Alimentação

A Diabetes: vamos descomplicar?

Atualizado: 
09/07/2024 - 14:45
A alimentação das pessoas com diabetes não precisa de ser restritiva e monótona apenas com alimentos cozidos ou grelhados. Experimentar outras formas de preparar e cozinhar os alimentos, permitir-lhe-á utilizar um maior número de alimentos, com maior variedade de nutrientes e com menor concentração de sal, como por exemplo: cozidos (a vapor), assados (no forno com limão, ervas aromáticas, especiarias e legumes), jardineiras e caldeiradas (com legumes).

Não existe uma dieta única para a população geral e a diabetes não é exceção. Por isso é importante um encaminhamento para uma avaliação individualizada e o estabelecimento de um plano nutricionaladaptado e orientado pelo nutricionista.

Os principais objetivos da alimentação no tratamento da diabetes sãomanter o bom controlo da glicemia, mas também dos níveis de colesterol,triglicéridos, pressão arterial, manter um peso saudável e prevenir as complicações da diabetes.

As pessoas com esta patologia têm uma maior incidência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, estando a hipertensão e as dislipidemias muito associadas sendo necessário um tratamento médico mais próximo e constante mas, na minha opinião, é sobretudo necessário capacitar pessoa com diabetes para a auto-gestão desta doença através do fornecimento de ferramentas para tal.

Existem diversos fatores de risco para a diabetes tipo 2, entre os quais a idade, o excesso de peso e a inatividade física. A redução deste peso felizmente está associada a melhorias na sensibilidade periférica à insulina e quando associada à terapêutica farmacológica e à prática de atividade físicaconsegue-se prevenir ou travar as complicações consequentes desta doença.

Relativamente à quantidade ideal demacronutrientes (hidratos de carbonos, proteínas ou gorduras) não existe um consenso, por esse motivo as quantidades e a distribuição dos mesmos devem ser feitas de forma individualizada, indo ao encontro dos hábitos alimentares, preferências e objetivos metabólicos. Quanto à qualidade dos hidratos de carbono consumidos, sabe-se que a escolha do seu índice glicémico interferirá também com glicémia pós-prandial (ou seja do valor de glicemia após a refeição), por tudo isto os hidratos deverão ser monitorizados não apenas relativamente à quantidade ingerida mas também à sua qualidade para se garantir um bom controlo glicémico.

No que diz respeito à alimentação de uma pessoa diabética esta deve ter como base a roda dos alimentos, pelo que deve ser completa,devendo incluir diariamente alimentos de cada grupo, variada, escolhendo alimentos diferentes de cada um dos grupos e equilibrada no que respeita à quantidade escolhida.

Como recomendações nutricionais a ter em consideração um diabético deverá: 

  • Fracionar a ingestão alimentar ao longo do dia, não saltar refeições e evitar estar muitas horas sem comer; 
  • beber diariamente pelo menos 1,5 litros de água (+/- 8 copos de água) e aumentar esta quantidade em épocas de calor ou no caso de grande esforço físico; 
  • privilegiar os alimentos fontes de fibra, consumindo vegetais todos os dias quer na sopa quer no acompanhamento do prato principal; 
  • optar pelos lacticínios meio-gordos ou magros e sem adição de açúcar; 
  • dar preferência ao consumo de carnes magras (peru, frango, coelho), proteínas de origem vegetal (tofu, seitan, leguminosas) e peixe; 
  • evitar refrigerantes e sumos de fruta, assim como bebidas alcoólicas; 
  • evitar alimentos ricos em açúcares assim como fritos e reduzir a ingestão de alimentos com muita gordura animal (natas, manteiga, charcutaria, salsicharia, vísceras e queijos gordos); 
  • diminuir o consumo de sal, escolhendo as ervas aromáticas e especiarias; 
  • preferir o azeite na confeção em detrimento de margarinas, manteigas, banhas, óleo de coco e caldos e optar por métodos de confeção como grelhados, cozidos, estufados.

A educação alimentar é fundamental no plano de tratamento de todas as pessoas com diabetes e é fundamental capacitar a pessoa diabética com ferramentas para o efeito de forma a que esta possa sentir controlo e autonomia sobre a sua vida e sobre a sua saúde.

Autor: 
Dra. Paula Beirão Valente - Nutricionista da Clínica Espregueira no Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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