Dengue: o que precisa saber sobre esta infeção viral potencialmente fatal
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a incidência global de dengue está a aumentar. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostram que a região das Américas registou um recorde de mais de 4,2 milhões de novos casos no ano passado. O Brasil foi o país que liderou a incidência de casos tendo-se registado 2,9 milhões. Seguiu-se o Peru, com 271.279 e o México, com 244.511 novos casos de infeção. Nesta região, apenas o Canadá, sublinha a OMS, está livre da doença e do mosquito transmissor.
Os recentes surtos de dengue no Brasil levaram as autoridades de saúde pública a lançar uma campanha de imunização destinada a crianças entre os 10 e os 11 anos.
Segundo Stacey Rizza, especialista em doenças infeciosas na Mayo Clinic, em Rochester, "quatro subtipos diferentes do vírus podem causar infeções nos seres humanos".
"Sempre que há um número significativo de mosquitos em ambientes quentes, é aí que se verifica a transmissão da dengue", alerta sublinhando, deste modo, que "as pessoas que vivem em zonas tropicais e subtropicais quentes e húmidas são particularmente vulneráveis à dengue".
"É por isso que a vemos em partes do mundo como o Sudeste Asiático, a América do Sul, as Caraíbas e até mesmo em algumas partes do sul dos Estados Unidos, como na Florida e no Louisiana", explica.
Outro facto que importa sublinhar é que as pessoas podem ter dengue mais do que uma vez. O principal transmissor da dengue é o mosquito Aedes aegypti, conhecido por picar tanto de dia como de noite. Cerca de 1 em cada 4 pessoas infetadas com o vírus apresenta sintomas que variam de ligeiros a graves.
"As pessoas normalmente sentem febre, dores no corpo, dores nos ossos e nos músculos. Muitas vezes até descrevem uma dor atrás dos olhos", explica a médica. "Podem sentir algumas náuseas, vómitos e até diarreia", acrescenta.
Embora a maioria das pessoas recupere em cerca de uma semana, os casos graves podem levar a situações de emergência com risco de vida.
Os sintomas de dengue grave podem incluir:
- Dores de estômago fortes;
- Vómitos persistentes;
- Sangramento das gengivas ou do nariz;
- Sangue na urina, fezes ou vómito;
- Hemorragia sob a pele, que pode parecer uma nódoa negra;
- Dificuldade em respirar ou respiração rápida;
- Fadiga;
- Irritabilidade ou inquietação.
Infelizmente, não existe tratamento para a dengue.
"Não existe nenhum antiviral ou tratamento para a dengue", afirma a especialista. "Existe apenas aquilo a que chamamos de terapia de suporte. É importante os doentes manterem-se bem hidratados. Podem tomar paracetamol para tratar a febre, reduzir a temperatura e depois certificarem-se de que bebem líquidos e ainda conseguem comer alguma coisa."
"Se ficarem gravemente doentes e desidratados, devem ir ao hospital para receber cuidados hospitalares", explica Stacey Rizza . As pessoas com dengue grave podem necessitar de fluidos e electrólitos por via intravenosa, monitorização da tensão arterial e transfusão para substituir o sangue perdido.
Em muitos países, foi aprovada uma vacina para crianças com idades compreendidas entre os 9 e os 16 anos que já tenham apresentado indícios de infeção por dengue.
"A vacina destina-se a pessoas que já tenham tido evidência imunológica de uma infeção anterior por dengue, para ajudar a evitar que sejam novamente infectadas", afirma. A vacina ainda não foi aprovada nos Estados Unidos.
Prevenir as picadas de mosquito é vital para evitar a dengue, revela a médica que deixa alguns conselhos:
- Utilize repelentes com DEET, picaridina ou óleo de eucalipto-limão para evitar as picadas de mosquito;
- Remova qualquer água parada onde os mosquitos possam pôr ovos;
- Elimine os objetos que acumulam água, como vasos de flores e pires;
- Certifique-se de que as telas das janelas estão intactas e as portas estão fechadas para manter os mosquitos afastados;
- Use vestuário de proteção, como calças e camisas de manga comprida.
"O mosquito Aedes aegypti é responsável por várias infeções virais, incluindo a dengue, a febre amarela, a chikungunya e o Zika", alerta ainda.
Referências:
https://www.who.int/emergencies/disease-outbreak-news/item/2023-DON498