Risco cardiovascular

Aterosclerose: a doença silenciosa que pode ter início ainda na infância

Atualizado: 
10/07/2019 - 10:30
A aterosclerose é uma doença vascular crónica e progressiva que se manifesta, habitualmente, em idades mais avançadas. No entanto, é na infância que ela se começa a instalar. História familiar de aterosclerose, diabetes e obesidade estão entre os principais fatores que colocam uma criança em risco.

A aterosclerose é uma doença inflamatória crónica, multifatorial, de evolução lenta e progressiva, que está na origem das doenças arteriais mais frequentes, como a hipertensão, doença coronária ou doença arterial dos membros inferiores.

De acordo com Mónica Rebelo, Coordenadora da Unidade de Cardiologia Pediátrica no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, esta é uma doença das grandes artérias que se caracteriza “pela presença de lesões com aspeto de placas (ateromas) que vão estreitando o lúmen dos vasos” e que conduzem a uma redução ou bloqueio do fluxo sanguíneo. Estas lesões “resultam de agressões várias na parede dos vasos” dando origem a um processo inflamatório que torna as veias mais espessas e menos elásticas.

É, habitualmente, uma doença silenciosa, ou seja, que não qualquer sintoma até que “a quantidade de sangue que chega aos tecidos/órgãos se torna reduzida”.

Entre os principais fatores de risco estão os níveis elevados de colesterol no sangue, hipertensão arterial, diabetes, obesidade, sedentarismo, tabagismo e história familiar de doença coronária numa idade precoce.

Embora a doença ocorra em idades mais avançadas, há evidências de que os fatores de risco presentes na infância – como a obesidade e o sedentarismo – são indicativos de futuro risco cardiovascular, pelo que a prevenção deve iniciar-se desde cedo.

A verdade é que, nas últimas décadas ocorreram mudanças consideráveis nos hábitos alimentares e comportamentais, em todo o mundo, com ingestão alimentar inadequada e pouca ou nenhuma atividade física. As crianças veem mais televisão, usam muito o computador, brincam menos e ingerem mais alimentos calóricos, potenciando uma maior prevalência de hipertensão, obesidade e diabetes.

“A doença é mais prevalente em doentes com excesso de peso ou obesidade e diabetes”, reforça a especialista acrescentando que também história familiar não deve ser descurada. “Os filhos de doentes com aterosclerose têm maior risco de eventos cardiovasculares, devendo ser vigiados desde cedo em consultas de risco cardiovascular”, revela apontando para o facto de que a atenção para a aterosclerose em idades pediátricas é cada vez maior. “Os pediatras e médicos de família estão mais alerta e, cada vez mais, há referência dos doentes de risco para consultas específicas, de risco cardiovascular”, afirma.

Segundo a especialista, a medição da tensão arterial deve ser realizada de forma regular a partir dos três anos, nas consultas anuais de rotina.

“O colesterol só deve ser avaliado, na infância, em doentes de risco, ou seja, com história familiar de dislipidémia ou com outros fatores de risco como a obesidade, hipertensão arterial, diabetes, doença renal crónica, cardiopatia…”, acrescenta.

Não existindo cura para a aterosclerose, o tratamento apenas reduz a velocidade da progressão da doença e “passa sobretudo pela redução dos fatores de risco”.

Prevenção é a melhor arma contra a doença

A prevenção deve iniciar-se na infância com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis, com a ingestão de alimentos saudáveis e com prática de exercício físico.

Sabe-se que uma criança que adquire um estilo de vida saudável desde cedo tende a mantê-lo em idade adulta, por isso o envolvimento familiar é de extrema importância. Tome nota das principais recomendações:

  • Adote uma dieta com baixo teor de gorduras e colesterol
  • Reduza a ingestão de sal
  • Previna e controle a obesidade
  • Incentive a prática de exercício físico
  • Desencoraje o uso do tabaco
  • Controle a tensão arterial nas consultas de rotina, a partir dos três anos de idade
  • Eduque e oriente a criança para a prevenção dos fatores de risco
Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock