Agente patogénico fúngico multirresistente

Candida Auris: que fungo é este que está a preocupar a comunidade médica?

Atualizado: 
23/03/2023 - 14:47
O Candida auris é um fungo que ganhou, recentemente, atenção da comunidade médica devido à sua capacidade de causar infeções graves em doentes hospitalizados. Identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, este organismo multirresistente já foi notificado em mais de 40 países e representa uma ameaça à saúde pública.

O Candida auris é um agente patogénico fúngico oportunista que afeta, principalmente, indivíduos com sistemas imunitários enfraquecidos ou debilitados, como os doentes submetidos a quimioterapia, cirurgia ou internados nas unidades de cuidados intensivos. É um fungo da família Candida, da qual fazem parte os tão comuns Candida albicans. No entanto, ao contrário destes que infetam principalmente superfícies mucosas como a boca e os genitais, o C. auris pode causar infeções invasivas da corrente sanguínea, septicemia e outras condições graves.

Uma das maiores preocupações sobre o C. auris é o facto de ser altamente resistente a medicamentos antifúngico, uma vez que pode desenvolver rapidamente resistência a múltiplas classes de fármacos, tornando o tratamento um desafio. Em alguns casos, as infeções causadas por este agente patogénico têm sido resistentes às três principais classes de medicamentos antifúngicos, deixando os médicos com poucas opções de tratamento. Esta resistência pode resultar em estadias hospitalares mais longas, custos de saúde mais elevados e taxas de mortalidade mais elevadas.

Outro aspeto problemático é que este fungo pode ser difícil identificar em laboratório. Isto porque tem sido muitas vezes mal identificado e confundido com outras espécies de Candida, o que conduz a atrasos no diagnóstico e tratamento. A identificação exata deste agente patogénico requer testes especializados e muitos laboratórios não dispõem do equipamento ou perícia necessários para realizar estes testes.

Por outro lado, sabe-se que este fungo pode persistir, por longos períodos de tempo, nas superfícies o que dificulta a higienização de locais contaminados e representa um problema em ambientes hospitalares.

Apesar destes desafios, há algumas medidas que os prestadores de cuidados de saúde podem tomar para prevenir e controlar a propagação do C. auris. Estas incluem a adesão rigorosa a práticas de controlo de infeções, tais como higiene das mãos, limpeza ambiental e precauções de isolamento para doentes com infeções identificadas com este agente patogénico. Além disso, a identificação e tratamento precoce das infeções pode ajudar a prevenir a propagação do fungo a outros pacientes.

De acordo com os dados recentemente divulgados, desde a sua descoberta inicial em 2009, o C. auris já se espalhou pelo mundo, tendo já sido registados inúmeros surtos em hospitais, lares e outras instalações de saúde em vários países.

O primeiro surto nos Estados Unidos foi relatado em 2016 e, desde então, já se registaram mais de 1.000 casos em vários estados. Para além dos EUA, foram notificados surtos em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, e Austrália.

Fontes:

https://www.cuf.pt/mais-saude/tudo-o-que-precisa-de-saber-sobre-o-fungo-candida-auris

https://www.cdc.gov/fungal/candida-auris/index.html

https://www.nbcnews.com/health/health-news/cdc-fungal-infection-candida-auris-alarming-spread-rcna75477

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
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