Uma das complicações é o Esófago de Barret

Doença do refluxo gastroesofágico não é apenas uma azia e pode ter complicações graves

Atualizado: 
21/02/2024 - 06:07
A doença do refluxo gastroesofágico é um dos distúrbios digestivos mais comuns do mundo. Acontece quando o ácido do estômago sobe, produzindo sintomas e lesões, no esófago. James East, gastroenterologista da Mayo Clinic Healthcare em Londres, diz que, embora comum, esta doença pode trazer complicações graves se for persistente e não for tratada.

A azia é o principal sintoma do refluxo, mas a doença vai muito além disso.

“A doença do refluxo gastroesofágico acontece quando o revestimento do esófago sofre danos provocados pelo conteúdo gástrico”, diz East. Algumas pessoas com refluxo podem sentir um caroço na garganta, ter dificuldades para engolir, dor no peito, tosse ou uma piora de sintomas que lembram a asma.

“Complicações da doença do refluxo incluem esofagite, que é a inflamação na parte inferior do esófago”, explica o médico. “Se ela for persistente, podem-se desenvolver úlceras e estenose”, ou seja, estreitamento do esófago.

Se ela for persistente, mas melhorar, o revestimento do esófago pode mudar para uma forma mais resistente ao ácido, conhecido como esófago de Barrett, ou seja, uma complicação bastante comum do refluxo, de acordo com o especialista.

O esófago de Barrett é uma condição na qual o revestimento do esófago é danificado pelos ácidos gástricos, que faz com que o revestimento fique mais espesso e vermelho. Ao longo do tempo, a válvula entre o esófago e o estômago pode começar a falhar, levando o esófago a sofrer dano ácido e químico.  Em algumas pessoas, a doença do refluxo pode causar uma alteração nas células que revestem a parte inferior do esófago, que leva ao esôfago de Barrett.

Embora a azia frequente possa ser um sinal, muitas pessoas com esófago de Barrett não apresentam nenhum sintoma. Ter esófago de Barrett aumenta o risco de desenvolver cancro. Embora o risco de seja baixo, é importante que as pessoas com esófago de Barrett façam checkups regulares para verificar as células pré-cancerosas. 

As pessoas com alto risco de ter esófago de Barrett incluem: 

  • Homens caucasianos com idades acima de 50 anos
  • Pessoas com histórico familiar de esófago de Barrett ou cancro do esófago
  • Fumadores
  • Pessoas com excesso de gordura abdominal
  • Pessoas com refluxo há mais de cinco anos. 

“Se apresentar três destes fatores de risco, deve procurar despistar esta condição”, revela o médico.

Para identificar o esófago de Barrett é realizada uma endoscopia e uma biópsia do tecido recolhido do esófago para confirmar o diagnóstico.

O tratamento para o esófago de Barrett depende da taxa de crescimento celular anormal no seu esófago e da sua saúde geral. Os primeiros estágios do tratamento podem incluir mudanças no estilo de vida e medicamentos para ajudar a reduzir o refluxo, ou seja, a exposição ao ácido gástrico.

O esófago de Barrett afeta 10 a 15% das pessoas com doença do refluxo, de acordo com James East. Um grupo muito menor enfrenta outro risco.

“Aproximadamente 1 em 200 pacientes com esófago de Barrett desenvolverá adenocarcinoma do esófago”, explica o médico. “O estômago é feito para lidar com condições altamente ácidas, mas o esófago não. Portanto, quando o ácido sobe, esse refluxo danifica as células, substituindo-as por células mais resistentes ao ácido”. 

Assim, para quem sofre da doença, e apesar de existirem tratamentos inovadores, o médico aconselha: “primeiro evite o café, o álcool e tabaco”.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Mayo Clinic
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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