Visão e diabetes

Edema Macular Diabético: mau controlo da diabetes dita gravidade da doença

Atualizado: 
25/11/2019 - 13:19
A diabetes mal controlada é o principal fator de risco do Edema Macular Diabético, uma condição que, apesar de ser mais frequente em doentes mais velhos e com mais anos de diabetes, se pode desenvolver em qualquer idade. Quando não tratado pode conduzir à perda irreversível da visão.

Edema Macular Diabético é uma das mais graves complicações da diabetes, estimando-se que seja a principal causa de cegueira em idade ativa. É que, embora seja mais frequente em idades mais avançadas, o risco aumenta quantos mais anos de diabetes o doente tiver, estimando-se que a perda de visão atinja cerca de 5% dos doentes diabéticos com mais de 15 anos de diagnóstico.

O Edema Macular Diabético ocorre em resultado do excesso prolongado de açúcar no sangue que conduz a alterações estruturais nos vasos da retina. Quando a diabetes não está controlada, os vasos sanguíneos da retina tornam-se mais permeáveis deixando que líquidos, proteínas e outras moléculas atinjam e se acumulem na região da mácula - uma estrutura situada na região central da retina que tem como função receber e traduzir a imagem para o cérebro -, dando origem ao edema macular diabético.

Para além da hiperglicemia, existem outros fatores de risco que podem condicionar o desenvolvimento da doença. “Um deles é a hipertensão arterial, que aumenta a prevalência do Edema Macular Diabético em 40% (…) e a dislipidemia, a saber, o colesterol e/ou lípidos elevados”, esclarece Eugénio Leite, especialista em oftalmologia.

Embora possa não apresentar sintomas em suas fases iniciais, manifestações como visão turva ou distorcida, alteração cromática e fotofobia marcada surgem no decurso da doença que, quando não diagnosticada, ou tratada corretamente, pode evoluir para a perda completa e irreversível da visão central.

O seu diagnóstico é feito “através de exame à retina ou fundo do olho”. De acordo com o especialista, “tradicionalmente, são efetuadas angiografias fluoresceínicas (AF) e/ou retinografias”. “No entanto, nas AF colocam-se alguns aspectos menos cómodos para o doente: a necessidade de dilatar a pupila (logo, perturbação da visão durante algumas horas); a injeção de fluoresceína com a possibilidade de reação adversa; e, por último, o exame em si: fotografia com flash contínuo durante um período inicial de dois minutos”, adverte referindo que, em alternativa, a tomografia de coerência ótica angiográfica (OCTA) “permite efetuar tudo, sem dilatar, sem injetar qualquer produto e sem uso de flash” e com a vantagem de apresentar melhor resolução.

Quanto ao tratamento, Eugénio Leite aponta duas opções terapêuticas: a tradicional, com tratamento a laser árgon, que tem como objetivo “fechar” os vasos sanguíneos que apresentam vazamento na retina, ou “a mais recente, através da administração de injeções intravítreas de corticoide ou anti-VEGF, cujos resultados são muito eficazes e promissores”. Estas injeções anti-VEGF para além de travar a progressão do Edema Macular Diabético conseguem, em alguns casos, até recuperar parte da visão perdida.

Uma vez que a gravidade ou a evolução desta doença está diretamente relacionada com a evolução da diabetes, é necessário que o doente diabético tenha alguns cuidados como: “controlo metabólico, controlo dos fatores de risco, cumprimento de terapêuticas instituídas, cuidados alimentares, efetuar exercício físico, em suma, ter uma vida saudável”, explica Eugénio Leite.

Além disso, deve consultar um médico oftalmologista uma vez por ano. “Este tempo será encurtado conforme a gravidade da retinopatia diabética e/ou do Edema Macular Diabético”, frisa.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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