Bexiga Hiperativa: mulheres são mais afetadas em idades mais precoces
“A bexiga hiperativa é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas”, começa por explicar Miguel Ramos, indicando que “o sintoma dominante é a imperiosidade miccional, que pode ou não ser acompanhado de incontinência urinária e que é habitualmente acompanhado por aumento da frequência urinária”. Em Portugal e na Europa, estima-se que cerca de 16% da população adulta tenha por vezes sintomas de bexiga hiperativa.
De acordo com o especialista, há fatores de risco associados: “A idade - a prevalência da BH aumenta com a idade”. E embora as mulheres sejam muito mais afetadas em idades mais precoces - sendo mais comum em mulheres do que em homens com menos de 60 anos -, acima dos 75 anos, o número de homens afetados aumenta exponencialmente.
Por outro lado, explica que esta síndrome “está também associada a doença cerebrovascular, pelo que a prevenção de fatores de risco vasculares é importante”.
“A Diabetes e o síndrome metabólico é um dos principais fatores de risco para bexiga hiperativa e no homem a hiperplasia da próstata quando associada a obstrução infravesical. É também mais comum em pessoas com distúrbios funcionais do intestino”, acrescenta o especialista em urologia.
O seu diagnóstico é essencialmente clínico, “sendo necessário usar alguns meios auxiliares de diagnóstico essencialmente para excluir outras patologias. Nomeadamente, exames à urina e ecografia. Nalguns casos pode estar indicado a realização de exame urodinâmico”.
Quanto ao tratamento, o Presidente da Associação Portuguesa de Urologia explica que “o tratamento de primeira linha é comportamental, também existem vários fármacos eficazes na melhoria dos sintomas. Em situações mais extremas, recorre-se a cirurgia”.
Segundo, o especialista a teoria comportamental tem várias vertentes: “informação sobre a patologia e maneira de evitar os sintomas; alterações de estilo de vida e controlo dos fatores de risco (como, por exemplo, dieta e controlo do stresse e ansiedade); treino da bexiga e reabilitação do pavimento pélvico”. “Estas medidas são basilares pois podem melhorar os sintomas de forma duradoura e só depois da instituição destas medidas deve ser considerada outra terapêutica”, sublinha.
O tratamento cirúrgico está reservado para quando as medidas conservadoras e farmacológicas não são eficazes ou não são toleradas pelos efeitos laterais.
Em matéria de prevenção, Miguel Ramos recomenda:
- Controlar peso corporal com exercício físico regular, incluindo também exercícios do pavimento pélvico;
- Reduzir consumo de bebidas gaseificadas, café e álcool;
- Deixar de fumar;
- e controlar doenças crónicas como a diabetes.
“Este distúrbio, além dos custos financeiros para o indivíduo, tem também custos para a sociedade, pois estão associados a depressão, quedas, problemas do sono e fadiga que perturbam a vida familiar e a vida profissional”, explica o médico urologista.
A falta de informação por parte dos doentes, cuidadores e dos prestadores de saúde é uma das principais causas para a desvalorização dos sintomas. Por outro lado, o sentimento de vergonha e a noção errada de que é “um problema da idade”, contribuem para o atraso no diagnóstico.
Assim, é importante que esteja atento aos sintomas e que lhe dê a devida importância. Procure o seu médico assistente, “que após avaliação inicial, poderá iniciar a terapêutica e nalguns casos referenciar a consulta de urologia”, aconselha o urologista.