslocar-se e entrar na circulação, ocluindo um vaso sanguíneo”, explica Vergílio Schneider acrescentando que como a “circulação cerebral é atingida com mais frequência e com mais gravidade, por isso se diz que o principal risco desta arritmia é o AVC (e com ele sequelas graves e uma mortalidade acentuada)”.

No entanto, esta pode conduzir ainda a insuficiência cardíaca, demência ou morte súbita.

A realização de exames médicos como o eletrocardiograma ou o Holter são essenciais para um diagnóstico concreto de Fibrilhação Auricular. “No entanto, a medição regular do pulso é uma ótima forma de vigiar o ritmo cardíaco. Simples e muito fácil de fazer regularmente, pode ajudar-nos a detetar atempadamente eventuais irregularidades”, sublinha o médico.

“Em Portugal, no seguimento do que acontece em toda a Europa, as normas aconselham a maioria dos doentes, dependendo da pontuação de um score de risco, a tomar um dos Novos Anticoagulantes Orais, também conhecidos como NOACs”, revela quanto ao tratamento. Segundo o especialista, esta medicação pode ser tomada uma ou duas vezes por dia, consoante a terapêutica escolhida pelo médico. “Esta última opção tem a vantagem de aumentar a adesão à terapêutica e tornar a janela terapêutica mais regular, sem picos, logo, com redução do risco de hemorragias”, refere.

Sabendo que a prevalência da Fibrilhação Auricular aumenta com a idade – “entre os 70 e 80 anos, estima-se que ronde os 6,6%, um número que sobe para 10,4%, depois dos 80 anos de idade –, e que esta é uma variável que não podemos controlar, o médico alerta para a necessidade de “alterar comportamentos de risco e seguir escrupulosamente as indicações médicas”.

“A falta de controlo da Fibrilhação Auricular aumenta o risco de AVC em 5 vezes e o mesmo descontrolo triplica o risco de insuficiência cardíaca e duplica o risco de demência e de morte”, reforça o cardiologista insistindo para que preste atenção aos sinais que o seu corpo lhe transmite. É que “o diagnóstico precoce das arritmias cardíacas pode revelar-se essencial na prevenção de complicações graves e potencialmente fatais”.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock