Diabetes e fígado: uma relação perigosa para a saúde
Nesta patologia existe um aumento dos níveis da glicose no sangue, ou seja, do açúcar. Existem vários tipos de diabetes, sendo os mais comuns: a diabetes tipo 1, a diabetes tipo 2 e a diabetes gestacional. A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, em que o sistema imunitário destrói as células do pâncreas, onde existe produção de insulina. Já a diabetes tipo 2 é a forma mais frequente e é a consequência direta de estilos de vida e uma alimentação pouco saudável. Por sua vez, a diabetes gestacional refere-se aos problemas que se desenvolvem apenas no período de gravidez e que, normalmente, se resolvem após o parto.
Verifica-se ainda que existe uma relação desta comorbidade com outras doenças, como é o caso das doenças hepáticas, e os números comprovam-no: estima-se que entre 65 e 70 por cento das pessoas com diabetes tenham também doença hepática. Este tipo de ligação pode estabelecer-se de duas formas:
- Diabetes como complicação da doença hepática crónica;
- Diabetes do tipo 2 como fator de risco no desenvolvimento e na progressão das doenças hepáticas.
A resistência à insulina enquanto complicação costuma verificar-se em estados precoces da doença hepática crónica, uma vez que os problemas no fígado levam à regulação alterada da glicose no sangue e podem vir a causar diabetes. A presença da diabetes contribuiu ainda para a resistência aos tratamentos antivirais, pior prognóstico e maior morbimortalidade nos pacientes com cirrose. Esta anomalia do metabolismo da glicose pode manifestar-se em várias doenças deste tipo, como a hemocromatose, doença hepática alcoólica e o carcinoma hepático (cancro do fígado).
Já a diabetes enquanto fator de risco das doenças do fígado acontece por esta patologia estar associada a fatores como a obesidade, tensão arterial alta e a elevação das gorduras do sangue. Assim, a resistência à insulina leva a que sejam libertados ácidos gordos que se vão acumular nas células do fígado e gerar esteatose hepática (denominado comummente por fígado gordo), e induzir inflamação crónica. Todos os espectros das doenças do fígado podem aparecer em diabéticos tipo 2, desde a esteatose hepática não alcoólica (a doença hepática crónica mais frequente) até à cirrose e ao carcinoma hepático.
O tratamento da diabetes, conjuntamente com a presença da doença hepática, necessita de uma abordagem multidisciplinar, que envolta tanto o profissional de saúde da área da Hepatologia como da Diabetologia. Uma vez que estas doenças estão associadas a questões como a obesidade, a prevenção é o melhor caminho para evitar o seu desenvolvimento. A adoção de uma dieta saudável e a prática regular de atividade física, pode fazer a diferença a longo prazo.