Doenças Inflamatórias do Intestino: o que precisa saber
As principais doenças inflamatórias do intestino são a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa. “Ambas são doenças crónicas que causam inflamação recidivante do tubo digestivo, que frequentemente evolui por cursos de agudização (crises) e remissão”, começa por explicar a especialista da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.
A Doença de Crohn
A Doença de Crohn localiza-se frequentemente na parte terminal do intestino delgado e pode atingir todos os segmentos do tubo digestivo (desde a boca até ao ânus). A inflamação pode estender-se a todas as camadas da parede digestiva, com formação de úlceras. Além disso, “é tipicamente descontínua e assimétrica, havendo zonas de intestino saudável intercaladas com zonas de intestino inflamado”
A Colite Ulcerosa
A colite ulcerosa tipicamente afeta apenas o intestino grosso. “A inflamação inicia-se no reto distal e estende-se de forma contínua no intestino grosso”, afetando apenas a camada mais interna da parede (mucosa).
Como se manifesta a DII?
“Frequentemente estes doentes têm queixas crónicas de dor abdominal e diarreia”, descreve Marília Cravo.
No entanto, e consoante a gravidade da doença, os doentes podem ainda apresentar outras queixas, nomeadamente extraintestinais, tais como:
- Febre;
- Perda de peso;
- Artrites;
- Dores articulares
- Lesões da pele;
- Manifestações oculares;
- Hepatite;
- Alterações biliares;
- Anemia.
Quais as causas da DII e/ou fatores de risco associados?
Não se conhece exatamente a origem das DII, mas pensa-se que resulta de uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais, do sistema imunitário e da flora intestinal que leva ao desenvolvimento de inflamação crónica no intestino.
No entanto, de acordo com a especialista da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, ter história familiar de Doença Inflamatória do Intestino, sobretudo num familiar de primeiro grau, é o principal fator de risco para desenvolver a patologia. Assim como “a presença de outras doenças de foro imune, como a artrite reumatoide ou psoríase”.
O tabagismo e a exposição a antibióticos, adianta, foram identificados como importantes fatores de risco para a Doença de Crohn.
Quem pode sofrer da doença?
Doenças Inflamatórias do Intestino (DII) podem atingir qualquer pessoa de qualquer género e idade.
No entanto, é tipicamente diagnosticada entre os 15-35/40 anos de idade ou entre os 55-65 anos de vida.
Como se diagnostica a DII?
O diagnóstico de DII, explica Marília Cravo, “é feito com base em elementos de ordem clínica, laboratorial e com base no aspeto da inflamação na endoscopia e nas biopsias recolhidas durante a endoscopia”. Por outro lado, a informação obtida em métodos de imagem (TAC, ressonância) “pode ser útil e complementar para estabelecer o diagnóstico”, salienta.
Como se trata a DII?
Segundo a especialista em gastrenterologia, “o tratamento envolve medicamentos anti-inflamatórios e medicamentos que tentam atenuar a resposta exagerada do sistema imunitário, como os imunomoduladores ou os fármacos biológicos”.
A cirurgia faz parte das opções terapêuticas e está indicada em doentes que não respondem à terapêutica médica ou para o tratamento de complicações da doença.
Quais a principais complicações da DII?
“Na doença de Crohn cerca de 80% dos doentes ao longo dos anos desenvolve estenoses no intestino e/ou fistulas e abcessos, complicações que frequentemente requerem tratamento cirúrgico”, revela a médica.
Por outro lado quando a DII, seja ela colite ulcerosa ou doença de Crohn, atinge o intestino grosso há o risco de desenvolvimento de cancro colorretal, pelo que se aconselha “uma vigilância periódica do intestino”.