Saúde Pública

Campanha de vacinação contra a Covid-19: o que precisa saber

Atualizado: 
29/12/2020 - 18:20
Arrancou no passado domingo, 27 de dezembro, a campanha de vacinação contra a Covid-19. Constituída por três fases, os profissionais de saúde que estão na linha da frente do combate ao novo coronavírus foram os primeiros a receber a vacina. Neste artigo, mostramos-lhe quem e quando será vacinado e esclarecemos as principais dúvidas sobre o tema.

Embora o plano de vacinação contra a Covid-19 possa sofrer alterações, “em função da evolução do conhecimento científico e das indicações e contraindicações que venham a ser aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos”, ficou estabelecido que este será constituído por três fases de vacinação, para as quais foi definido um critério de prioridades “norteados por princípios científicos (imunológicos e epidemiológicos), éticos (nomeadamente de beneficência, não-maleficência, equidade e respeito), de aceitabilidade e exequibilidade”. Para a definição dos grupos prioritário foram ainda tidos em conta:

  • os diferentes níveis de disponibilização das vacinas;
  • as diferentes fases da pandemia e a epidemiologia da doença no momento da vacinação;
  • fatores diretamente relacionados com as caraterísticas da população, tais como o risco acrescido de desenvolvimento de complicações associado à infeção por SARS-CoV-2;
  • a probabilidade de exposição à COVID-19 e a preservação dos serviços essenciais do setor da saúde e de outros relevantes para a sociedade;
  • princípios de equidade.

Segundo o Plano de Vacinação contra a Covid-19, a definição de prioridades envolve a seleção dos grupos que serão primeiramente vacinados e a quem será disponibilizada a vacina numa situação de recursos limitados. Quando as vacinas COVID-19 estiverem disponíveis em maior quantidade, a vacinação será alargada aos grupos subsequentes até que se abranjam todos os grupos prioritários e, posteriormente, a restante população.

A 27 de dezembro arrancou primeira fase deste plano de vacinação, estimando-se que esta decorra até abril. Segundo este plano de vacinação, até fevereiro de 2021 serão vacinados todos os profissionais de saúde envolvidos na prestação de cuidados a doentes; profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos, profissionais e residentes em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) e instituições similares; e os profissionais e utentes da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.

A partir de fevereiro de 2021 começam a ser vacinadas as pessoas com mais de 50 anos com pelo menos uma das seguintes patologias associadas: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal, DPOC ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.

A segunda fase de vacinação arranca no mês de abril. Nesta fase vão ser vacinadas as pessoas com mais de 65 anos que ficaram de foram do critério de prioridades estabelecido para a primeira fase e aquelas que, entre os 50 e os 64 anos, apresentem uma das seguintes patologias: diabetes, cancro, doença renal crónica, insuficiência hepática, hipertensão arterial, obesidade e “outras patologias com menor prevalência que poderão ser definidas posteriormente, em função do conhecimento científico” como fatores de risco para agravamento da doença por Covid-19. 

A terceira fase de vacinação ainda não tem data marcada no calendário, estando dependente da data de conclusão da segunda fase. De acordo com a informação avançada pelas autoridades de saúde, esta fase irá incidir sobre a restante população.

Vale a pena ainda reforçar que a vacina contra Covid-19 é universal, ou seja, destina-se a qualquer pessoa presente em Portugal, “desde que a vacina esteja clinicamente indicada para essa pessoa”, gratuita e será administrada faseadamente “no Serviço Nacional de Saúde (SNS) através de pontos de vacinação, expansíveis num momento posterior à primeira fase”.

A vacina será administrada em dois momentos, ou seja, para completar o percurso vacinal terá de tomar duas doses. A segunda dose é administrada três semanas (cerca de 21 dias) após a primeira. 

A garantia deixada é que a vacina é segura, no entanto, há que saber que, tal como qualquer outro medicamento, também a vacina contra a Covid-19 pode ter reações adversas. A maioria delas são ligeiras e de curto prazo e nem todas as pessoas as identificam.

Assim, após a sua administração pode ocorrer: dor no local de injeção, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, dor nas articulações ou febre (nunca alta). Geralmente, estes efeitos desapareceram ao fim de 24 a 48 horas.

As autoridades de saúde alertam, no entanto, para a persistência dos sintomas. Assim, “em caso de persistência dos sintomas ou se surgir outra reação que o preocupe, contacte o seu médico assistente ou a Linha SNS24 (808 24 24 24)”.

Importante saber ainda que a vacinação deverá ocorrer por agendamento e que o Serviço Nacional de Saúde estabelecerá o contacto quando chegar a sua vez de ser vacinado.

Até ao momento, há uma vacina que apresenta 95% eficácia

Apesar de existirem várias vacinas em desenvolvimento e a Comissão Europeia ter chegado a acordo seis empresas farmacêuticas para a aquisição de potenciais vacinas contra a Covid-19, uma vez comprovada a sua segurança e a eficácia, apenas uma obteve, até ao momento, aprovação de introdução no mercado - a Vacina Comirnaty (da BioNTech/Pfizer).

Segundo a informação disponibilizada no portal sobre a vacinação Covid-19, “o ensaio clínico principal que suportou a autorização de introdução desta vacina no mercado, e envolveu no total cerca de 44.000 pessoas, demonstrou que a vacina tem uma eficácia de 95%”.

Mesmo depois vacinado deve cumprir medidas de prevenção e proteção

É ponto assente: “mesmo após ser vacinada, a pessoa deve continuar a observar todas as medidas preconizadas para a sua proteção e contenção da transmissão, incluindo o uso de máscara”, reforçam as autoridades de saúde.

O motivo? Por um lado, um vacinado só se deve considerar protegido de doença sete dias depois da toma da segunda dose da vacina. Este é o período que dá garantia de uma resposta robusta por parte do seu sistema imunitário.

Por outro, desconhece-se ainda se estar vacinado impede infeção assintomática. As vacinas conferem proteção contra a doença, mas desconhece-se ainda se protegem também contra a infeção e a possibilidade de mesmo sem sintomas transmitir o vírus a outro. As máscaras e o distanciamento evitam que possamos infetar outras pessoas caso sejamos portadores do vírus sem o saber.

Para mais informações consulte a página: https://covid19.min-saude.pt/vacinacao/

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Direção Geral da Saúde
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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