Envelheça a sorrir para a vida
Segundo o Barómetro da Saúde Oral de 2022, desenvolvido pela Ordem dos Médicos Dentistas, 67.4% dos portugueses visitam o médico dentista, apenas uma vez por ano. Com o passar dos anos, a probabilidade de desenvolver doenças na boca aumenta, o que torna a aposta na prevenção ao longo da vida uma decisão essencial.
A população sénior e o papel do cuidador
Com o aumento mundial da esperança média de vida, há uma necessidade acrescida de atuar com mais incisão e cuidado nesta faixa etária. Não só porque normalmente têm outras patologias sistémicas associadas, mas também, porque têm um aumento acrescido da dificuldade de destreza na realização da sua higiene oral e mobilidade/deslocação a um profissional de saúde, estando assim mais dependentes da ajuda de terceiros.
O cuidador tem um papel fundamental a ajudar o sénior a manter uma correta higienização da sua boca e na ajuda a deslocar-se com regularidade a consultas de medicina dentária. Assim, irá contribuir para o seu bem-estar e aumento da sua auto-estima, contrariando a crença popular que envelhecer é sinónimo de perda da dentição. Contudo, relativamente à faixa etária de mais de 65 anos, segundo o III Estudo Nacional de Prevalência das doenças orais (2015), apenas 53,2% escova os dentes 2 ou mais vezes por dia e 82,9% nunca utiliza o fio dentário.
Em resumo, contrariando estes dados, com uma boa higiene oral e visitas frequentes ao médico dentista, os dentes podem durar a vida toda.
Quais as consequências de uma má higienização oral nos seniores?
Segundo a FDI, estima-se que 2,3 mil milhões de pessoas de toda a população mundial apresente cáries dentárias em dentes definitivos, sendo esta uma das principais causas da destruição e perda dos dentes. Esta situação tem graves consequências a nível físico e emocional.
Com a perda de dentes, a mastigação torna-se mais difícil, verificando-se a tendência de escolher alimentos mais fáceis de mastigar e, consequentemente, um aumento do desequilíbrio nutricional e possibilidade do aparecimento ou agravamento de outras doenças sistémicas. Quanto ao nível emocional, a falta de dentes afeta tanto a auto-estima, como a dificuldade de comunicação interpessoal, o que pode criar mais isolamento social e, em alguns casos, levar à depressão.
A falta de higiene pode também provocar o aparecimento de doenças inflamatórias dos tecidos de suporte dos dentes. Inicialmente nas gengivas (gengivite), avançando, se não for tratada, para os tecidos mais profundos, nomeadamente o osso e o ligamento periodontal, conduzindo a periodontite. A doença periodontal é também uma das principais causas da perda de dentes. Cerca de 39,4% da população com mais de 65 anos (III Estudo Nacional de Prevalência das doenças orais - 2015) apresenta hemorragia gengival e pelo menos, 15,3% apresenta periodontite.
Como evitar estas consequências?
O segredo para manter uma boa saúde oral passa pela prevenção e por uma rotina de higiene adequada às necessidades. Hábitos fundamentais:
- Escovar os dentes duas vezes por dia, de manhã e à noite.
- Trocar de escova de dentes de 3 em 3 meses.
- Usar pasta de dentes com flúor, que torna os dentes mais fortes e previne as cáries.
- Limitar o consumo de alimento e bebidas açucaradas, principalmente entre refeições.
- Consultar o seu médico dentista com regularidade.
- Se usar prótese dentária, deve escová-la diariamente, de forma a eliminar os resíduos e bactérias acumuladas, prevenindo assim, o aparecimento de outro tipo de doenças.
Soluções de reabilitação oral
Existem várias soluções que vieram revolucionar a medicina dentária e ajudar na reposição dos dentes perdidos.
Os implantes dentários, por exemplo, são colocados no osso por baixo da gengiva, ajudam a estabilizar próteses e coroas, permitindo mais conforto na mastigação e confiança para voltar a sorrir. Além destas vantagens, o processo de recuperação é bastante rápido.
As próteses removíveis dentárias são também uma solução para preencher o espaço deixado pela perda de dentes. Estas próteses devem ser removidas para higienização e são uma solução mais económica, mas que ajudam igualmente a melhorar a mastigação e a recuperação da estética do sorriso.
Outra opção, quando as raízes dos dentes ainda estão saudáveis, são a colocação de coroas ou pontes fixas sobre essas raízes.
Conclusão
Os séniores têm neste momento novos objetivos e metas mais desafiantes a atingir, o que antigamente não acontecia. Uma higienização correta, a consulta regular com o seu médico dentista e a reabilitação de zonas desdentadas/cariadas contribui tanto a nível funcional como emocional para ajudar a atingir esses resultados e melhorar substancialmente a qualidade de vida.