As Doenças Reumáticas hoje
Sobre as doenças reumáticas continuam curiosamente a existir, no século XXI, muitas ideias erradas! A que se deverá esta falta de informação? Desinteresse, desvalorização ou não compreensão? Vivemos no mundo da informação em que o acesso é fácil e diversificado! A multiplicidade de situações, afetando pessoas de diferentes idades e com manifestações que se podem estender muito além dos ossos, músculos e articulações poderá justificar em parte esta realidade. Será difícil aceitar que uma doença reumática possa afetar órgãos/sistemas tão diferentes como a pele, os olhos, o intestino, o coração ou os rins! Torna-se intrigante! Noutra perspetiva, as dores osteoarticulares poderão ser justificadas pelo excesso de trabalho, pelos esforços realizados no dia-a-dia em atividades pessoais e de lazer, por posturas incorretas ou simplesmente atribuídas ao passar dos anos!
A informação sobre estas doenças deverá, neste contexto, ser reforçada! É verdade que muitas das situações músculo-esqueléticas se resolvem espontaneamente ou com medidas terapêuticas simples. É, porém, também verdade, que algumas doenças, em particular as doenças reumáticas inflamatórias, como a artrite reumatoide, as espondiloartrites, o lúpus eritematoso sistémico (as mais frequentes), poderão causar danos irreversíveis. Se não forem diagnosticadas e tratadas adequadamente, numa fase inicial do seu desenvolvimento, poderão levar a deformações graves que podem determinar incapacidade e perda da qualidade de vida. É assim importante que o cidadão possa reconhecer os sinais e sintomas de ALERTA para estas situações e que possa assumir uma atitude proactiva no seu diagnóstico! As dores que persistem por mais de quatro semanas e que se agravam com o repouso devem causar suspeição! A atitude correta é procurar o Médico de Família que ajudará a esclarecer a situação e em caso de dúvida, fazer a referenciação a uma consulta de Reumatologia.
Os sistemas de saúde dispõem atualmente de meios que possibilitam o diagnóstico e o adequado acompanhamento dos doentes bem como de opções terapêuticas que podem permitir um bom controlo destas situações. Assim o grande objetivo é atingir a remissão, ou seja, o total controlo dos sinais e sintomas da doença e a paragem da sua progressão. Pretende-se, pois, que estas doenças crónicas fiquem “adormecidas”! Se o conseguirmos fazer, numa fase inicial, poderemos ter doentes sem qualquer deformação e com uma vida inteiramente normal. É importante não perder tempo! Porém, para o SUCESSO do tratamento é vital uma boa parceria entre médico e doente! Este deverá expor as suas dúvidas e obter informações sobre a doença, a forma como poderá evoluir e as suas consequências. Deverá também informar-se sobre as diferentes opções de tratamento, dos seus benefícios e riscos. Acredito que o doente atual terá ainda a possibilidade de ter apoio de uma equipa multidisciplinar, constituída por enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, médicos de outras especialidades. Não estará sozinho!
No contexto atual, as doenças reumáticas devem ser encaradas com otimismo, mas apostando sempre na precocidade do diagnóstico, na precocidade do tratamento e num acompanhamento rigoroso!