Autismo: O que é, sinais de alerta, diagnóstico e abordagem terapêutica
O que é o Autismo?
A PEA é uma perturbação crónica e como tal persiste ao longo de toda a vida da pessoa, mas as manifestações clínicas modificam com a idade. Apesar de existir desde o nascimento, o diagnóstico só é possível quando os sintomas começam a ser mais evidentes. Em alguns casos, isso pode acontecer no período pré-escolar e noutros casos só em idade escolar ou mesmo na adolescência. A altura em que o prejuízo do funcionamento se torna óbvio varia de acordo com características da própria pessoa, bem como com as características do seu meio ambiente, e o facto de poder haver uma grande variedade de sintomas pode dificultar o diagnóstico.
Sinais de Alerta e Sintomas do Autismo
Os sintomas, que mudam com o desenvolvimento e podem ser mascarados por mecanismos compensatórios, são essencialmente de dois grupos:
- dificuldades na comunicação social recíproca e na interação social;
- comportamentos, interesses ou atividades restritos e repetitivos.
Desta forma, exemplos de sinais ou sintomas que em crianças mais pequenas devem levantar suspeita são:
- ausência de contacto ocular;
- não sorrir em resposta;
- não responder ao nome;
- ausência de reações antecipatórias (como levantar os braços para ser pegado ao colo);
- ausência de atenção conjunta (não olhar para onde a outra pessoa está a olhar ou a apontar e não apontar com o dedo para algum objeto para dirigir a atenção do outro);
- não ter interesse em partilhar;
- ou perturbação na aquisição ou desenvolvimento da fala.
Em crianças mais velhas podem observar-se também:
- dificuldades no jogo simbólico (não ter brincadeiras de faz-de-conta, alinhar ou organizar brinquedos, em vez de brincar com eles);
- não ter interesse pelas outras crianças;
- evitamento da interação social, ou interação social desadequada com os pares;
- não imitar o adulto;
- uso idiossincrático e estereotipado de palavras ou frases;
- défices nos comportamentos não-verbais usados para a interação social (para além da ausência de contacto ocular, uso reduzido de gestos ou expressões faciais);
- adesão excessiva a rotinas, com dificuldades com a mudança;
- comportamentos repetitivos ou interesses altamente restritos e anormais na intensidade ou no foco (como horários de comboios, matrículas de automóveis).
Pode existir também hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais (com respostas extremas a sons ou texturas específicas ou cheirar objetos excessivamente, por exemplo) e é comum haver restrições alimentares excessivas.
Muitas crianças com PEA também apresentam défice intelectual e/ou défice da linguagem e pode haver défices motores, podendo ter uma marcha estranha (por exemplo andar em bicos de pés) e sendo mais desajeitadas e descoordenadas do que as crianças da mesma idade.
Em crianças sem défice cognitivo e sem atraso na linguagem pode ser apenas na adolescência, quando as tarefas em termos sociais são mais exigentes, que as dificuldades se tornam mais notórias. Nesta idade, a procura de ajuda pode acontecer por queixas depressivas ou ansiosas, motivadas por fracas competências socias e problemas de interação com os pares.
Diagnóstico
Na avaliação diagnóstica da PEA podem ser prescritos alguns exames complementares de diagnóstico, nomeadamente para estudo etiológico, mas o diagnóstico é clínico, baseado em múltiplas fontes de informação: observação clínica, cuidadores e quando possível autorrelato. A PEA é mais comum nos rapazes. Nas raparigas os sintomas são muitas vezes menos óbvios, os interesses específicos mais típicos para a idade e, porque são capazes de imitar o que vêm, podem ter melhor contacto ocular e melhor interação social do que os rapazes com PEA. Estes motivos levam a que possa haver subdiagnóstico de PEA nas raparigas.
Abordagem terapêutica
A abordagem terapêutica deve ser individualizada, em função da situação clínica e do contexto individual e pode incluir: terapia da fala, terapia ocupacional (integração sensorial, treino de autonomia), ou psicologia clínica (terapia comportamental, treino de competências sociais), tendo como objetivo ajudar as pessoas com PEA a usarem da melhor forma as suas competências e a conviverem melhor com as suas especificidades. Não existe medicação para manifestações clínicas da PEA, pelo que a terapêutica farmacológica deve ser dirigida a comorbilidades ou sintomas disruptivos, como problemas graves de comportamento ou alterações de sono.