Aterosclerose
A aterosclerose pode causar danos a órgãos importantes ou até mesmo levar à morte. Tem início nos primeiros anos de vida, mas a sua manifestação clínica ocorre, geralmente, no adulto.
Causas da aterosclerose
A aterosclerose é causada pela acumulação de lípidos (gorduras) nas artérias, que podem ser fabricados pelo próprio organismo ou adquiridos através dos alimentos.
As artérias afectadas pela aterosclerose perdem elasticidade e, à medida que essas placas de gordura crescem, as artérias ficam mais estreitas.
Eventualmente essas placas podem romper, havendo o contacto das substâncias do interior da placa com o sangue, o que produz a imediata coagulação do sangue e, como consequência, a obstrução total e súbita do vaso, o que leva ao enfarte do miocárdio.
Sintomas da aterosclerose
Geralmente, a aterosclerose não produz qualquer tipo de sintoma até que um estreitamento acentuado ou obstrução de uma ou mais artérias ocorra. À medida que as placas de gordura estreitam a artéria, o órgão afectado pode deixar de receber sangue suficiente para oxigenar os seus tecidos.
O sintoma depende do órgão afectado pela obstrução da artéria. Assim, se as artérias acometidas são as que levam sangue para o cérebro, a pessoa poderá sofrer um acidente vascular cerebral, se são as que levam sangue para as pernas, ela sentirá dor ao caminhar, podendo chegar até à gangrena. No caso de obstrução nas artérias coronárias (vasos que levam sangue ao coração), o sintoma será dor no peito, o que caracteriza a "angina" ou o "enfarte" do coração.
Esses sintomas desenvolvem-se gradualmente, à medida que a artéria é obstruída.
Factores de risco da aterosclerose
São vários os factores de risco que, de acordo com dados estatísticos, tendem a favorecer o desenvolvimento das placas de gordura:
Idade
Na maioria dos casos, as placas já estão bem constituídas e podem provocar repercussões nas pessoas com mais de 50 anos de idade.
Sexo
A aterosclerose é três vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres.
Predisposição genética
A incidência de aterosclerose é muito mais elevada em algumas famílias do que na população em geral.
Tabagismo
O fumo do tabaco contém várias substâncias, como a nicotina e o monóxido de carbono, que têm um efeito nocivo sobre a parede arterial. O risco de aterosclerose é directamente proporcional à quantidade de cigarros fumados por dia.
Hipertensão arterial
A aterosclerose é duas vezes mais frequente nas pessoas hipertensas do que na população em geral, devido ao facto de o sangue formar turbulências que provocam lesões microscópicas na parede arterial, ao circular com mais força do que o normal.
Hipercolesterolemia
O aumento dos níveis de colesterol no sangue favorece a sua deposição, na túnica íntima das artérias, favorecendo o desenvolvimento de placas de gordura.
Diabetes
Nas pessoas diabéticas, que não cumpram o tratamento adequado, o risco de sofrer de aterosclerose é dez vezes superior ao do resto da população.
Obesidade, sedentarismo e stress
Estes três factores favorecem o desenvolvimento de aterosclerose, sobretudo quando se apresentam em conjunto, o que é frequente.
Utilização de contraceptivos orais
O consumo prolongado de pílulas contraceptivas que contêm estrogénios, uma hormona feminina, favorece o depósito de gorduras na túnica íntima das artérias.
Tratamento da aterosclerose
A aterosclerose não tem um tratamento curativo, porque as placas gordura depois de formadas já não podem ser dissolvidas. Assim sendo, o mais importante é a sua prevenção, a qual consiste em controlar ou eliminar os factores de risco. Em alguns casos, é possível utilizar, com o objectivo de limitar as suas repercussões, vários tipos de medicamentos (exemplo disso são os vasodilatadores), que ocasionalmente e em casos concretos permitem manter o lúmen arterial patente. Uma outra alternativa é a realização de determinadas intervenções cirúrgicas com vista a reparar as artérias lesionadas e a restabelecer o normal fluxo sanguíneo. Por exemplo, às vezes, é possível proceder à reparação de um sector da parede arterial que apresenta grandes placas de gordura através da introdução de um cateter na artéria afectada e da utilização de vários tipos de técnicas: pode-se remover directamente uma placa de gordura do interior da artéria, ou mediante a "compressão" da placa de gordura contra a parede arterial através de um balão que se insufla a partir do exterior, após ser colocado no ponto preciso (angioplastia por balão). Pode-se colocar uma prótese metálica no interior da artéria obstruída, impedindo a sua reobstrução. Existe ainda a possibilidade de fazer uma ponte ou bypass entre um ponto anterior e outro posterior ao vaso obstruído, utilizando para tal um segmento de um vaso do próprio paciente. Este tipo de actuação reserva-se, naturalmente, para os casos de maior risco.
Prevenção da aterosclerose
A aterosclerose é uma das principais causas de muitas das doenças mais graves e potencialmente perigosas dos países industrializados, o que justifica a importância da sua prevenção. Para além disso, muitas das recomendações consideradas fundamentais para se levar uma vida saudável estão destinadas a prevenir esta doença.
É possível eliminar todos os factores de risco, à excepção da idade, do sexo e da predisposição genética. Em seguida, são enumeradas as principais medidas preventivas contra a aterosclerose:
- Deixar de fumar. As pessoas que não fumam têm um risco muito menor de sofrer as consequências da aterosclerose do que as fumadoras. As estatísticas demonstram, igualmente, que após deixarem de fumar, o referido risco vai diminuindo progressivamente ao longo dos anos até praticamente igualar-se ao dos não fumadores.
- Controlo da hipertensão arterial, da diabetes e das dislipidemias. Caso estes factores de risco não sejam controlados, contribuem bastante para o desenvolvimento das placas de gordura. De qualquer forma, os seus efeitos nocivos sobre a parede arterial podem ser totalmente, ou quase na sua totalidade, eliminados através do tratamento médico adequado, facto comprovado estatisticamente.
- Dieta alimentar. Para prevenir a aterosclerose e as suas complicações, recomenda-se a realização de uma dieta, de modo a manter o peso adequado, especialmente em caso de obesidade e para controlar os níveis de colesterol e de outros lípidos no sangue. Para concretizar este objectivo, é importante aumentar o consumo de cereais, frutas, verduras e peixe e reduzir a ingestão de alimentos ricos em gorduras de origem animal (excepto o peixe): queijos gordos, gema de ovo, manteiga, carnes, vísceras e mariscos. Normalmente considera-se que o consumo de colesterol deve ser inferior a 300 mg por dia.
- Realizar exercício físico. A regular e moderada prática de exercício físico é muito benéfica, tendo em conta que, para além de melhorar o rendimento do aparelho cardiovascular, tem efeitos positivos sobre o metabolismo das gorduras e contribui para a prevenção da aterosclerose.