Doença Valvular Cardíaca: sabe o que é?
Embora esteja, frequentemente, associada ao envelhecimento, provocada por um desgaste, doença ou dano de uma ou mais válvulas do coração, a doença da válvula cardíaca pode estar ainda presente desde o nascimento, estando associada a doença cardíaca congénita. Seja qual a causa, esta doença representa qualquer mau funcionamento ou anormalidade de uma ou mais das quatro válvulas do coração, que afeta o fluxo de sangue através do coração e que pode resultar no desenvolvimento de insuficiência cardíaca.
De entre as condições que integram o conceito de Doença Valvular Cardíaca, as mais frequentes são a Estenose Aórtica e a Insuficiência Mitral. Falta de ar e cansaço estão entre os principais sintomas de ambas as condições, no entanto, por serem bastante comuns entre a população mais idosa, podem ser facilmente desvalorizados.
Deste modo, importa conhecer e estar atento aos sinais de alerta. É que embora, grave e muito frequente, a Doença Valvular Cardíaca tem tratamento.
Estenose Aórtica
A Estenose aórtica degenerativa é um processo que conduz ao encerramento progressivo da válvula, que se encontra à saída do coração, com redução da quantidade de sangue “bombeada” para todo o corpo. Trata-se de uma obstrução da válvula aórtica.
Deste modo, e uma vez que esta obstrução condiciona uma menor quantidade de sangue que sai do coração em cada batimento cardíaco, há uma menor irrigação dos tecidos levando ao aparecimento de sintomas como cansaço, dor no peito e desmaios.
O diagnóstico da estenose aórtica pode ser confirmado com recurso à auscultação, ecocardiografia (2D, modo M e com doppler). Embora, muitas vezes, seja necessária a realização de um cateterismo cardíaco, sobretudo, se se considerar necessário efetuar um tratamento invasivo para a sua resolução.
O tratamento da estenose aórtica passa pela substituição válvula cardíaca através de cirurgia convencional ou de um procedimento minimamente invasivo, por cateter, conhecido por TAVI.
Entre as principais complicações desta disfunção estão a morte súbita, que aparece em cerca de metade dos doentes que já têm sintomas há mais de 2 anos, a insuficiência cardíaca e a angina de peito.
De recordar que, embora, a estenose aórtica também possa ser diagnosticada em idades mais jovens, se as suas causas forem genéticas ou hereditárias, esta é maioritariamente degenerativa e frequentemente diagnosticada acima dos 70 anos.
Insuficiência Mitral
A insuficiência mitral carateriza-se por um refluxo de sangue pela válvula mitral. Esta condição resulta da incapacidade da válvula mitral de fechar adequadamente quando o coração bombeia sangue do ventrículo esquerdo para a aorta. Consequentemente, existe uma fuga anormal de sangue para trás em direção à aurícula esquerda (regurgitação).
De acordo com Bruno Melica, cardiologista de Intervenção e Membro da Comissão científica Valve for Life e Corações de Amanhã, é “bombeado menos sangue para a circulação e os pulmões ficam como que encharcados em sangue e isto gera a falta de ar e o cansaço”.
A fraqueza hereditária do tecido da válvula mitral, o enfarte agudo do ou as doenças do músculo cardíaco são as causas mais comuns da insuficiência mitral.
O diagnóstico da insuficiência mitral surge após a auscultação de um sopro cardíaco, sendo confirmado com a realização de um ecocardiograma transtorácico, convencional ou um ecocardiograma transesofágico - um exame semelhante a uma endoscopia para avaliação cardíaca com o objetivo de identificar com maior detalhe o funcionamento da válvula mitral, nomeadamente se necessitar de alguma intervenção para esta válvula.
O tratamento passa promover alterações no estilo de vida, com controlo da pressão arterial, perda de peso, prática de exercício físico, toma de medicação para alívio de sintomas e controlo dos batimentos cardíacos.
Nos casos mais graves, a cirurgia da válvula mitral pode ser o tratamento mais indicado, para reparar ou substituir a válvula cardíaca danificada.