Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa

Doenças Inflamatórias do Intestino: o que precisa saber

Atualizado: 
19/05/2022 - 11:40
As Doenças Inflamatórias do Intestino (DII) são doenças crónicas, autoimunes, do tubo digestivo e incluem a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa. Apesar de registarem uma baixa mortalidade, apresentam uma elevada morbilidade tendo um grande impacto na qualidade de vida dos doentes. Neste artigo, com a ajuda da gastrenterologista Marília Cravo, mostramos-lhe o que precisa saber sobre o tema.

As principais doenças inflamatórias do intestino são a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa. “Ambas são doenças crónicas que causam inflamação recidivante do tubo digestivo, que frequentemente evolui por cursos de agudização (crises) e remissão”, começa por explicar a especialista da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

A Doença de Crohn

A Doença de Crohn localiza-se frequentemente na parte terminal do intestino delgado e pode atingir todos os segmentos do tubo digestivo (desde a boca até ao ânus). A inflamação pode estender-se a todas as camadas da parede digestiva, com formação de úlceras. Além disso, “é tipicamente descontínua e assimétrica, havendo zonas de intestino saudável intercaladas com zonas de intestino inflamado”

A Colite Ulcerosa

A colite ulcerosa tipicamente afeta apenas o intestino grosso. “A inflamação inicia-se no reto distal e estende-se de forma contínua no intestino grosso”, afetando apenas a camada mais interna da parede (mucosa).

Como se manifesta a DII?

Frequentemente estes doentes têm queixas crónicas de dor abdominal e diarreia”, descreve Marília Cravo.

No entanto, e consoante a gravidade da doença, os doentes podem ainda apresentar outras queixas, nomeadamente extraintestinais, tais como:

  • Febre;
  • Perda de peso;
  • Artrites;
  • Dores articulares
  • Lesões da pele;
  • Manifestações oculares;
  • Hepatite;
  • Alterações biliares;
  • Anemia.

Quais as causas da DII e/ou fatores de risco associados?

Não se conhece exatamente a origem das DII, mas pensa-se que resulta de uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais, do sistema imunitário e da flora intestinal que leva ao desenvolvimento de inflamação crónica no intestino.

No entanto, de acordo com a especialista da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, ter história familiar de Doença Inflamatória do Intestino, sobretudo num familiar de primeiro grau, é o principal fator de risco para desenvolver a patologia. Assim como “a presença de outras doenças de foro imune, como a artrite reumatoide ou psoríase”.  

O tabagismo e a exposição a antibióticos, adianta, foram identificados como importantes fatores de risco para a Doença de Crohn.

Quem pode sofrer da doença?

Doenças Inflamatórias do Intestino (DII) podem atingir qualquer pessoa de qualquer género e idade.

No entanto, é tipicamente diagnosticada entre os 15-35/40 anos de idade ou entre os 55-65 anos de vida.

Como se diagnostica a DII?

O diagnóstico de DII, explica Marília Cravo, “é feito com base em elementos de ordem clínica, laboratorial e com base no aspeto da inflamação na endoscopia e nas biopsias recolhidas durante a endoscopia”. Por outro lado, a informação obtida em métodos de imagem (TAC, ressonância) “pode ser útil e complementar para estabelecer o diagnóstico”, salienta.

Como se trata a DII?

Segundo a especialista em gastrenterologia, “o tratamento envolve medicamentos anti-inflamatórios e medicamentos que tentam atenuar a resposta exagerada do sistema imunitário, como os imunomoduladores ou os fármacos biológicos”.

A cirurgia faz parte das opções terapêuticas e está indicada em doentes que não respondem à terapêutica médica ou para o tratamento de complicações da doença.

Quais a principais complicações da DII?

“Na doença de Crohn cerca de 80% dos doentes ao longo dos anos desenvolve estenoses no intestino e/ou fistulas e abcessos, complicações que frequentemente requerem tratamento cirúrgico”, revela a médica.

Por outro lado quando a DII, seja ela colite ulcerosa ou doença de Crohn, atinge o intestino grosso há o risco de desenvolvimento de cancro colorretal, pelo que se aconselha “uma vigilância periódica do intestino”.

 

 

 

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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