Cancro Oral: uma ameaça Silenciosa
Anualmente, 350.000 pessoas são diagnosticadas com cancro da cabeça e pescoço na Europa, sendo que mais de metade não sobreviverá após 5 anos. A incidência global desta patologia é de aproximadamente 3 % no sexo masculino e 2 % no sexo feminino, na totalidade dos tumores malignos, apesar de existirem variações consoante a área geográfica. Relativamente à idade, afeta maioritariamente indivíduos a partir dos 45 anos.
É uma preocupação crescente para a saúde pública, principalmente pelo aumento da incidência associada à exposição aos fatores de risco, tais como:
- Tabaco;
- Álcool;
- Infeção por HPV;
- Má Alimentação;
- Má Higiene Oral.
Quais são os principais sinais de alerta?
As lesões provocadas por este tipo de cancro podem aparecer em qualquer zona da cavidade oral: lábios, céu da boca, língua e o seu pavimento, gengiva, bochechas, garganta. Em estádios iniciais podem não provocar qualquer tipo de dor, por isso, é importante realizar um autoexame e estar atento, a pequenos sinais de alerta, tais como:
- Aftas ou úlceras (pequenas feridas) que duram mais que 2-3 semanas;
- Lesões brancas e/ou vermelhas sob a forma de manchas nas mucosas;
- Nódulos (caroços) com ou sem dor associada;
- Dificuldade para engolir;
- Rouquidão persistente;
- Limitação dos movimentos da língua;
- Perda de sensibilidade;
- Aumento dos gânglios linfáticos.
Se existir um destes sinais deve procurar um profissional de saúde, pois a deteção precoce é essencial para melhorar as possibilidades de tratamento e cura da doença.
Nesse sentido, em Portugal, foi desenvolvido um Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral (PIPCO) que visa melhorar a eficácia na prevenção primária e secundária desta patologia. Esse projeto foca-se em identificar precocemente lesões orais potencialmente malignas e orientar os pacientes para os cuidados necessários, aumentando assim as hipóteses de um diagnóstico precoce e de um tratamento eficaz.
A população-alvo deste projeto são:
- Homens fumadores;
- Pessoas com idade igual ou superior a 40 anos;
- Hábitos alcoólicos;
- Utentes com queixas de dor, lesões ou alterações da cor ou da superfície da mucosa oral ou aumentos de volume;
- Utentes sinalizados pelo médico de família com lesões suspeitas.
O processo inicia-se através do médico de família na sequência de dois possíveis cenários:
- Rastreio oportunista de utentes de elevado risco (deve ser realizado de 2 em 2 anos nos grupos de risco);
- Diagnóstico clínico de lesões malignas ou potencialmente malignas, detetadas por observação, por queixa dos utentes ou referenciadas pelo médico dentista ou estomatologista.
Na eventualidade da suspeita de lesão maligna ser detetada pelo médico dentista ou estomatologista, o paciente deve ser referenciado diretamente para o médico de família com a maior brevidade possível. Caso se confirme a existência de uma lesão suspeita, que justifique a sua análise através de procedimentos de diagnóstico diferencial, tais como, a biópsia, é emitido automaticamente um cheque diagnóstico de referenciação para um médico credenciado para este efeito.
Fundamentalmente, a prevenção do cancro oral passa, em grande medida, pela educação e sensibilização para a mudança de comportamentos. Fatores de risco como o consumo de tabaco, álcool e exposição excessiva ao sol são evitáveis. A promoção de hábitos saudáveis também pode ter um impacto substancial na redução da incidência desta patologia.
Criar campanhas que informem as pessoas sobre como seus hábitos podem ser ajustados e as consequências positivas dessa mudança é essencial para a prevenção.
Além disso, a realização de rastreios periódicos pode ser um ponto-chave para a deteção precoce, aumentando as hipóteses de sucesso no tratamento.
Para mais informações, consulte o site da DGS (Direção geral de saúde) ou da OMD (Ordem dos Médicos Dentistas).