12 de setembro | Dia Europeu da Enxaqueca

(Con)viver com a Enxaqueca

Atualizado: 
12/09/2023 - 10:45
Viver com enxaquecas é viver na incerteza. Imprevisíveis e debilitantes, as crises de enxaqueca podem deixar marcas físicas e emocionais. Em casa, no emprego ou durante desejados momentos de lazer, podem chegar de forma inesperada, arruinando planos, compromissos e, em casos extremos, algumas relações.

Enxaqueca ou dor de cabeça?

Uma crise de enxaqueca não é o mesmo que uma dor de cabeça. São episódios distintos e não devem ser confundidos. Uma enxaqueca começa, de facto, com dores pulsáteis ou latejantes fortes, num dos lados da cabeça. No entanto, traz consigo outros sintomas como náuseas, vómitos e intolerância a estímulos como a luminosidade, o ruído ou os odores. Além destes sintomas podem ocorrer alterações temporárias na visão, formigueiro ou dormência, bem como dificuldade na compreensão e na articulação de palavras. Os episódios de enxaqueca podem durar até três dias.

(Con)viver com a enxaqueca

Viver com enxaqueca é limitador, mas essas limitações podem ser superadas através de algumas estratégias de prevenção e antecipação.

Apesar de imprevisíveis e com diferente impacto de indivíduo para indivíduo, há comportamentos comuns com tendência a provocar episódios. São eles o stress (que deve passar a ser controlado), alguns estímulos sensoriais como luzes fortes, sons altos e odores intensos (que devem ser evitados) e desajustes no ritmo de vida (que devem ser regrados, especialmente os períodos de descanso). A quantidade, a qualidade e a periodicidade da dieta também podem contribuir para despoletar uma crise de enxaquecas, a par do bem-estar emocional e da medicação. Aconselha-se uma gestão cuidada da terapêutica e atenção à saúde mental (deve procurar-se ajuda, sempre que necessário), uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercício físico e de técnicas de relaxamento.

Quem é mais afetado?

Estima-se que a enxaqueca afete cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo. As mulheres têm três vezes mais probabilidade de sofrer de enxaquecas, sobretudo se estiverem em idade fértil (grande parte das mulheres tem crises perto da menstruação). A estatística mostra que uma em quatro mulheres vai sofrer de enxaqueca ao longo da vida. Caso tenham familiares próximos na mesma situação, a probabilidade é maior, especialmente se estes familiares forem as suas mães. Alterações como a gravidez ou a menopausa podem acalmar os sintomas, na mulher. No entanto, no pós-parto, estima-se que 25% das mulheres terão um episódio no prazo de duas semanas, e que até 50% terá uma crise durante o primeiro mês.

Não está só, informe-se e troque experiências

Quando bem usada, a internet pode ser uma fonte rica de informação. Lá pode encontrar dicas, ler testemunhos e ficar a perceber mais sobre esta doença. Procure sites fidedignos, validados por especialistas, como portal da associação Migra ou site Viver sem Enxaqueca.

Neste percurso complicado que é o tratamento e o controlo da doença, serão certamente um importante apoio.

Autor: 
Profª Raquel Gil-Gouveia - Neurologista e presidente da Sociedade Portuguesa de Cefaleias
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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