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Cancro Ginecológico: do diagnóstico à prevenção

Atualizado: 
18/09/2024 - 15:34
O cancro ginecológico é um tipo de cancro que se desenvolve nos órgãos do sistema reprodutor feminino, e é um dos maiores desafios de saúde enfrentados pelas mulheres em todo o mundo. Este termo abrange vários tipos de cancro, que podem afetar o endométrio, os ovários, o colo do útero, a vagina e a vulva. Embora o diagnóstico precoce possa aumentar significativamente as hipóteses de sucesso no tratamento, a falta de sintomas evidentes nas fases iniciais pode dificultar a deteção atempada. Neste artigo, mostramos-lhe o que precisa saber sobre o tema.

O que é o Cancro Ginecológico?

Cancro ginecológico refere-se a qualquer tumor maligno que se desenvolva nos órgãos do sistema reprodutivo feminino, nomeadamente o útero, ovários, colo do útero, vagina e vulva. Estes cancros podem afetar qualquer mulher, independentemente da idade, embora alguns fatores de risco, como predisposição genética, hábitos de vida ou infeções virais, possam aumentar a probabilidade de desenvolver a doença.

Principais Tipos de Cancro Ginecológico

Existem cinco principais tipos de cancro ginecológico:

  • Cancro do Colo do Útero: É um dos tipos mais prevalentes de cancro ginecológico, causado principalmente pela infeção persistente do vírus do papiloma humano (HPV). A introdução do rastreio com o teste de Papanicolau e a vacinação contra o HPV têm sido medidas fundamentais para a prevenção deste cancro.
  • Cancro do Endométrio: Este tipo de cancro afeta o revestimento interno do útero (endométrio). É mais comum em mulheres pós-menopáusicas, e fatores como a obesidade e alterações hormonais aumentam o risco de desenvolvimento.
  • Cancro do Ovário: O cancro do ovário é o mais mortal dos cancros ginecológicos devido à dificuldade em diagnosticá-lo nas fases iniciais. Muitas vezes, é descoberto em estágios avançados, o que dificulta o tratamento eficaz.
  • Cancro da Vulva: Um tipo mais raro de cancro que afeta a parte externa dos órgãos genitais femininos. Geralmente, afeta mulheres mais idosas e pode ser diagnosticado por alterações na pele da vulva, como ulcerações ou manchas anormais.
  • Cancro da Vagina: Também raro, este tipo de cancro afeta o canal vaginal. Embora menos comum, pode ser identificado através de sintomas como sangramento anormal ou dor na área pélvica.

Sintomas do Cancro Ginecológico

Os sintomas variam de acordo com o tipo de cancro ginecológico, mas existem sinais comuns a que as mulheres devem estar atentas:

  • Sangramento vaginal anormal, especialmente após a menopausa ou entre menstruações.
  • Dor ou desconforto durante as relações sexuais.
  • Dor persistente na região pélvica.
  • Corrimento vaginal incomum ou com odor.
  • Alterações na pele da vulva ou vaginais, como inchaços, feridas ou manchas.
  • Aumento do volume abdominal (no caso do cancro do ovário).

A presença de um ou mais destes sintomas não significa necessariamente cancro, mas justifica uma avaliação médica, preferencialmente com um ginecologista especializado.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Em Portugal, o rastreio do cancro do colo do útero é amplamente realizado, o que contribui para a redução da mortalidade associada a esta doença. Além do teste de Papanicolau, o exame de HPV tem vindo a ser incluído no rastreio. O diagnóstico de outros tipos de cancro ginecológico pode envolver exames de imagem, como ecografias ou ressonâncias magnéticas, biópsias e exames laboratoriais.

Tratamento do Cancro Ginecológico

O tratamento para o cancro ginecológico depende de vários fatores, como o tipo de cancro, o estádio da doença, a idade da paciente e o estado de saúde geral. Os principais tratamentos incluem:

  • Cirurgia: O objetivo é remover o tumor ou o órgão afetado, como no caso de histerectomia (remoção do útero). Esta é muitas vezes a primeira linha de tratamento para a maioria dos cancros ginecológicos.
  • Radioterapia: Utiliza radiação de alta energia para destruir células cancerígenas. Pode ser aplicada antes ou após a cirurgia para reduzir o tamanho do tumor ou eliminar células remanescentes.
  • Quimioterapia: O uso de medicamentos para destruir células cancerígenas. A quimioterapia pode ser usada em combinação com cirurgia ou radioterapia, especialmente em casos de cancro do ovário ou quando o cancro se espalhou para outras partes do corpo.
  • Terapia hormonal: Utilizada, em alguns casos, para tratar cancros dependentes de hormonas, como o cancro do endométrio. Esta terapia bloqueia ou reduz os níveis de hormonas que promovem o crescimento do tumor.
  • Imunoterapia: Um tratamento mais recente, que visa estimular o sistema imunitário a atacar as células cancerígenas.

Prevenção do Cancro Ginecológico

Embora não seja possível prevenir todos os tipos de cancro ginecológico, existem várias medidas que podem reduzir o risco:

  • Vacinação contra o HPV: O cancro do colo do útero está frequentemente associado ao vírus do papiloma humano (HPV), pelo que a vacinação pode reduzir significativamente o risco de infeção.
  • Exames de rastreio regulares: Testes como o Papanicolau (ou citologia cervical) e o teste de HPV são essenciais para a deteção precoce de alterações celulares no colo do útero, permitindo a intervenção antes que estas se tornem cancerígenas.
  • Estilo de vida saudável: Manter uma alimentação equilibrada, fazer exercício físico regularmente e evitar o tabaco são formas de melhorar a saúde geral e reduzir o risco de vários tipos de cancro.
  • Contraceção oral: Alguns estudos indicam que o uso prolongado de pílulas anticoncecionais pode reduzir o risco de cancro do ovário e do endométrio. No entanto, o seu uso deve ser discutido com o médico, considerando os potenciais efeitos secundários.
  • Monitorização de fatores de risco genéticos: Mulheres com histórico familiar de cancro ginecológico devem considerar a realização de exames genéticos para identificar mutações genéticas, como as do gene BRCA, que aumentam o risco de cancro dos ovários e do útero.

O cancro ginecológico é uma realidade que pode afetar mulheres de todas as idades, mas a sua deteção precoce é a chave para um tratamento eficaz e uma maior taxa de sobrevivência. Estar atenta aos sintomas, realizar exames de rastreio regularmente e adotar um estilo de vida saudável são medidas essenciais para reduzir o risco. No caso de diagnóstico, existem várias opções de tratamento que podem ser adaptadas a cada caso, destacando a importância de um acompanhamento médico regular e personalizado.

Fontes: 

CUF. Proteja-se dos cancros ginecológicos mais comuns. https://www.cuf.pt/mais-saude/proteja-se-dos-cancros-ginecologicos-mais-comuns

Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Cancro Ginecológico. https://spginecologia.pt/wp-content/uploads/2021/07/spg-consenso-nacional-cancro-ginecologico-2020.pdf

Movimento Cancro do Ovário e outros Cancros Ginecológicos (MOG). Cancros ginecológicos. https://mogportugal.pt/cancros-ginecologicos/

Hospital da Luz. Cancro da Vagina. https://www.hospitaldaluz.pt/pt/dicionario-de-saude/cancro-vagina

 
Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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