Dr. Ângelo Rebelo

Cirurgias plásticas em crianças e adolescentes

Atualizado: 
16/12/2021 - 12:31
Muita gente, quando se fala em Cirurgias Plásticas, pensa estar a referir-se a Cirurgias Estéticas, o que nem sempre é verdade. Há Cirurgias Plásticas que não têm que ser necessariamente estéticas (reconstruções de partes do corpo com técnicas de Cirurgia Plástica envolvendo retalhos, enxertos, etc.). Outras há que têm características eminentemente estéticas, pois visam a melhoria da forma, do aspecto exterior, independentemente das repercussões que possa haver ou não na melhoria funcional das zonas a operar.

São específicos e concretos os casos de crianças que têm indicação para se submeter a uma cirurgia estética que possa realizar-se com as técnicas já referidas, sob anestesia local e sem internamento. Neste caso, a condicionante é a possibilidade de a realizar com este tipo de anestesias. Contudo, são possíveis, dependendo da idade da criança e da situação a tratar. Se necessário podem ser realizadas sob anestesia geral com novas técnicas e fármacos que permitem não ter que se ficar internado.

A fronteira entre o estético e o reconstrutivo é por vezes difícil de distinguir.

Na consulta, não sendo possível realizar a cirurgia, serão os pais aconselhados e encaminhados para locais e especialistas adequados. Os pais em geral sentem-se angustiados e confusos quando se trata de escolher um tratamento cirúrgico para os seus filhos, mesmo quando estes se mostram interessados em corrigir alguma característica física. Em procedimentos electivos, como é o caso da otoplastia (correcção das «orelhas de abano»), a decisão fica mais difícil. Se a criança não se mostrar incomodada com a situação, os pais devem manter-se atentos, sem forçar uma cirurgia. Mas, se a criança for alvo de troça, que possa comprometer a sua auto-estima, o apoio dos pais pode ser fundamental, informando e amparando o desejo às vezes inconsciente da criança de encontrar uma solução, principalmente pelo medo dos sofrimentos de um procedimento cirúrgico.

Algumas cirurgias podem significar um grande avanço na sociabilidade de certos adolescentes, desde que sejam bem ajustados emocionalmente. Os pais devem ter em mente que a interpretação das componentes da auto-estima sofrem uma modificação com a maturidade, de forma que nenhuma cirurgia deve ser imposta a uma criança ou adolescente, nem tão pouco o jovem deve forçar uma situação cirúrgica que o especialista não julgue conveniente.

Por último deve referir-se que, na adolescência, muitas situações começam a despertar no adolescente incómodo ou mesmo perturbação: é algo que lhes desagrada e causa problemas, sejam as «orelhas de abano», as mamas pequenas ou tão grandes que causam dores nas costas, inviabilizam roupas ou idas à praia, todas estas situações e outras gerando menor socialização e falta de rendimento escolar, etc., levando-os a reivindicar a resolução da situação, o que não acontece provavelmente com as crianças. Nestes casos não se deve ignorar o que atormenta estes jovens e crianças, devendo ser escutados e não ignorados ou mesmo retaliados por reclamarem do que não gostam. Devem ser ajudados, em primeiro lugar pelos que lhes são mais próximos (pais, familiares, amigos…) e depois procurar ajuda especializada através de uma primeira consulta com um Especialista da matéria, devidamente credenciado e registado em Portugal na Ordem dos Médicos e que opere num local com todas as condições de segurança, qualidade e apetrechado para este tipo de cirurgias, com toda a equipa experiente neste tipo de cirurgias, desde os auxiliares, passando pelos enfermeiros, anestesistas até ao cirurgião.

Escolher bem e devidamente é o primeiro passo para o êxito e para evitar complicações.

Autor: 
Dr. Ângelo Rebelo – Cirurgião Plástico
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Clínica Milénio