Como funciona a regressão? Psicólogo explica
"O processo de regressão não envolve nenhum tipo de magia ou coisa mirabolante. Também não é nada místico, nem tem que ver com a pessoa acreditar ou não. É como quando perguntam o que comeu no almoço e você para, pensa, lembra e responde. Nesse momento, está a fazer uma regressão de memória", explicou.
O profissional de saúde explicou que o processo consiste, basicamente, em ser incentivado a pensar e lembrar de algo que já aconteceu. "Esse facto pode ter acontecido há dois minutos, ou há anos. Você está a pensar no presente, em algo que aconteceu no passado", disse.
O processo é muito utilizado durante as terapias para identificar traumas e acontecimentos no geral que interferem no agora: nas formas de se relacionar com as pessoas, no jeito de lidar com as mais diversas situações e até na forma como cada pessoa se enxerga e se entende.
“Temos a partir desse processo, o acesso a perceção daquilo que aconteceu a qual podemos gerar uma nova interpretação, que pode contribuir com o que acontece na nossa vida no agora”, disse.
O psicólogo explicou: “uma pessoa que sofreu uma tentativa de abuso sexual na infância, sem perceber, pode criar um bloqueio que a sabote no processo de emagrecimento no presente, como se a mente subconsciente funcionasse como um “segurança cego”, dizendo: “se continuar a engordar, vai evitar que outros tentem cometer abusos.” Então, através de um processo de regressão dentro da terapia, de forma bem feita, é possível ajudar essa pessoa a perceber que cresceu, e que não corre mais risco contra aquele abusador, e que ela pode ser amada e respeitada como verdadeiramente merece. Contribuindo para gerar novos significados aos traumas, de forma a poder se sentir mais livre no presente, construindo significados mais positivos sobre a própria história.”
Por fim, Romanni afirmou que uma coisa curiosa sobre a regressão também é que nunca se tem acesso àquilo que de facto aconteceu, mas sim da perceção do acontecido, mas é justamente por isso que a terapia funciona tão bem.
“Um exemplo, duas pessoas na mesma festa. A primeira pode-se lembrar da festa dizendo que a festa estava maravilhosa. A segunda pode dizer que a festa estava horrível. O trabalho a ser feito na regressão sempre tem haver com perceção subjetiva do acontecimento, não com o acesso ao acontecimento em si”, finalizou.