Cefaleias primárias

Como a atividade física pode aliviar as dores de cabeça

Atualizado: 
15/05/2020 - 12:02
As cefaleias estão entre as doenças mais comuns do sistema nervoso, estimando-se que entre 1,7% a 4% da população adulta tem, em média, 15 crises de Cefaleias, por mês. Sabia que o exercício físico pode ajudá-lo a evitar as dores de cabeça?

De acordo com a MiGRA Portugal – Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias, existem cerca de 200 tipos de dores de cabeça, sendo a cefaleia de tensão e a enxaquecas as mais frequentes, entre as cefaleias primárias.

Embora não seja possível identificar as causas para este tipo de dor, sabe-se que existem fatores que são “potencialmente” desencadeantes, como é o caso de alguns alimentos, os padrões de sono, as emoções, cheiros e, em alguns casos, as mudanças de temperatura.

Segundo a MiGRA Portugal, alguns doentes podem ver as suas crises agravadas pela prática de atividade física. “Aquando de uma crise de enxaqueca, a dor pode ser agravada por movimentos tão comuns como subir escadas, ou por esforços físicos. Noutros tipos de cefaleias, como a cefaleia de tensão, a prática de atividade física poderá não agravar a dor, contudo é algo variável entre doentes”, esclarece a associação.

Estudos demonstram, aliás, que a prática de exercício físico pode ajudar a alivar ou a prevenir as dores de cabeça.

“Além dos próprios benefícios associados à atividade física, o controlo do peso, gestão da ansiedade e stress e o relaxamento proporcionados pelo exercício físico são também fatores benéficos no controlo da frequência das cefaleias”, explica a MiGRA Portugal.

Durante as crises de cefaleia de tensão, por exemplo, o relaxamento muscular proporcionado pelo exercício físico poderá ser benéfico. No entanto, como já foi referido, durante crises de enxaqueca, existir uma intolerância ao movimento e a crise poderá agravar com atividades desportivas. “Adicionalmente, para alguns doentes, a prática de exercício físico desencadeia crises de enxaqueca. Nestes casos, o doente deverá preferir exercícios com reduzido impacto e intensidade com que se sinta confortável, tais com Yoga, pilates, entre outras, explica a associação de doentes, segundo a qual  a “intensidade da atividade física poderá ser posteriormente aumentada de forma muito gradual à medida que for possível para o doente”.

A verdade é que, a atividade física aumenta a produção de endorfinas, neurotransmissores que promovem a sensação de bem-estar, que acabam por funcionar como uma espécie de analgésico natural que atua sobre a dor a par com outras substâncias produzidas durante o exercício físico. Por outro lado, a prática de exercício físico estimula a circulação sanguínea fazendo chegar mais oxigénio ao cérebro, o que contribui para o alívio da dor.

Saiba ainda a diferença entre cefaleia de tensão e enxaqueca

Tanto a enxaqueca como a cefaleia de tensão são cefaleias primárias, ou seja, são doenças em si mesmas e não expressões de outros eventuais problemas de saúde. Mas são efetivamente patologias diferentes, embora o mesmo doente possa sofrer de ambas.

Na enxaqueca a dor é geralmente: forte, pulsátil ou latejante; de um só lado da cabeça; acompanhada de náuseas e/ou vómitos; intolerância à luz, ao ruído e aos cheiros; intensifica-se com o esforço físico.

A enxaqueca pode ainda ser precedida de aura – sintomas neurológicos transitórios como perturbações de visão, formigueiro, dormência na face ou numa das mãos e dificuldades na fala. Normalmente este fenómeno dura cerca de 30 minutos e antecede a dor. Apenas cerca de 15% dos doentes com enxaqueca terão aura.

Um episódio de enxaqueca pode durar algumas horas e estender-se até 72h. Entre crises, normalmente, não há queixas. A periodicidade varia muito de doente para doente, sendo considerada enxaqueca crónica quando o doente apresenta mais de 15 dias de enxaqueca por mês. No entanto, independentemente de ser crónica ou episódica, é aconselhável ser acompanhado por um médico caso apresente três ou mais dias de crises de enxaqueca por mês.

A cefaleia de tensão é caracterizada por dor ligeira a moderada, descrita muitas vezes como sensação de “capacete” pesado, pressão ou moinha. Pode também fazer-se acompanhar de náuseas e intolerância ao ruído, assim como, algumas vezes, pela contração excessiva dos músculos do pescoço e ombros. Pode ter a duração de horas, dias e em alguns casos é praticamente contínua. O que a distingue da enxaqueca é que, na maioria dos casos, a cefaleia de tensão é de ambos os lados da cabeça, a intensidade é mais leve, não é pulsátil/latejante, não se intensifica com o esforço físico, não é acompanhada de vómitos e o ruído é menos tolerado do que a luz.

A cefaleia de tensão pode ser pouco frequente – menos de um dia por mês -, frequente – um a quinze dias por mês -, ou crónica – mais de quinze dias por mês.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.