A expressão da doença valvular cardíaca na população sénior
A doença valvular cardíaca, como o seu nome remete, envolve as quatro válvulas que constituem o coração (tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica), as quais permitem que o sangue passe ou não para o interior do coração. Com a idade e a presença de fatores de risco como alguns tipos de infeções, doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes, estes “mecanismos” deterioraram-se e, naturalmente, alteram o fluxo sanguíneo no coração.
A estenose aórtica é a doença valvular cardíaca mais comum no mundo e estima-se que afete cerca de 32 mil portugueses, a maioria com mais de 70 anos. Nesta condição, a válvula aórtica, responsável por enviar o sangue para a artéria aorta sem que ele volte para trás, fica mais estreita e deixa de abrir completamente, o que impede que o fluxo sanguíneo seja transportado devidamente para fora do coração.
Já em segundo lugar situa-se a insuficiência mitral, que é uma patologia que tem uma prevalência mais acentuada nos homens e que aumenta, também, com a idade. A válvula mitral é a válvula que permite a passagem do sangue da aurícula esquerda para o ventrículo esquerdo, evitando que o sangue volte para trás quando é bombardeado para o resto do corpo. Na insuficiência mitral verifica-se um refluxo de sangue e, à medida que o ventrículo esquerdo envia o sangue para a aorta, uma percentagem dele regressa à aurícula esquerda. Este funcionamento deficiente aumenta o volume de sangue e a pressão no local, fazendo com que seja bombeado menos sangue para a circulação e a pressão do sangue nas veias pulmonares aumente.
Este tipo de doenças são assintomáticas em fases iniciais, contudo a presença de alguns sintomas deve motivar uma consulta com o médico, nomeadamente:
- Falta de ar;
- Desconforto no peito;
- Fadiga;
- Desmaios;
- Coração aos pulos ou palpitações;
- Inchaço em zonas como as pernas.
Estes pequenos alarmes são sintomas muitas vezes negligenciados pelos portugueses e o adiamento da ida ao médico, aliado com a falta de informação, é comum. No entanto, o diagnóstico atempado é, em muitos casos, o fator que decide ou não a fatalidade.
Procedimentos simples como a auscultação, ecocardiografia com doppler e, numa fase de confirmação, um cateterismo cardíaco podem prolongar e salvar vidas. Um estilo de vida saudável e ativo, aliado a consultas regulares podem decidir o rumo da sua vida e do seu coração. Não tenha medo do diagnóstico.