Doença periodontal é a condição mais comum em pequenos animais
Mónica Martins, especialista em Estomatologia Veterinária no AniCura Restelo Hospital Veterinário refere que “a doença periodontal causa bastante mal-estar no animal e, quando não tratada, pode evoluir para complicações locais e sistémicas e afetar gravemente a saúde cardiovascular, o processo de digestão e a capacidade de o organismo combater outras doenças”.
A doença periodontal é causada por bactérias que aderem à superfície do dente e se acumulam na cavidade oral, formando a placa bacteriana, que pode calcificar e formar tártaro. As bactérias na placa subgengival causam inflamação e, consequentemente, gengivite e periodontite. Os sintomas mais comuns incluem halitose (mau hálito), eritema gengival, sangramento espontâneo, alterações de cor nos dentes e mobilidade ou perda de dentes.
Explica a especialista que “a prevenção da doença periodontal através da higiene oral realizada pelo cuidador desempenha um papel fundamental, já que previne o desenvolvimento de infeções bacterianas, cáries ou a perda de dentes”. A escovagem diária de dentes, a alimentação cuidada e o uso de antissépticos bucais, assim como as visitas periódicas ao veterinário são passos fundamentais para manter a saúde oral dos pets.
Mónica Martins recorda o caso de um cão de raça Teckel, com 13 anos, que se apresentou à consulta devido a halitose (mau hálito), espirros e corrimento nasal esporádico. “Após exame clínico, observámos uma doença periodontal avançada em todos os dentes, e foi aconselhada a realização de uma cirurgia oral. A equipa realizou análises pré-cirúrgicas e uma ecocardiografia para garantir que era seguro avançar para anestesia geral”. No dia da cirurgia, as radiografias intraorais realizadas a todos os dentes permitiram confirmar a presença de doença periodontal avançada, assim como lesões de reabsorção odontoclástica e a necessidade de extração total dentária. Antes do procedimento, foram realizados bloqueios loco-regionais na cavidade oral para maximizar o conforto do Teckel durante e após a cirurgia.
A cirurgia foi bem-sucedida e o Teckel, reavaliado oito dias após o procedimento, mantinha uma cicatrização adequada na gengiva, com os cuidadores a relatarem que o animal estava confortável, comendo com apetite, sem sinais de desconforto “e com mais vitalidade do que antes do procedimento”, lembra a Dra. Mónica Martins.
A intervenção cirúrgica precoce - idealmente entre os estádios 1 e 2 da doença periodontal - é crucial para evitar a necessidade de extrações dentárias. Contudo, Mónica Martins refere que, “infelizmente, a maioria dos casos chega à clínica em estádios mais avançados, quando a extração dentária é já a única opção”.
Os procedimentos cirúrgicos para a cavidade oral, conhecidos como COHAT (Compreehensive Oral Health Assessment and Treatment, em inglês), envolvem uma avaliação completa e o tratamento da cavidade oral do cão e do gato. O que inclui anestesia, radiografias intraorais, bloqueios nervosos, remoção de tártaro, extrações dentárias, polimento e lavagem da cavidade oral, procedimentos disponíveis nos centros AniCura.
A especialista em Estomatologia Veterinária no AniCura Restelo Hospital Veterinário deixa o alerta: “a maioria das doenças pode ser evitada ou tem tratamento. A adoção de boas práticas de higiene oral diária e visitas regulares ao médico veterinário ajudam a identificar sintomas atempadamente e a evitar que a doença evolua”.
Para saber mais sobre doença periodontal nos animais de companhia visite:
https://www.anicura.pt/referencia-veterinaria/especialidades/odontologia/
Referências:
1. Global Dental Guidelines, World Small Animal Veterinary Association (WSAVA). Acedido em março de 2024. Disponível em: https://wsava.org/global-guidelines/global-dental-guidelines/