Entre os 50 e 59 anos, 1 em cada 2 mulheres portuguesas tem baixa autoestima
Sabemos que a satisfação com o corpo é uma componente importante na saúde e no bem-estar das mulheres, em todas as faixas etárias. A menopausa pode por isso, afetar negativamente a construção da autoimagem, uma vez que alguns destes sintomas alteram os padrões sedimentados na nossa cultura de beleza, de juventude e fertilidade. As mulheres com a entrada na menopausa não se sentem muito positivas no que refere à sua aparência e forma física, apresentando maiores sentimentos de inferioridade e de insatisfação em relação ao corpo. Num mundo com grande apelo à sexualidade e forte associação entre sensualidade e juventude, somado, muitas vezes, com a saída dos filhos de casa e mudanças na rotina, a mulher pode ter dificuldades para se sentir feliz e realizada. O processo de envelhecimento, apesar das mudanças na última década, continua a ser visto por muitas pessoas e pela própria sociedade como uma etapa “má” da vida, muitas vezes rejeitado por uma desvalorização interna, e como consequência, acarreta para muitas, um golpe na sua autoestima.
A imagem corporal é um dos componentes da autoestima, portanto, entende-se o fato de muitas mulheres na meia idade se sentirem insatisfeitas com a sua imagem e esta relação da beleza com o envelhecimento pode afetar substancialmente a sua auto perceção, visto que, na cultura ocidental, o corpo velho está associado a algo feio e improdutivo. As mulheres à medida que envelhecem procuram atenuar as marcas do envelhecimento (rugas, manchas, flacidez.), com procedimentos estéticos cada vez mais em voga, uns menos, outros mais invasivos que outros, (laser, toxina botulínica, preenchimentos faciais, técnicas que estimulam síntese de colágeno e procedimentos para redução de medidas corporais), como recurso de melhorar ou mesmo manter a autoestima, uma vez que a imagem corporal se relaciona em grande parte, com a realização e a felicidade.
Vivemos tempos de mudança, e se por um lado as mulheres na meia idade podem sofrer alterações na sua autoestima, observamos que são cada vez mais as crianças e jovens que apresentam uma autoestima insuficiente, e que muito se deve ao fenómeno de exposição às redes socias. É preciso começar a olhar para a saúde mental das meninas.
As mulheres sofrem, desde cedo, uma forte influência social relacionada à estética e aos diversos papéis sociais que devem representar. Elas devem ser inteligentes, bonitas, fortes, amáveis, competentes, mães, esposas e lindas, expectativas, muitas vezes excessivas, que só aumentam conforme amadurecem. As redes sociais acabam por potencializar essa procura pela perfeição, contribuindo para o desenvolvimento de quadros depressivos e de uma insatisfação permanente.
Observa-se uma incapacidade dos jovens em dissociar a virtualidade do mundo real, e todos os conteúdos que consomem, são percecionados como reais, com total ausência de sentido critico. Isto é um fator de risco severo na construção da autoimagem e por conseguinte da autoestima. Esta pressão estética impacta as mulheres desde a infância e distorce a perceção da própria imagem, daí a importância da autoestima se cultivar desde cedo.
Importa por isso, percebermos primeiramente que não há uma fase da vida em particular para que haja investimento na autoestima, este é um trabalho que deve ser feito desde sempre, durante toda a nossa vida. Enquanto agentes educativos devemos promover a autoestima nas nossas crianças e jovens e enquanto adultos, adotar uma relação de amor connosco, caso contrário, a autoestima nunca será boa.
O segredo é, aprender a gostar de si mesma durante a vida toda. Cada pessoa vive seu próprio processo, mas é uma pena que as mulheres tenham um ponto de partida tão baixo. Não tanto pela comparação com os homens, mas sim consigo mesmas. A nossa autoexigência muito dura impede-nos em larga medida, de sermos livres, levando-nos muitas vezes a sofrer a síndrome do impostor com mais frequência que os homens e em relação às outras mulheres. A arte de amar a si mesma, é a resolução para um bem-estar permanente consigo, nos vários domínios da vida.