Férias ao sol: os cuidados a ter
Entre os principais riscos da exposição solar prolongada ou sem proteção está o desenvolvimento de tumores cutâneos que poderiam ser evitados se fossem seguidos os principais conselhos médicos. No entanto, a realidade é que todos os anos são diagnosticados mil novos casos de cancro de pele, só em Portugal.
De acordo com Rita Teixeira de Sousa, oncologista no Centro Hospitalar Lisboa Norte e Hospital Lusíadas Lisboa, existem “3 tipos principais de cancro de pele: o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma”.
“O carcinoma basocelular é a forma mais comum, mas também a menos perigosa deste tipo de cancro”, revela sugerindo que este represente 65% de todos os cancros cutâneos. Este pode surgir como uma lesão saliente e com coloração ou como uma ferida que persiste em não cicatrizar, e quando não tratado, pode atingir tecidos mais profundos.
“O carcinoma espinocelular é o segundo tipo mais comum de cancro de pele, que aparece em áreas da pele muito expostas ao sol (cara ou couro cabeludo) como uma superfície mais elevada e com crosta. Pode ulcerar e localmente pode ser muito invasivo, pelo que deve ser excisado com margens de segurança”, descreve a especialista em oncologia acrescentado que estes, embora não metastizem, podem reincidir, pelo que é necessário redobrar a vigilância.
O melanoma, embora seja mais frequente entre os mais velhos, pode atingir pessoas de qualquer idade. Este pode desenvolver-se a partir de qualquer sinal do corpo pelo que se deve ter atenção a variações de tamanho, forma, cor ou textura. “Outros sintomas que surgem quando se desenvolve um melanoma são: o aparecimento de pequenas crostas, comichão num sinal já existente, hemorragia e/ou não cicatrização do mesmo”, explica a médica.
Embora as causas exatas para o seu aparecimento não estejam totalmente estabelecidas, sabe-se que existem fatores de risco conhecidos. “O reconhecimento destes permite a identificação de indivíduos para serem adotados cuidados para a sua prevenção”, revela. Tome nota:
- A exposição à radiação UV é o principal fator de risco para a ocorrência de melanoma. O risco de aparecimento de cancro de pele/melanoma está relacionado com o padrão e duração de exposição solar, mas pode ocorrer tanto em pessoas com exposição contínua como intermitente, pelo que são essenciais cuidados adicionais.
- Alguns tipos de pele são mais sensíveis à radiação UV, por exemplo, as peles mais claras e pessoas com olhos claros. “As pessoas que correm mais riscos são as pessoas ruivas ou loiras e com sardas”.
- Os sinais resultam de acumulação de melanócitos (células que produzem melanina, substância que é responsável pela coloração) à superfície da pele. O número elevado de sinais no corpo e com irregularidades (assimetria, mudança de cor, bordas irregulares e aumento de tamanho) aumentam o risco de desenvolver melanoma.
- O risco de desenvolver melanoma aumenta com a idade. No entanto, pode ocorrer em qualquer idade.
- As pessoas que já tiveram um diagnóstico de melanoma, têm maior risco de ter um segundo tumor.
- Cerca de 10% dos doentes com melanoma têm histórico familiar da doença. Existem mutações associados a um maior risco familiar, como por exemplo: no gene CDKN2A; BRCA; MCR1.
Como desfrutar do sol em segurança?
A prevenção continua a ser a melhor forma para diminuir a incidência do cancro de pele e, embora se verifiquem alterações positivas de comportamento por parte dos portugueses, “é essencial continuar a apostar na consciencialização para os perigos da exposição solar incorreta e excessiva, e sensibilizar as pessoas para vigiarem os seus próprios sinais”, apela a médica oncologista.
Assim, para evitar riscos, nesta época do ano, seja na praia, piscina ou campo, deve usar sempre protetor solar com fator de proteção adequado ao tom de pele, renovando a sua aplicação com frequência, evitar a exposição solar nas horas de maior calor, usar chapéu e os óculos de sol, e manter-se hidratado.