Entrevista | Dr. Carlos Horta e Costa, Vice-Presidente da APCL

Casa de Acolhimento “Porto Seguro” espera receber em breve as primeiras famílias para tratamento

Atualizado: 
30/05/2023 - 16:31
Destinada a doentes hemato-oncológicos deslocados, em fase de terapêutica ou transplante, e seus familiares, a Casa de Acolhimento “Porto Seguro”, um projeto da Associação Portuguesa Contra Leucemia (APCL), foi inaugurada no passado dia 23 de maio. Em entrevista ao Atlas da Saúde, Carlos Horta e Costa, Vice-Presidente da APCL, revela que se estima que os primeiros ocupantes da casa possam chegar já no final de junho. “Candidatos já existem, no entanto ainda faltam pequenos detalhes que não permitem a sua ocupação imediata. São pequenos pormenores, mas a APCL não quer que nada falte aos seus ocupantes”, afirma.

A Casa “Porto Seguro é a primeira casa de acolhimento em Lisboa, para doentes hemato-oncológicos a transplantar ou em fase de tratamento ativo e seus cuidadores. O que representa para a APCL a conclusão deste projeto?

A Casa Porto Seguro é um projeto pensado pela APCL desde o início da sua fundação – janeiro de 2002. Contudo, por motivos orçamentais, e para dar prioridade a outros projetos mais prementes, como o do desenvolvimento do Banco de Dadores de Medula Óssea, só agora foi possível concluir. Tendo em conta que o tratamento deste tipo de doenças, em particular quando necessitam de transplantação de medula, apenas se realizam em Lisboa, Porto e Coimbra, os pacientes que não residem nestas cidades e a esses tratamentos recorrem, tem de ficar alojados, em unidades impessoais, do tipo pensões, as quais, na maioria dos casos, não tem as condições necessárias e suficientes para garantir o bem-estar dos ocupantes, sejam eles pacientes ou cuidadores. Foi para dar resposta a esta lacuna que a Casa Porto Seguro foi construída. Aqui, os pacientes e cuidadores terão todo o conforto de uma Casa, bem como a possibilidade de conviverem uns com os outros.

Quanto tempo demorou a Casa Porto Seguro a ficar pronta e que apoios foram essenciais para a conclusão deste projeto?

O edifício, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, foi entregue à APCL em finais de 2017. De seguida foi necessário proceder aos projetos de Arquitetura, Engenharia e das diversas especialidades, submete-los à aprovação da Câmara, e aguardar pela sua aprovação. O passo seguinte foi a consulta a empresas de construção civil, selecionar o vencedor, e aprofundar com este alguns pormenores do caderno de encargos e respetiva resposta. Só após todas estas etapas foi possível iniciar a construção, a qual ocorreu a 4 de novembro de 2020. De salientar que, no decorrer da obra, houve atrasos devido à pandemia – Covid 19 – quer por ausência de trabalhadores, quer falta de materiais.

Quanto a apoios, foram obtidos junto dos patrocinadores habituais da APCL, de diversas empresas que se quiseram associar a este projeto, através de eventos realizados para o efeito e junto da população em geral que, de forma muito generosa quis contribuir para pôr de pé este empreendimento.

Que doentes podem usar a casa e como podem recorrer a este apoio? O que precisam de saber (quem devem contactar, por exemplo)?

Os ocupantes desta Casa serão pacientes residentes fora da “Grande Lisboa” que tenham doenças hemato-oncológicas, nas diversas fases das mesmas, que sejam financeiramente carenciados. Igualmente serão ocupantes da Casa os respetivos cuidadores ou familiares.

A seleção dos ocupantes será feita pelos Serviços de Assistência Social dos Hospitais onde estão a ser seguidos, os quais, de seguida, remetem a proposta de ocupação para a APCL. Os interessados devem assim, contatar os referidos Serviços e expor a sua situação e respetivo pedido de ocupação.

Quais as comodidades que a casa de acolhimento oferece? Quantas pessoas podem usufruir do espaço?

A Casa Porto Seguro dispõe de 8 quarto com WC, cada quarto para 2 ocupantes - paciente e cuidador -, de uma cozinha comunitária, onde cada um confecionará as suas refeições, uma Sala de refeições, uma Sala de estar, um Jardim e um espaço multiusos com zona de lavandaria. Dispõe ainda de um elevador e de um WC.

Já existem candidatos à Casa de Acolhimento Porto Seguro?

Candidatos já existem, no entanto ainda faltam pequenos detalhes que não permitem a sua ocupação imediata. São pequenos pormenores, mas a APCL não quer que nada falte aos seus ocupantes. Estimamos que no final de junho, já possamos ter a Casa a funcionar e a receber os seus primeiros ocupantes.

Sendo a APCL uma Instituição Privada de Solidariedade Social (IPSS), de que forma conseguirá assegurar a manutenção da casa? Com que apoios irá contar?

Para a manutenção do funcionamento da Casa Porto Seguro a APCL contará com os seus habituais parceiros e patrocinadores, promoverá eventos de angariação de fundos, e contará com o fundamental apoio da Segurança Social que, em vez de custear outros alojamentos, canalizará esses fundos para a APCL. Estamos a trabalhar com a Segurança Social para concretizar o necessário protocolo.

No âmbito do apoio prestado ao doente hemato-oncológico, que outras iniciativas a APCL conta continuar a organizar/desenvolver?

A APCL no seu plano de ações tem diversas iniciativas com vista a apoiar os pacientes hemato-oncológicos, seus cuidadores e familiares.

Para além da Casa Porto Seguro, continua a dar Apoio Social a pacientes financeiramente carenciados, mas que não são potenciais ocupantes da Casa, desenvolve inúmeras ações para contribuir para a literacia neste tipo de doenças, a saber: Webinares e seminários, as Jornadas Anuais, o desenvolvimento e permanente atualização do seu site, workshops temáticos como os de nutrição e de maquilhagem, grupos de apoio de doentes e cuidadores. Presta ainda apoio psicológico a doentes, e apoia a Investigação Científica, através da promoção de bolsas de investigação.

Quais as expetativas para o futuro?

Para o futuro a APCL pretende continuar a desenvolver ações que visem o apoio aos pacientes, seus familiares e cuidadores, conforme consta da sua Missão.

No curto prazo, importa consolidar o projeto da Casa Porto Seguro, pois a expetativa é grande, e a responsabilidade também.

Outros projetos estão a ser equacionados, mas para que se concretizem, é necessário que os meios, nomeadamente financeiros, sejam obtidos, por forma a garantir o sucesso dos mesmos, como até aqui tem se tem conseguido.

Para tal, iremos continuar a contar com os nossos parceiros, e sensibilizar outros que se queiram juntar a este projeto tão importante para a comunidade hemato-oncológica.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL)