Dia Mundial do Pulmão: Por que motivo se deve assinalar esta data?
O impacto das doenças respiratórias em todo o mundo é avassalador: a pneumonia mata milhões de pessoas todos os anos, sendo a principal causa de morte em crianças e idosos e 80% das mortes ocorrem em crianças menores de dois anos e adultos acima dos 65 anos; a cada minuto, duas crianças morrem de pneumonia; 65 milhões de pessoas sofrem de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), que mata, anualmente, 3 milhões de pessoas, representando a terceira causa de morte a nível global; a tuberculose afeta 10 milhões de pessoas e causa a morte de 1,6 milhões todos os anos; 1,76 milhões de pessoas morrem, por ano, de cancro do pulmão, o tipo de tumor mais mortífero; 334 milhões de pessoas sofrem de asma, a doença crónica mais comum em idade pediátrica, afetando 14% das crianças, a nível global.
O aumento da incidência de doenças respiratórias está, em grande parte, relacionado com a exposição a fatores de risco, nomeadamente o tabagismo e a poluição ambiental. Atualmente, estima-se que 91% da população mundial habite em zonas cuja qualidade do ar está abaixo dos limites recomendados pelas autoridades ambientais e de saúde.
António Morais, presidente da SPP, sublinha que “as doenças respiratórias são dos principais fatores de morbilidade e mortalidade em todo o Mundo e também em Portugal. A formação dos profissionais de saúde, o seu reconhecimento, e a divulgação e sensibilização para a prevenção dos principais fatores de risco por parte da população são objetivos primordiais por parte da nossa sociedade”.
Tendo em conta o enquadramento atual, este Dia Mundial do Pulmão visa destacar duas preocupações: a pandemia de COVID-19 e o aumento da incidência de tuberculose, uma doença considerada pela OMS como uma emergência de saúde pública, mas que nenhum país conseguiu ainda erradicar. Em ambos os casos, a prevenção, a deteção, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento são essenciais para um controlo eficaz.
A tuberculose continua a ser uma doença com elevada morbimortalidade, particularmente nos países em desenvolvimento, mas mesmo nos países desenvolvidos não se pode baixar a guarda no combate a esta doença. Esta patologia é a principal causa de morte relacionada à resistência antimicrobiana e de morte em pessoas com VIH. O diagnóstico é fácil, existe um tratamento eficaz, embora prolongado e com alguns efeitos secundários, e é importante apostar-se no seu combate de forma a conseguir diminuir a incidência e caminhar para uma erradicação da doença a médio-longo prazo.
A COVID-19 até à data afetou mais de 30 milhões de pessoas e morreram cerca de 1 milhão de pessoas, sendo provável que os números aumentem exponencialmente, sobretudo com a aproximação do inverno.
“Temos de manter um combate firme e rigoroso a esta pandemia que nos assola, que envolve a prevenção com medidas de restrição à transmissão do vírus e um maior conhecimento do mesmo, de forma a conseguir estratégias terapêuticas mais eficazes. No entanto, ao mesmo tempo, é absolutamente necessário que a organização dos serviços de saúde mantenha a capacidade de assistência aos doentes crónicos e a acessibilidade em tempo útil aos novos diagnósticos, sob pena de termos consequências dramáticas naqueles que fora do contexto da Covid-19 necessitem de ser assistidos”, conclui António Morais.