«Desde que fiz o transplante, todos os exames que tenho feito não detetam nenhum vestígio da doença»
Apesar de existirem vários tratamentos disponíveis para esta a Sindrome de Sezary, um subtipo mais raro e mais agressivo de linfoma cutâneo, o Transplante de Medula Óssea, surge com o único tratamento que oferece a possibilidade de cura. Neste sentido, quais as expetativas que tinha quanto à realização do transplante?
As expetativas eram as melhores, pois era o único tratamento que me poderia dar qualidade de vida e perspetivas de cura.
O que os médicos lhe explicaram relativamente a esta hipótese de tratamento? A cura é definitiva?
Sempre me foi explicado as vantagens e possíveis riscos dos tratamentos, contudo, refente ao transplante, os médicos explicaram-me que este tratamento era a única solução mais viável, tendo em consideração a minha idade e evolução da doença.
Relativamente à cura, os médicos sempre me disseram que, mesmo fazendo o transplante, eu não ficaria curado, mas teria mais anos e qualidade de vida, mas o que é certo é que desde que fiz o transplante, todos os exames que tenho feito, não detetam nenhum vestígio da doença, por isso, é tudo uma incógnita.
Que cuidados teve de ter antes da realização do transplante de Medula Óssea? E como foi lidar com a antecipação do mesmo? Que dúvidas ou receios teve?
Não tive de ter nenhum cuidado específico, antes do transplante. O lidar com a antecipação foi encarada com naturalidade, porque por norma sou uma pessoa calma, otimista e não sofro por antecipação.
Não tive qualquer tipo de dúvidas ou receios porque me foram prestados todos os esclarecimentos antecipadamente.
Em que consiste o transplante? Como foi a sua experiência?
O transplante consiste em substituir as células da minha medula pelas do dador.
A minha experiência, posso dizer que foi boa, em todo o processo, tendo só tido um episódio febril no dia do transplante.
Há quanto tempo realizou o transplante de Medula Óssea e como tem sido a sua recuperação? Pode dizer-se que está livre da doença?
O meu transplante de medula óssea já se realizou há mais de 6 meses e a recuperação tem corrido bem, à exceção de ter apanhado uma bactéria hospitalar, sensivelmente 30 dias após o transplante, o que originou novo internamento durante 7 dias, no entanto não fiquei com sequelas e recuperei relativamente bem, possivelmente porque também tenho um acompanhamento médico excecional, sempre atento, preocupado e, acima de tudo, disponível.
Não posso dizer que já estou livre da doença, pois ela pode voltar e, ainda por cima, mais agressiva.
Quais as grandes diferenças sentidas, no que diz respeito às manifestações clínicas da doença, após a realização do transplante?
A única manifestação clínica da doença foi 45 dias após o transplante pois desenvolvi a doença do enxerto contra o hospedeiro.
Continua a ser acompanhado pela mesma equipa hospitalar, ou passou a ser acompanhado por outros especialistas após tratamento?
Continuo a ser acompanhado pela mesma equipa hospitalar, desde que fiz o transplante, atualmente apenas com consulta a cada quinze dias.
Que mensagem gostaria de deixar a outros doentes que poderão beneficiar do transplante?
A mensagem que eu gostaria de passar, a todos os que possam vir a precisar de realizar um transplante, é que vão em frente, acreditem no processo e na ciência e, sem dúvida, que os prós superam os contras e nunca percam a esperança.
Depois deste longo caminho percorrido, o que gostaria de ter sabido antes, sobre a patologia e a sua gestão?
Todas as informações, sobre o transplante de medula, foram ditas e especificadas de forma muito clara, mas sendo uma patologia rara também não existe muita informação disponível.