Asma: a importância de adesão à terapêutica para controlo da doença
Para existir um controlo da asma é crucial que os doentes adiram à terapêutica e assumam esse compromisso diariamente, a fim de prevenir sintomas e evitar as exacerbações. Contudo, este compromisso ainda é frequentemente, consciente ou inconscientemente, ignorado pelos doentes.
Atualmente, existem 334 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 700 mil no nosso país que sofrem de asma. Apesar de impactar um grande número de doentes, continua a existir um subdiagnóstico e subcontrolo da asma devido à desvalorização dos sintomas e ao desafio de adesão à terapêutica.
Mesmo em doentes já diagnosticados, estes têm uma perceção errada do seu estado clínico e não estão consciencializados das consequências nefastas que a ausência de tratamento acarreta na sua saúde. Para mudar este cenário é fundamental educar os doentes sobre asma e os objetivos terapêuticos no momento da consulta médica.
Em contexto de consulta, é importante empoderar o doente para que este tenha capacidade de gerir a sua doença. Numa era em que o empoderamento e autocuidado são chave para melhorar a qualidade de vida do doente, enquanto profissionais de saúde, está nas nossas mãos informar sobre a doença e fornecer todas as ferramentas necessárias para reconhecer os sinais precoces de agravamento da asma e saber como agir perante os mesmos.
Por ser uma doença crónica, a adesão à terapêutica é uma questão multidimensional, que requer um tratamento contínuo e um acompanhamento médico regular com vários momentos de avaliação e partilha. O tratamento da asma é feito preferencialmente através de medicação por via inalada, que é um aspeto fulcral na adequação da terapêutica ao doente. Importa esclarecer bem este pilar do tratamento e educar o doente para uma correta utilização do seu inalador, transmitindo-lhe confiança na terapêutica e segurança na sua eficácia de atuação.
Uma das grandes ambições nesta área passa pelo controlo da asma e eliminação de crises agudas. As crises ou exacerbações da asma apresentam-se como um episódio agudo ou subagudo de agravamento dos sintomas, que conforme a gravidade, pode constituir um fator de risco de mortalidade para o doente.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstraram que, em 2019, a asma causou a morte de 455 mil pessoas em todo o mundo. Sendo a asma, uma doença com tratamento seguro e eficaz, não pode continuar a ser uma causa de mortalidade para os doentes. Por isso, devemos apostar na prevenção dos sintomas, no diagnóstico e no tratamento precoces. Paralelamente a isto, devemos desmistificar as crenças no que diz respeito à medicação inalada e explicar as diferenças do tratamento de manutenção e de medicação de alívio.
O clínico tem uma responsabilidade acrescida e um papel fundamental na criação de mecanismos de alerta para detetar e ajudar os doentes com asma, cuja perceção de doença controlada não corresponde à realidade, de forma a evitar os riscos associados ao descontrolo da doença e às crises.