Doença Arterial Periférica: caibras e dor entre os sinais de alerta
O estreitamento ou bloqueio das artérias que levam o sangue para os membros inferiores, corre em resultado da aterosclerose.
De acordo com especialista em Cirurgia Vacular, Ana Afonso, a DAP "tem uma prevalência de cerca de 10% e atinge mais os homens que as mulheres". No entanto, admitindo que metade dos casos são assintomáticos, pode dizer-se que é dificil estimar a sua prevelência.
Quais os fatores de risco?
Segundo a especialista, os fatores de risco para a Doença Arterial Periférica são semelhantes aos das outras doenças cardiovasculares:
- Idade: É mais comum em pessoas com mais de 50 anos, com uma incidência crescente com o envelhecimento.
- Tabagismo: Fumar danifica o revestimento das artérias, acelerando o processo de aterosclerose.
- Diabetes: Indivíduos com diabetes têm um risco aumentado de desenvolver DAP, devido ao impacto negativo do excesso de glicose nas paredes das artérias.
- Hipertensão Arterial: A pressão alta danifica as artérias, tornando-as mais suscetíveis à formação de placas.
- Colesterol Elevado: O excesso de colesterol LDL (o “mau” colesterol) no sangue promove a formação de placas nas artérias.
- Histórico Familiar: Indivíduos com familiares próximos com história de doenças cardiovasculares têm maior probabilidade de desenvolver DAP.
- Sedentarismo e Obesidade: A falta de exercício físico regular e a obesidade também são fatores que aumentam o risco de aterosclerose e, consequentemente, de DAP.
Quais os sintomas?
Nos estagios iniciais a DAP pode ser assintomática, mas à medida que a condição progride, surgem alguns sintomas como:
- Dor ou cãibras nas pernas ao caminhar, especialmente nos musculos gémeos, coxas ou nádegas. Esta dor geralmente alivia após alguns minutos de repouso.
- A região afetada, geralmente o pé ou a perna, pode sentir-se fria devido à redução do fluxo sanguíneo.
- Podem aparecer feridas ou úlceras nos pés ou nas pernas que demoram a cicatrizar, devido à falta de circulação sanguínea adequada.
- A pele da perna ou do pé afetado pode tornar-se pálida, azulada ou arroxeada.
- A circulação insuficiente pode levar a alterações no crescimento das unhas e do pêlo na área afetada.
- Em casos avançados, a dor pode surgir mesmo em repouso, especialmente ao deitar, causando desconforto que melhora ao manter a perna pendente.
Como se trata?
De acordo com a especialista, o tratamento da DAP "apresenta 4 vertentes: a evicção dos fatores de risco, o tratamento médico da aterosclerose de forma a diminuir o risco cardiovascular, tratamento para melhorar os sintomas de claudicação e o tratamento cirúrgico de forma a revascularizar o membro isquémico".
Deste modo a primeira medida passa por alterar o estilo de vida. Parar de fumar é essencial. A prática de exercício físico regular, como caminhadas supervisionadas, também ajuda a melhorar o fluxo sanguíneo.
Para o seu tratatamento, podem ser prescritos medicamentos para controlar a hipertensão, o colesterol e a glicose no sangue (para diabéticos), bem como para prevenir a formação de coágulos.
Em casos de bloqueio severo, pode ser necessário um procedimento minimamente invasivo, como a angioplastia com balão, que alarga a artéria, ou a colocação de stents para manter a artéria aberta.
Em casos graves e quando outras opções não são eficazes, pode ser necessária uma cirurgia para criar um “desvio” ao redor da artéria bloqueada.
Como pode ser prevenida?
Prevenir a DAP passa pela adoção de um estilo de vida saudável e pela avaliação regular, sobretudo quando em presença de fatores de risco. Eis alguns cuidados:
- Parar de fumar reduz significativamente o risco de aterosclerose e DAP.
- Uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, cereais integrais e pobre em gorduras saturadas, ajuda a controlar o colesterol e a manter as artérias saudáveis.
- A atividade física melhora a circulação, fortalece o sistema cardiovascular e ajuda no controlo do peso.
- Manter o colesterol, a glicemia e a pressão arterial dentro dos valores normais é essencial para reduzir a formação de placas nas artérias.
- Especialmente para pessoas com fatores de risco, é recomendável realizar exames regulares, incluindo a avaliação dos pulsos periféricos e, em alguns casos, exames de imagem, como ecodoppler, para detetar sinais precoces de DAP.