Benefícios da saúde física para a saúde mental
Sou licenciada em Ciências do Desporto e, desde cedo, percebi que esta área vai muito além de praticar desporto, saber regras ou trabalhar para ter um corpo perfeito. Segundo os mais recentes artigos publicados na prestigiada plataforma digital PubMed®, “a inatividade física contribui para cerca de 5 milhões de mortes em todo o mundo” (la Rosa, Olaso-Gonzalez, et al). Quando falamos em doenças mentais, este número pode ainda ganhar maior expressão.
A prática física pode ser um importante aliado para retardar o impacto negativo que as doenças mentais provocam a nível cognitivo. São vários os estudos que concluem que manter as pessoas fisicamente ativas, mais ou menos uma hora por dia e o maior número de dias possível, tem benefícios significativos na função cognitiva. De uma forma muito simples, o exercício físico aumenta o ritmo cardíaco, faz com que circule mais sangue no nosso corpo e, tão importante, no nosso cérebro. Essa ativação sanguínea vai ter impacto na forma como as diferentes partes do cérebro se vão ativando para cumprir determinado exercício. Esse é o nosso objetivo! Fazer com o que cérebro esteja ocupado a cumprir uma missão que mexe com as diferentes partes. É como se uma campainha tocasse na nossa cabeça e nos ajudasse a manter concentrados, focados e empenhados em cumprir determinado exercício. A par de toda a função cerebral, o exercício físico convida o nosso organismo a produzir hormonas que ajudam a manter o equilíbrio entre o corpo e a mente. Muitas vezes ouvimos falar da dopamina, que provoca sensação de prazer e aumenta a motivação; a ocitocina para nos ajudar a melhorar o humor, as relações sociais e diminuir a ansiedade; a serotonina, que auxilia na hora de dormir e de relaxar; e, não menos importante, a endorfina, conhecida como a hormona da felicidade. Todas estas hormonas em funcionamento traduzem-se em benefícios imediatos e bem visíveis. Ao analisarmos as diferenças ao longo do tempo, percebemos melhorias significativas ao nível da motricidade, do equilíbrio, da propriocetividade e da coordenação. Podemos acrescentar a não menos importante componente lúdica, que promove o gasto de energia, ocupa o tempo de forma saudável e providencia as relações sociais que são diretamente afetadas na doença mental.
Muitos artigos científicos recomendam a integração da componente física nos programas de reabilitação e acompanhamento de utentes com doenças mentais. É exatamente isso que fazemos na RECOVERY IPSS: promovemos a saúde física e a saúde mental através do seu equilíbrio.