Sintomas e cuidados

As doenças mais frequentes no verão

Atualizado: 
03/07/2024 - 10:37
O verão é uma época em que todos gostamos de estar expostos ao sol e aproveitar o calor. Isso leva a que algumas doenças possam ser mais prevalentes.

Desidratação e Insolação

Ao nos expormos ao sol diretamente aumentamos a propensão de podermos sofrer de desidratação com maior facilidade. Podendo esta traduzir-se em sensação de fraqueza, dor de cabeça ligeira, mucosas como os olhos e boca secos, longos períodos sem urinar e aumento da irritabilidade. O seu tratamento consiste na ingestão de água e líquidos, evicção da exposição solar. Em caso de manutenção dos sintomas ou em caso de agravamento de alguma sintoma de doenças crónicas como doenças cardíacas ou renais, recorrer a orientação médica.

No caso da Insolação esta resulta num descontrolo da temperatura corporal por exposição excessiva e/ou desprotegida ao calor. Os sintomas podem assemelhar-se a um quadro gripal e incluem mal-estar, fraqueza, febre alta, dificuldade para respirar, batimentos cardíacos acelerados, vómitos, tonturas e até desmaios e queimaduras na pele em situações mais graves. A melhor forma de tratar é garantir uma boa hidratação, medicação antipirética em caso de febre e evitar a exposição solar durante 24 a 48 horas até recuperação total. Em caso de vómitos fazer hidratação lenta até conseguir parar os vómitos e vigiar sintomas de alarme como confusão mental e descompensação de doenças crónicas.

A melhor forma de prevenir estas situações é:

  • procurar ambientes frescos e arejados
  • beber água ou sumos naturais com regularidade e mesmo que não tenha sede, garantindo uma ingestão de pelo menos 2l dependendo do grau de transpiração podendo ser necessário a ingestão de até 2,5l ou 3l de água.
  • evitar o consumo de bebidas quentes, alcoólicas, gaseificadas, com cafeína e ricas em açúcar
  • evitar a exposição direta ao sol nas horas de maior calor, nomeadamente entre as 11 e as 17 horas
  • aplicar protetor solar com fator 30 ou superior de 2 em 2 horas
  • usar roupas leves, soltas e de cor clara e preferencialmente de algodão e utilizar chapéu e óculos de sol
  • evitar atividades que exijam grandes esforços físicos, como desporto ou atividades de lazer no exterior, nas horas de maior calor e reforçar adicionalmente a hidratação antes durante e após o exercício.
  • não permanecer dentro de viaturas estacionadas e expostas ao sol
  • fazer refeições leves e comer mais vezes ao dia
  • ter uma atenção especial face aos grupos de pessoas mais vulneráveis ao calor (crianças nos primeiros anos de vida, pessoas com 65 ou mais anos, portadores de doenças crónicas, pessoas que desenvolvem atividade no exterior, expostos ao sol e/ou ao calor, pessoas isoladas e em carência económica e social

Queimaduras solares

As queimaduras solares podem surgir em qualquer zona do corpo exposta ao sol e resulta de uma exposição excessiva a radiação Ultravioleta. Os principais sintomas são vermelhidão, dor e ardência da região de queimadura.

Para a sua prevenção é essencial o uso de protetor solar com fator de proteção elevado, aplicado de forma homogénea e generosa, preferencialmente até 30min antes da exposição ao sol e renovado a cada 2 horas. Adicionalmente a utilização de roupa com proteção para raios ultravioleta e a evicção das horas de maior incidência de raios UV entre as 11 e as 17h.

Em caso de suspeita de queimadura mesmo que leve, é essencial a lavagem da pele com produtos neutros, aplicação de creme hidratante várias vezes ao dia, ingestão abundante de água e não se expor novamente ao sol até recuperação total. A prevenção passa pela escolha correta do fator de proteção, evitar exposição entre as 11h e 17h, bem como o uso de chapéu, óculos de sol e roupa de algodão ou com proteção solar.

Picadas de inseto

No verão as picadas de insetos são muito comuns, maioritariamente as picadas de mosquito, mas também as de abelha ou aranhas. A maior probabilidade de picada acontece em locais com águas paradas como lagos, locais de maior vegetação e ao pôr do sol.

Os sintomas mais comuns das picadas são dor, inchaço ligeiro e comichão no local da picada. Deve ser prestada maior atenção a sinais de infeção, como vermelhidão, endurecimento e aquecimento da área. Estes poderão necessitar de avaliação médica caso o tratamento simples com limpeza da zona afetada com soro fisiológico e aplicação de compressas frias para acalmar, podendo recorrer-se a anti-histamínicos ou analgésicos para aliviar a dor. Para prevenir estas situações, é fundamental o uso de repelentes adequados à idade.

Nas pessoas com alergia conhecida à picada de inseto as medidas de prevenção devem ser respeitadas ao máximo e devem se acompanhar da sua medicação habitual de crise.

Gastroenterite aguda/Intoxicação alimentar

A gastroenterite aguda é uma patologia que pode surgir em qualquer altura do ano, a sua maior prevalência no verão, está associada à conjugação de temperaturas mais elevadas e práticas menos cuidadosas em relação à alimentação, ingestão de água e higiene das mãos. A maioria dos casos é causada por vírus, embora também possa ser causada por bactérias ou parasitas. Os sintomas mais comuns são diarreia, náuseas, vómitos e dor abdominal, com ou sem febre. A principal complicação é a desidratação, sendo a base do tratamento a reidratação oral com soluções adequadas. Em casos graves, pode ser necessário recorrer a hidratação endovenosa. A prevenção consiste na higiene das mãos e na garantia de uma alimentação saudável, evitando alimentos e água armazenados de forma inadequada.

Otite e Conjuntivite

A maior exposição a água do mar e piscinas bem como a alergénios, pós e areias leva a uma maior propensão a estas duas infecções que habitualmente podem ser víricas ou bacterianas.

Pelo contexto em que surgem no verão a maior probabilidade é que sejam de origem bacteriana.

A conjuntivite, inflamação da conjuntiva, caracteriza-se por vermelhidão dos olhos, inchaço da pálpebra, lacrimejo e comichão. A melhor prevenção passa por lavar o rosto após banhos de piscina ou mar, manter uma boa higiene das mãos e boa hidratação.

O tratamento consiste na lavagem com soro fisiológico e aplicação de gotas oftalmológicas.

A otite externa, caracterizada pela infeção da pele do canal auditivo externo, caracteriza-se por dor e desconforto ao nível auricular. O excesso de humidade no canal consequente ao contacto frequente e prolongado com água facilita a proliferação de micro-organismos.

A melhor prevenção passa por uma boa secagem dos ouvidos após o banho, sem utilização de cotonetes, utilizando apenas a ponta da toalha de forma suave, evitando a fricção excessiva.

O tratamento consiste na aplicação de antibiótico em gotas e analgesia oral, evitando o contacto com a água durante este período. Quando esta situação é recorrente, recomenda-se o uso de tampões.

Autor: 
Dra. Inês Espiga de Macedo - especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital Lusíadas Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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